Ministro diz que presidente não responde por eventual ato fora do
mandato.
Procurador-geral afirmou que não encontrou indícios para investigar tucano.
A presidente Dilma Rousseff (PT)
e o senador Aécio Neves (PSDB), adversário na disputa eleitoral de 2014,
ficaram fora das
investigações que tramitarão no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar envolvimento de políticos no esquema de corrupção revelado
pela Operação Lava Jato. O entendimento do ministro Teori Zavascki, do STF, foi
o mesmo da Procuradoria Geral da República. Ele decidiu não incluir em
inquéritos Dilma, Aécio, e outros três políticos citados em depoimentos por delação
premiada na Lava Jato o senador Delcídio Amaral (PT-MS) e os ex-deputados
federais Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ex-presidente da Câmara, e Alexandre
Santos (PMDB-RJ.
Dilma.
Dilma é citada em depoimento do
doleiro Alberto Youssef, um dos principais articuladores do esquema, em razão
de suposta contribuição para a campanha eleitoral de 2010. O documento da
Procuradoria Geral da República relata que, em seu depoimento, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa teria sido procurado pelo doleiro
Alberto Youssef em 2010 para que R$ 2 milhões que seriam destinados ao PP
fossem direcionados para a campanha presidencial de Dilma em 2010.
O pedido teria partido do
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e, em seu depoimento, Paulo Roberto
disse que a operação foi realizada e confirmada a ele por Youssef, sem detalhar
como o dinheiro teria sido repassado. Em sua delação premiada, no entanto, o
próprio Youssef negou o fato, afirmando que o relato de Paulo Roberto não era
verdadeiro.
Segundo o Ministério Público, o
caso de Dilma não pode ser investigado porque, de acordo com o artigo 86 da
Constituição Federal, o presidente da República não pode responder por atos
estranhos ao exercício de suas funções antes do início do mandato.
Teori Zavascki concordou com a
tese de que Dilma não deveria ser investigada e, em sua decisão, escreveu:
"O próprio procurador já adiantava excluir conduzir investigação da chefe
do Poder Executivo, porquanto não há nada que arquivar, nos termos em que
presidente da República não pode ser responsabilizado por atos estranhos a seu
mandato".
Aécio.
Em relação a Aécio, a PGR
registra que, em sua delação premiada, Alberto Youssef informa que teria ouvido
do ex-deputado José Janene, cacique do PP e já falecido, que Aécio teria
recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, de uma das empresas
contratadas por Furnas entre 1994 e 2001.
Em seu parecer, contudo, a PGR
diz que “as afirmativas de Alberto Youssef são muito vagas e, sobretudo,
assentadas em circunstâncias de ter ouvido os supostos fatos por intermédio de
terceiros”. Além disso, diz que a suposta divisão da diretoria “não conta com
nenhuma indicação, na presente investigação, de outro elemento que a
corrobore”.
Embora recomende o arquivamento
da investigação por falta de indícios, a PGR diz que caso surjam novas provas,
um inquérito poderia ser aberto para aprofundar as investigações.
Em relação aos demais políticos
citados, Zavascki concordou com o Ministério Público no sentido de não haver
indícios suficientes de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
Segundo depoimentos do doleiro
Alberto Youssef, Aécio teria articulado a divisão de uma diretoria da estatal
Furnas entre PSDB e PP. O senador nega.
Outros arquivamentos.
Além dos casos de Dilma e Aécio,
também não foram abertos inquéritos sobre o senador Delcídio do Amaral (PT-MS)
e os ex-deputados federais Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ex-presidente da
Câmara, e Alexandre Santos (PMDB-RJ).
Com relação a Delcídio do Amaral,
o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que "ouviu
dizer" que o parlamentar teria recebido valores supostamente ilícitos da
empresa francesa Alstom quando exercia função de diretor de Gás e Energia na
estatal, entre os anos de 2001 e 2002.
Em delação premiada, Costa disse
que o ex-deputado federal Alexandre Santos teria solicitado a intermediação do
ex-diretor junto a empresas envolvidas na construção do Complexo Petroquímico
do Rio de Janeiro (Comperj), para que terrenos de propriedade do ex-parlamentar
fossem alugados pelas empreiteiras.
Ainda segundo Costa, o
ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves teria ido por duas vezes à sede
da Petrobras para pedir a viabilização da construção de uma unidade de
calcificação de petróleo em São Bernardo do Campo (SP). Costa disse também que Alves
participou de reunião na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), para tratar da permanência do ex-diretor na estatal.
Fonte: Agência O Globo.
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