COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.
JÓIA DISSIMULADA.
Nobres:
A proposta da reforma política
anunciada a “quatro ventos” pelo Congresso Nacional inicia-se em função da
desconfiança da sociedade, proba a ser enganada em função da prática do
parlamento em emperrar o proposto por causa dos interesses escusos e
evidentemente corporativista que se tornou padrão entre os poderes da República.
Entre essa razão vem se tornando contraditório, de princípio a Câmara dos
Deputados em aumentar os recursos para os fundos partidários, numa desfaçatez
incomum, dando “as costas” a sociedade para as manifestações de ruas, onde o
político se faz desentendido. Diante de dezenas das razões “em apreço”. Por
dever de ofício a Procuradoria-Geral da República decidiu investigar a origem
de R$ 62,6 milhões destinados a campanhas e registrados na Justiça Eleitoral. A
suspeita é de que parte da verba usada para bancar candidatos do PMDB, do PT, e de mais de uma dezena de políticos constituía-se na verdade de
propina. Políticos envolvidos argumentam com uma suposta “criminalização” das
doações, que teriam sido avalizadas pela Justiça Eleitoral. Ainda assim, como
alegou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada,
essa é “a maior balela” que existe no país. O que levaria, de fato, uma empresa
privada a bancar campanhas de candidatos de diferentes partidos políticos se
não o interesse direto em auferir vantagens mais à frente? Por mais que
políticos às voltas com dinheiro suspeito tenham o direito de se defender, é
difícil para a população aceitar que não saibam disso. Ou, como alegou o mesmo
ex-diretor da estatal, que se trata de um empréstimo disfarçado. De fato, o que
tem ficado cada vez mais evidente, à medida que as investigações da Lava-Jato
avançam, é uma atuação sistemática de empresas do setor privado para auferir
ganhos na esfera pública. Algumas delas chegam a atuar sob a forma de
verdadeiros consórcios. O objetivo, claro, é garantir contratos favoráveis, por
meio de licitações direcionadas, num esquema em que servidores, políticos e
empresários se beneficiam, prejudicando todos os brasileiros. Eis aí mais um
motivo pelo qual o financiamento de campanhas precisa ser repensado e melhor
regulamentado. O país não pode mais continuar convivendo com essa farsa impune.
Antônio Scarcela Jorge.
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