Primeiro a ser ouvido em comissão, ex-Petrobras negou extorsão a
empresas.
Ele também voltou a dizer que acumulou R$ 97 milhões em propina.
O ex-gerente de Serviços da
Petrobras depôs nesta terça-feira (10) por cerca de 7h30 na CPI da Petrobras na
Câmara. Ele foi o primeiro convocado a ser ouvido na comissão. Durante a
sessão, Pedro Barusco reafirmou o que já havia dito em sua delação premiada,
que acumulou, desde 1997, US$ 97 milhões em propina, e afirmou que devolverá a
quantia aos cofres públicos.
No depoimento, Barusco também negou ter
visto que empreiteiras fossem alvo de extorsão no esquema de corrupção e pagamento de propinas dentro da estatal. As
defesas de algumas empreiteiras, como a Engevix, alegaram que havia uma “extorsão
engendrada pelos funcionários da Petrobras” contra
as empresas que realizavam contratos com a petrolífera.
A audiência com Barusco na CPI
interessava tanto a petistas quanto a tucanos. Em seu acordo de delação
premiada, ele acusou o PT de receber entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em
propina oriunda de contratos da estatal. Ele afirmou que os valores se referem
a propina em 90 contratos da Petrobras com grandes empresas fechados entre 2003
e 2013, durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Durante o depoimento, o ex-gerente confirmou a informação. “Eu estimava que,
por eu ter recebido a quantia divulgada, de 50 milhões de dólares, o PT deve
ter recebido o dobro ou um pouco mais”, declarou.
Barusco também informou, em 2010,
repassou um valor oriundo de propina paga pela empresa SBM ao tesoureiro do PT,
João Vaccari Neto, para a campanha presidencial petista. “Foi solicitado a SBM
um patrocínio de campanha, só que não foi dado por eles diretamente. Eu recebi
o dinheiro e repassei num acerto de contas em outro recebimento”, afirmou,
acrescentando que enviou o dinheiro “ao PT, ao João Vaccari".
'Caminho sem volta'.
Barusco também afirmou que o
recebimento de propina na Petrobras se tornou um “caminho sem volta”. O
ex-gerente, no entanto, disse não ver problemas na governança da Petrobras, mas
nas “pessoas”.
“É um caminho que não tem volta.
Você começa a receber no exterior um recurso ilegal, é uma espada na sua
cabeça, não tem saída, não tem saída”, afirmou aos deputados. “Se no começo eu
tive a fraqueza de começar, teve uma fase que fiquei um pouco feliz, mas depois
veio um temor e quase um apavoramento de ter todo esse dinheiro”, afirmou.
"Apesar de ter acontecido o
que aconteceu, acho a governança da Petrobras boa. O problema não está neste
fato, está nas pessoas”, concluiu Barusco.
Propina individual desde 1997.
O ex-gerente confirmou ainda o
que já havia dito em sua delação premiada, de que passou a receber propina a
partir de 1997 e 1998, como uma iniciativa pessoal. Mas que participou do
esquema de uma institucionalizada de 2003 em diante.
O relator Luiz Sérgio (PT-RJ)
insistiu, em várias perguntas, em saber se havia um esquema de pagamento de
propina nos anos 90, período do governo Fernando Henrique Cardoso. Barusco
afirmou que não tinha conhecimento.
Apesar da insistência dos
parlamentares, Barusco não quis dar mais detalhes sobre a propina que diz ter
recebido de forma isolada nos anos 1990. Ele afirmou iria se "ater ao
depoimento" prestado ao MPF, já que há investigação em curso.
Fonte:
G1. DF.
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