quarta-feira, 11 de março de 2015

CPI DA PETROBRAS

 APÓS MAIS DE 7 HORAS DE DEPOIMENTO, CPI ENCERRA AUDIÊNCIA COM BARUSCO.

Primeiro a ser ouvido em comissão, ex-Petrobras negou extorsão a empresas.

Ele também voltou a dizer que acumulou R$ 97 milhões em propina.

O ex-gerente de Serviços da Petrobras depôs nesta terça-feira (10) por cerca de 7h30 na CPI da Petrobras na Câmara. Ele foi o primeiro convocado a ser ouvido na comissão. Durante a sessão, Pedro Barusco reafirmou o que já havia dito em sua delação premiada, que acumulou, desde 1997, US$ 97 milhões em propina, e afirmou que devolverá a quantia aos cofres públicos.

No depoimento, Barusco também negou ter visto que empreiteiras fossem alvo de extorsão no esquema de corrupção e pagamento de propinas dentro da estatal. As defesas de algumas empreiteiras, como a Engevix, alegaram que havia uma “extorsão engendrada pelos funcionários da Petrobras” contra as empresas que realizavam contratos com a petrolífera.

A audiência com Barusco na CPI interessava tanto a petistas quanto a tucanos. Em seu acordo de delação premiada, ele acusou o PT de receber entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina oriunda de contratos da estatal. Ele afirmou que os valores se referem a propina em 90 contratos da Petrobras com grandes empresas fechados entre 2003 e 2013, durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Durante o depoimento, o ex-gerente confirmou a informação. “Eu estimava que, por eu ter recebido a quantia divulgada, de 50 milhões de dólares, o PT deve ter recebido o dobro ou um pouco mais”, declarou.

Barusco também informou, em 2010, repassou um valor oriundo de propina paga pela empresa SBM ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para a campanha presidencial petista. “Foi solicitado a SBM um patrocínio de campanha, só que não foi dado por eles diretamente. Eu recebi o dinheiro e repassei num acerto de contas em outro recebimento”, afirmou, acrescentando que enviou o dinheiro “ao PT, ao João Vaccari".

'Caminho sem volta'.

Barusco também afirmou que o recebimento de propina na Petrobras se tornou um “caminho sem volta”. O ex-gerente, no entanto, disse não ver problemas na governança da Petrobras, mas nas “pessoas”.

“É um caminho que não tem volta. Você começa a receber no exterior um recurso ilegal, é uma espada na sua cabeça, não tem saída, não tem saída”, afirmou aos deputados. “Se no começo eu tive a fraqueza de começar, teve uma fase que fiquei um pouco feliz, mas depois veio um temor e quase um apavoramento de ter todo esse dinheiro”, afirmou.

"Apesar de ter acontecido o que aconteceu, acho a governança da Petrobras boa. O problema não está neste fato, está nas pessoas”, concluiu Barusco.

Propina individual desde 1997.

O ex-gerente confirmou ainda o que já havia dito em sua delação premiada, de que passou a receber propina a partir de 1997 e 1998, como uma iniciativa pessoal. Mas que participou do esquema de uma institucionalizada de 2003 em diante.

O relator Luiz Sérgio (PT-RJ) insistiu, em várias perguntas, em saber se havia um esquema de pagamento de propina nos anos 90, período do governo Fernando Henrique Cardoso. Barusco afirmou que não tinha conhecimento.

Apesar da insistência dos parlamentares, Barusco não quis dar mais detalhes sobre a propina que diz ter recebido de forma isolada nos anos 1990. Ele afirmou iria se "ater ao depoimento" prestado ao MPF, já que há investigação em curso.
Fonte: G1. DF.


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