O novo ministro da Educação,
Renato Janine Ribeiro, já fez várias críticas à presidente Dilma Rousseff. Em
entrevista ao jornal O Globo no último dia (07/03), Ribeiro afirmou que a maior
parte do ministério “é fraca”. Apesar de ter declarado voto na petista, ele
disse ter se sentido “enganado” em relação ao modo de Dilma governar.
— Considero que na situação que
estava foi o melhor voto. Mas isso não quer dizer que eu esteja satisfeito. Sinto-me
enganado no sentido em que houve um compromisso implícito de que ela mudaria o
estilo de governo, ia parar de governar pela braveza e ia começar a dialogar
mais e a delegar mais. Esse para mim era um compromisso que ela cumpriu de
maneira muito limitada na medida em que nomeou um ministro que ela praticamente
não pode mandar embora, que é o Joaquim Levy. Com ele, eu suponho que ela não
grite. A maior parte do ministério é fraca, com honrosas exceções. Ela tem uma
imagem de quem dialoga e delega pouco e isso não é uma boa imagem para um
presidente na democracia, declarou ao o jornal.
Em artigos publicados no jornal
“Valor Econômico”, o novo ministro também criticou Dilma. Entre outras coisas,
disse que lhe faltava dialogar e delegar poderes e que tem uma “má
comunicação”. Em artigo publicado em dezembro, numa crítica a Dilma e aos
outros dois principais candidatos a presidente na última eleição, Aécio Neves
(PSDB) e Marina Silva (PSB), o novo ministro disse que “não vamos bem de
líderes”. Em 26 de janeiro, ele inclusive comparou Dilma a Aécio, dizendo que
são mais semelhantes do que aparentam ser. “Temos um paradoxo: candidato, Aécio
Neves prometeu continuar a política social do PT; reeleita, Dilma Rousseff
adotou medidas econômicas dos tucanos. Portanto, a realidade não os afasta
tanto, mas, na aparência, eles parecem estar quase em guerra”, escreveu.
Ele faz um paralelo entre o jeito
de governar do primeiro mandato, “da pessoa centralizadora, desconfiada,
preocupada em articular as diversas ações ministeriais, empenhada em gerar
sinergias, mas que não conseguiu tanto êxito quanto pretendia” e o desafio da
segunda gestão, ressaltando que Dilma precisa delegar mais, para desbloquear
“algumas travas políticas, econômicas e sociais a que chegamos”. Também sobre o
estilo de governar da presidente, Ribeiro escreveu que “lhe faltava delegar e
dialogar” e afirma que dar autonomia ao ministro Joaquim Levy na condução da
economia, embora seja uma decisão acertada, “não deve ter sido fácil para uma
governante certa de si como Dilma”.
Em outro texto, do início deste
ano, o agora ministro refuta a possibilidade de impeachment da presidente,
destacando que “Dilma pode estar desprestigiada, mas continua representando uma
fração importante da sociedade brasileira”. “Em que pesem seus erros, sua má
comunicação, possivelmente um estresse pessoal, (Dilma) continua representando
forças políticas significativas”, diz Ribeiro em outro trecho. Finaliza o texto
dizendo que é melhor “o governo trabalhar e dialogar com a sociedade, como
prometeu, mas não está cumprindo”.
Em 2 de fevereiro, quando
analisou a proposta de reforma política do vice-presidente Michel Temer, ele
disse classificou a aliança entre o PT e PMDB como um frágil casamento de
conveniência. “O vice-presidente Michel Temer defende uma reforma política que
nada tem a ver com a proposta pelo partido da presidente Dilma Rousseff. O
contraste dos dois projetos comprova a fragilidade do casamento de conveniência
entre PT e PMDB”, disse.
No artigo publicado em 29 de dezembro, ele critica o
silêncio de Dilma, que não dava explicações sobre a montagem do novo
ministério. “Poderia e deveria ter se explicado aos eleitores. Vejo muitos
simpatizantes de Dilma se sentindo obrigados a encontrar, eles próprios, as
razões (dela) para nomear um ministério que não os entusiasma. Chega a ser
tocante o esforço de alguns para explicar as nomeações a busca de uma base sólida
no Congresso, o apelo a políticos testados nos Executivos estaduais. Tocante,
porque esse deveria ser o trabalho da eleita e de seus colaboradores próximos.
Ela mesma deveria esclarecer de público por que escolheu uma equipe econômica
como esta, e por que, na metade do ministério até agora anunciada, o realismo
prevalece sobre o idealismo. Não é impossível explicar isso, mas é preciso
fazê-lo. Esse trabalho, um líder não terceiriza”, disse ele.
Fonte: Agência O Globo.
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