EX-DIRETOR DA PETROBRAS CITA 61 PARLAMENTARES.
Costa, envolvido em fraudes, disse ter havido pagamento de propina a
políticos de, pelo menos, três partidos.
Brasília. O
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa citou pelo menos 61 deputados e
senadores, um governador e três partidos políticos que receberiam 3% de
comissão sobre o valor de cada contrato da Petrobras firmado durante sua gestão
na diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera.
Desde o dia 29 de agosto, Costa
está depondo em regime de delação premiada para tentar obter o perdão judicial.
Ele é alvo da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que desmantelou um grande
esquema de lavagem de dinheiro e de corrupção na Petrobras. O número de
políticos citados foi mencionado por Costa nos primeiros depoimentos, mas pode
crescer enquanto durar a delação.
Costa relatou a formação de um
cartel de empreiteiras dentro da Petrobras, em quase todas as áreas da estatal.
Partidos políticos eram supostos beneficiários de recursos desviados por meio
de comissões em contratos arranjados.
O ex-diretor contou que os
desvios nos contratos da Petrobras envolveriam desde o funcionário do terceiro
escalão até a cúpula da empresa, durante sua gestão na diretoria de
Abastecimento, entre 2004 e 2012. O ex-executivo também citou quase todas as
grandes empreiteiras do País que conseguiram os contratos. Inicialmente seu
alvo foram as empresas, mas, segundo ele, políticos também foram beneficiados
com propinas.
Por causa da citação aos
políticos, que têm foro privilegiado, os depoimentos serão remetidos para a
Procuradoria Geral da República. A PGR afirmou que só irá receber a
documentação ao final do processo de delação.
Perdão
judicial
O acordo assinado por Paulo
Roberto prevê praticamente o perdão judicial. A pena que ele receberá será
mínima comparada aos 50 anos que poderia pegar se responder aos processos. Já é
réu em duas ações, uma sobre corrupção na Petrobras e outra sobre ocultação e
destruição de documentos.
O acordo prevê que o ex-executivo
será colocado em liberdade quando encerrar os depoimentos. Ele deve ficar um
ano usando tornozeleira eletrônica, em casa, no Rio, sem poder sair.
Os depoimentos são todos filmados
e tomados em uma sala da PF em Curitiba. Ao final de cada dia os depoimentos
são lacrados e criptografados pelo Ministério Público Federal, que os envia
diretamente para a PGR, em Brasília. A PGR mandou emissário a Curitiba no
início do processo de delação.
O doleiro Alberto Youssef, também
preso acusado de ser um dos cabeças do esquema desbaratado pela Lava-Jato,
também tentou negociar com o Ministério Público Federal uma nova delação
premiada (ele fez uma no caso Banestado, em 2003), mas desistiu ao ser informado
que passaria pelo menos 3 anos preso, em regime fechado.
O nome do presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), foi mencionado por Costa nos depoimentos. As
empresas ganhariam os contratos em troca de pagar propina de 3% para deputados
e senadores.
Um dos negócios mencionados
envolvendo Renan é um acerto com Youssef para que o Postalis comprasse R$ 50
milhões emitidos da Marsans Viagens e Turismo, que tinha Youssef como um dos
investidores. O doleiro teria se reunido com Renan, em Brasília, no início de
março, para acertar a comissão do PMDB nesse negócio. O fundo de pensão dos
Correios é controlado pelo PMDB e PT.
O negócio não ocorreu porque
estava em curso quando Youssef e Paulo Roberto foram presos. A empresa fechou
após as prisões. A assessoria de Renan afirmou que não localizou o senador para
comentar o assunto.
Fonte: Agência
Brasil.
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