Julgamento será em turma que tem um a menos; Dilma ainda não indicou.
Ministro propôs preencher vaga com migração de membro da outra turma.
Ministro propôs preencher vaga com migração de membro da outra turma.
Os ministros da Segunda Turma do Supremo
Tribunal Federal, que vai julgar as futuras ações
penais decorrentes da Operação Lava Jato contra deputados e senadores,
decidiram nesta terça-feira (10) propor que um dos ministros da Primeira Turma
da Corte migre para o grupo.
Na prática, isso impedirá a
atuação no caso do novo ministro a ser indicado pela presidente Dilma Rousseff
– para a vaga ainda não preenchida de Joaquim Barbosa, que se aposentou em
agosto do ano passado. No último dia 26, durante sessão do Supremo, ministros
criticaram a demora da indicação pela presidente,
que não tem prazo para isso.
A proposta foi apresentada pelo
ministro Gilmar Mendes e obteve adesão dos ministros Celso de Mello e Teori
Zavascki, relator dos inquéritos sobre corrupção na Petrobras já abertos no
Supremo. Além deles, integra a Segunda Turma a ministra Cármen Lúcia, ausente
na sessão desta terça-feira; a outra vaga permanece aberta desde a
aposentadoria de Barbosa.
A Primeira Turma do STF é
atualmente formada pelos ministros Marco Aurélio Mello, Antonio Dias Toffoli,
Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber. A autorização para a transferência
dependerá do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, em caso de algum ministro
da Primeira Turma manifestar interesse em migrar.
Desde o ano passado, o STF
decidiu que investigações, denúncias e processos criminais contra parlamentares
e ministros passariam a ser julgados numa das duas turmas – compostas, cada
uma, por cinco ministros e não mais no plenário, onde atuam todos os 11
integrantes da Corte.
Com a demora de mais de sete
meses de Dilma para indicar um substituto de Barbosa, a Segunda Turma ficou
incompleta, gerando empates em julgamentos.
Além desse argumento, ao propor
convidar um dos ministros da Primeira Turma para a Segunda, Gilmar Mendes
chamou a atenção para as futuras decisões da Lava Jato. Para ele, a Segunda
Turma não poderia ter uma composição "ad hoc", isto é, com a
designação de um novo ministro especialmente para julgar o caso.
"Isso seria um
constrangimento para o colega que porventura venha a ser designado para esta
colenda Corte. Uma composição 'ad hoc' do colegiado não honra as tradições
republicanas desta Casa", afirmou.
Pelas regras do Supremo, qualquer
ministro tem o direito de pedir a transferência. Se mais de um se interessar, a
preferência é do ministro mais antigo da Corte.
Na Primeira Turma, o ministro que
há mais tempo integra a Corte é Marco Aurélio Mello. Se ele mostrar interesse,
portanto, terá direito à migração.
Na sessão desta terça, Celso de
Mello disse que proposta era “extremamente oportuna” e criticou a “inércia” de
Dilma em indicar um novo ministro.
“O apelo é importante porque
permitirá enfrentar essa jornada que agora se inicia realmente difícil tendo em
vista a complexidade do caso”, disse o ministro, em referência à Lava Jato.
Teori Zavascki concordou,
chamando a atenção para a possibilidade de empates, que, em processos penais,
sempre beneficiam o réu em julgamentos colegiados. “Quem vem é um voto que só
poderia beneficiar a acusação”, afirmou.
Ao corroborar a opinião de Mendes,
Zavascki acrescentou que a ida de um ministro da Primeira para a Segunda Turma
significa uma “descompressão” sobre a Presidência e o Senado, que não teriam de
escolher e aprovar um nome para o STF tendo em vista a Lava Jato.
“Não seria conveniente que, já
passado tanto tempo da indicação, a questão de participar ou não desta Segunda
Turma tivesse como elemento, seja na indicação pela presidente, seja na
aprovação pelo Senado, esse problema adicional, de ter que examinar sobre o
aspecto de sua participação no caso”, declarou.
Dentro da Operação Lava Jato, já
tramitam no STF 25 inquéritos sobre políticos suspeitos de terem se beneficiado
do esquema de corrupção na Petrobras.
Em todos os casos, é o relator do
caso, ministro Teori Zavascki, que autoriza medidas de investigação. Se
qualquer delas for questionada, no entanto, é a Segunda Turma que irá decidir
se são ou não válidas, isso pode incluir, por exemplo, quebras de sigilo
(telefônico, fiscal e bancário), apreensão de documentos ou interceptações
telefônicas
Das 25 investigações que já
correm no STF, no entanto, quatro – que incluem os presidentes da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) – serão
discutidas por todos os ministros da Corte. Isso ocorrerá porque, pela nova regra
de julgamentos, os chefes das Casas Legislativas continuam só podendo ser
julgados pelo plenário.
Fonte: G1. DF.
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