COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.
OUVIDO
DE MERCADOR!
Nobres:
Segmento do povo brasileiro veio
de volta às ruas, pela primeira vez depois do fenômeno de massas deflagrado em
junho de 2013, os brasileiros deram uma clara demonstração de maturidade
democrática nos atos que, iniciados ainda na quinta-feira, favoráveis ao
Planalto, culminaram ontem com manifestações expressivas de crítica e rejeição
ao governo Dilma Rousseff. Se há menos de dois anos as reivindicações não
chegaram a ser claramente entendidas, nem contempladas, agora não há mais como
ignorá-las. Os cidadãos vestidos predominantemente de verde e amarelo que
tomaram ruas e praças das principais cidades do país, ontem, disseram com
clareza que não suportam mais a corrupção, que estão insatisfeitos com o
governo e que esperam soluções para a instabilidade política e econômica. E é a
presidente Dilma Rousseff que está sendo cobrada. Cabe a ela dar as respostas. O
Brasil protestou pacificamente, mas disse inequivocamente o que quer.
Felizmente, os excessos e ameaças verificados nas redes sociais não se
materializaram. O ponto fora da curva foram alguns equívocos tanto na pauta dos
defensores do governo quanto na de seus opositores. É o caso do lobby em defesa
de corporativismos e da partidarização da máquina, visível nos atos de
apoiadores da presidente Dilma. É o caso, igualmente, de uma bandeira legítima
e democrática, mas precipitada, que é o pedido de impeachment, diante da
inexistência de um fato concreto, neste momento, para respaldá-la. Entretanto
preliminarmente o governo entendeu de outra forma. Parece que quer medir forças
com o povo e a corrupção, foi a principal causa das manifestações, onde o
governo desliza ao “maquiar” pesquisas de fontes suspeitíssimas, onde se contempla
a serviço do governo. No seu conjunto, as manifestações mostraram por todo o
país uma predominância do bom senso e da civilidade, o que contribui para o
fortalecimento da democracia. Mas o Planalto e os demais setores públicos
demandados devem respostas imediatas às reivindicações levantadas pelos
brasileiros, especialmente às exigências de combate à corrupção e de correção
de rumos na política e na economia, o que reiteramos no momento não há gestão
no sentido de aplicar novas metas de combate a corrupção. Ao contrário, tenta
fortalecê-la, exemplificada no tesoureiro do PT, onde o governo tenta até
blindá-lo das acusações explícitas na forma em que coordenou as finanças do PT
para agenciadores corruptos. Embora o apelo mais forte foi dirigido
particularmente à presidente da República, de quem os brasileiros esperam mais
dinamismo na condução do país e posições inequívocas no combate à corrupção,
que não poupou nem mesmo uma empresa de tamanho simbolismo como a Petrobras. Os
cidadãos pacientemente querem ver também
o cumprimento na prática de suas promessas de campanha, que tomaram rumo
inverso com a disparada da inflação, o retrocesso na produção e o aumento do
desemprego tudo isso potencializado pela instabilidade política. Depois dessa
nova onda de manifestações, é imperioso que o governo se mostre mais humilde
mais disposto ao diálogo, à transparência e à comunicação franca. E que a
presidente da República assuma a sua responsabilidade e reveja respostas
práticas, coerentes e eficazes às demandas nacionais, sem arrogância e
prepotência, que resulte naturalmente o caos próprio.
Antônio Scarcela Jorge.
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