sexta-feira, 27 de março de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 27 DE MARÇO DE 2015

COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.

JÓIA DISSIMULADA.

Nobres:
A proposta da reforma política anunciada a “quatro ventos” pelo Congresso Nacional inicia-se em função da desconfiança da sociedade, proba a ser enganada em função da prática do parlamento em emperrar o proposto por causa dos interesses escusos e evidentemente corporativista que se tornou padrão entre os poderes da República. Entre essa razão vem se tornando contraditório, de princípio a Câmara dos Deputados em aumentar os recursos para os fundos partidários, numa desfaçatez incomum, dando “as costas” a sociedade para as manifestações de ruas, onde o político se faz desentendido. Diante de dezenas das razões “em apreço”.   Por dever de ofício a Procuradoria-Geral da República decidiu investigar a origem de R$ 62,6 milhões destinados a campanhas e registrados na Justiça Eleitoral. A suspeita é de que parte da verba usada para bancar candidatos do PMDB, do PT, e de mais de uma dezena de políticos constituía-se na verdade de propina. Políticos envolvidos argumentam com uma suposta “criminalização” das doações, que teriam sido avalizadas pela Justiça Eleitoral. Ainda assim, como alegou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada, essa é “a maior balela” que existe no país. O que levaria, de fato, uma empresa privada a bancar campanhas de candidatos de diferentes partidos políticos se não o interesse direto em auferir vantagens mais à frente? Por mais que políticos às voltas com dinheiro suspeito tenham o direito de se defender, é difícil para a população aceitar que não saibam disso. Ou, como alegou o mesmo ex-diretor da estatal, que se trata de um empréstimo disfarçado. De fato, o que tem ficado cada vez mais evidente, à medida que as investigações da Lava-Jato avançam, é uma atuação sistemática de empresas do setor privado para auferir ganhos na esfera pública. Algumas delas chegam a atuar sob a forma de verdadeiros consórcios. O objetivo, claro, é garantir contratos favoráveis, por meio de licitações direcionadas, num esquema em que servidores, políticos e empresários se beneficiam, prejudicando todos os brasileiros. Eis aí mais um motivo pelo qual o financiamento de campanhas precisa ser repensado e melhor regulamentado. O país não pode mais continuar convivendo com essa farsa impune.
Antônio Scarcela Jorge.

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