COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
REPARTIR OS CARGOS.
Nobres:
“Estranho”, porém cômodo e inserido
infelizmente no ordenamento espúrio e costumais de qualquer governo, ensejou uma
intensa negociação entre partidos e governantes, tanto no âmbito federal quanto
nos Estados, em torno de alianças políticas que constrangem os brasileiros. A
expectativa de anunciar formalmente os candidatos que em sua maioria serão
homologados em convenção especialmente a base dos atuais governantes,
intensificarão os conchavos hiantes pelo poder, tendo como moeda de troca
ministérios, secretarias e cargos públicos. Por conta de acordos de difícil
compreensão para os eleitores, partidos políticos fazem um jogo que beira a
chantagem, procurando apropriar-se de setores da administração pública,
especialmente daquelas que desfrutam de fatias generosas do bolo orçamentário.
Será esse o sistema político mais adequado para a democracia brasileira? Será
que não existe uma forma mais ética e mais transparente de governar? Como os
brasileiros podem mudar este estado de coisas? Antes das respostas, cabe
considerar que tais manobras e as coalizões espúrias delas resultantes acabam
contribuindo para o descrédito da população sobre a classe política em geral.
Cidadãos desinteressados votam mal, deixam de fiscalizar seus representantes e
invariavelmente resvalam para a generalização negativa, de que todos os
políticos são iguais e só estão na vida pública para levar vantagem. Quando se
olha para o verdadeiro escambo de cargos público promovido por
governantes-candidatos e partidos incrustados no poder, fica difícil argumentar
em contrário. Ainda assim, é pelo cidadão-eleitor que pode começar uma mudança
moralizadora na política nacional. Compete-lhe, antes de tudo, informar-se
sobre os seus representantes e sobre os candidatos a cargos públicos,
capacitando-se, assim, para avaliá-los pelo histórico, pela honestidade e pela
coerência. E essa fiscalização não termina no momento do voto. Depois de
eleitos, principalmente, os detentores de mandato devem continuar sendo
cobrados, para que não coloquem seus interesses e os de seus partidos na frente
dos compromissos assumidos com a população. Veja-se o exemplo do governo federal, que acaba sendo o espelho das demais
administrações. Quando assumiu a presidência, Dilma Rousseff contava com o
apoio de 17 partidos e de 80% do parlamento, uma base governista capaz de
garantir a aprovação de qualquer projeto seu. Para garantir esse apoio, repetiu
seus antecessores: loteará os principais cargos da administração federal entre
os aliados, para satisfazer a ganância dos partidos. Falta, agora, atacar as
causas, por meio de uma mobilização com intensa responsabilidade e
consequentemente imponha uma reforma política efetiva, devolvendo a
administração pública à população, aligando aproveitadores e sedentos de poder.
Antônio Scarcela Jorge.
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