sábado, 6 de setembro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SÁBADO, 06 DE SETEMBRO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

REPARTIR OS CARGOS.

Nobres:
“Estranho”, porém cômodo e inserido infelizmente no ordenamento espúrio e costumais de qualquer governo, ensejou uma intensa negociação entre partidos e governantes, tanto no âmbito federal quanto nos Estados, em torno de alianças políticas que constrangem os brasileiros. A expectativa de anunciar formalmente os candidatos que em sua maioria serão homologados em convenção especialmente a base dos atuais governantes, intensificarão os conchavos hiantes pelo poder, tendo como moeda de troca ministérios, secretarias e cargos públicos. Por conta de acordos de difícil compreensão para os eleitores, partidos políticos fazem um jogo que beira a chantagem, procurando apropriar-se de setores da administração pública, especialmente daquelas que desfrutam de fatias generosas do bolo orçamentário. Será esse o sistema político mais adequado para a democracia brasileira? Será que não existe uma forma mais ética e mais transparente de governar? Como os brasileiros podem mudar este estado de coisas? Antes das respostas, cabe considerar que tais manobras e as coalizões espúrias delas resultantes acabam contribuindo para o descrédito da população sobre a classe política em geral. Cidadãos desinteressados votam mal, deixam de fiscalizar seus representantes e invariavelmente resvalam para a generalização negativa, de que todos os políticos são iguais e só estão na vida pública para levar vantagem. Quando se olha para o verdadeiro escambo de cargos público promovido por governantes-candidatos e partidos incrustados no poder, fica difícil argumentar em contrário. Ainda assim, é pelo cidadão-eleitor que pode começar uma mudança moralizadora na política nacional. Compete-lhe, antes de tudo, informar-se sobre os seus representantes e sobre os candidatos a cargos públicos, capacitando-se, assim, para avaliá-los pelo histórico, pela honestidade e pela coerência. E essa fiscalização não termina no momento do voto. Depois de eleitos, principalmente, os detentores de mandato devem continuar sendo cobrados, para que não coloquem seus interesses e os de seus partidos na frente dos compromissos assumidos com a população. Veja-se o exemplo do governo federal, que acaba sendo o espelho das demais administrações. Quando assumiu a presidência, Dilma Rousseff contava com o apoio de 17 partidos e de 80% do parlamento, uma base governista capaz de garantir a aprovação de qualquer projeto seu. Para garantir esse apoio, repetiu seus antecessores: loteará os principais cargos da administração federal entre os aliados, para satisfazer a ganância dos partidos. Falta, agora, atacar as causas, por meio de uma mobilização com intensa responsabilidade e consequentemente imponha uma reforma política efetiva, devolvendo a administração pública à população, aligando aproveitadores e sedentos de poder.

Antônio Scarcela Jorge.

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