Pontífice
afirmou que tem sensação de que ficará no cargo por 4 ou 5 anos.
Ele descartou a imposição de um limite de tempo para o papado.
O Papa Francisco confessou que tem a sensação de que seu pontificado será breve, de
quatro ou cinco anos, e que não se sente sozinho e sem apoio para governar a
Igreja.
Em uma longa entrevista exclusiva
com a correspondente da televisão mexicana Televisa, - Valentina Alazraki, por
ocasião de seu segundo ano de pontificado, o santo padre falou sobre sua
eleição, dos escândalos, de seus limites como pessoa, de sua visão do papado,
do México, da imigração e até brincou sobre o "ego" enorme dos
argentinos.
"Tenho a sensação que meu
pontificado será breve. Quatro ou cinco anos. Não sei, ou dois, ou três. Pelo
menos dois já passaram. É como uma sensação vaga. É como a psicologia de quem
joga e acredita que vai perder para não se desiludir. Tenho a sensação de que o
Senhor me colocou aqui para uma missão breve", confessou.
Francisco, de 78 anos, descarta
um limite de idade ao pontificado já que considera que "o papado tem algo
de última instância", e que não deve ter um término fixado.
Questionado sobre se gosta de ser
Papa, Francisco respondeu com resignação: "Não me desagrada".
Francisco também surpreendeu com
uma brincadeira sobre o ego dos argentinos e confessou que não gosta muito de
viajar, que é muito apegado a seus hábitos e voltou a criticar a Cúria Romana,
a poderosa máquina central da Igreja, alvo há anos de intrigas e escândalos
financeiros.
"Esta é a última corte que
resta na Europa. As demais cortes se democratizaram, incluindo as mais
clássicas', assegurou ao reiterar que se propõe a 'mudá-la".
O Papa afirmou que "não se
sente sozinho" e aproveitou para acabar com a polêmica com o governo do
México provocadas por um e-mail privado a um amigo onde pedia que evitasse a “mexicanização”
da Argentina à respeito da violência do narcotráfico.
"Evidentemente que é uma
expressão. Não tem nada a ver com a dignidade do México. Como quando falamos da
balcanização, nem sérvios, nem macedônios, nem croatas se sentem
ofendidos", explicou.
Segundo ele, o narcotráfico que
mantém o México em uma espiral de violência é responsabilidade de todos e
culpar apenas o governo "é a resposta mais simplista".
Ao fazer uma reflexão sobre as
sangrentas repercussões do tráfico de drogas no México o Papa se perguntou:
"Quem tem a culpa?", uma pergunta que, sugeriu, a maioria das pessoas
responde apontando o governo.
"Sempre os governos têm a
culpa de tudo, mas essa é a resposta mais superficial, todos têm de alguma
maneira a culpa sei que é difícil denunciar um narcotraficante, mas todos
devemos disponibilizar o ombro" para carregar a responsabilidade
compartilhada, disse o Papa, que na quinta-feira completou dois anos de
pontificado.
Em referência ao caso dos 43
estudantes desaparecidos e provavelmente massacrados depois de terem sido
baleados por policiais corruptos e criminosos no dia 26 de setembro em Iguala
(Guerrero, sul), o Papa disse que a indiferença ante a violência derivada do
narcotráfico torna todos responsáveis.
O breve episódio de tensão do
Papa com o México aconteceu em fevereiro, quando um legislador de Buenos Aires
amigo de Francisco divulgou um e-mail no qual o pontífice falava de
"evitar a mexicanização" da Argentina, em referência à violência do
narcotráfico.
O governo mexicano considerou que
estes comentários podiam estigmatizar o país, mas o caso se dissipou
rapidamente com uma troca de notas diplomáticas.
Francisco reafirmou na entrevista
de quinta-feira que tudo está em paz entre o Vaticano e o governo do México, o segundo país com mais católicos do mundo,
atrás apenas do Brasil.
"Isso não fechou as portas
do México para mim, vou ao México", declarou o primeiro Papa
latino-americano da história sem dizer quando a visita será realizada.
Fonte: Francipress.
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