COMENTÁRIO
Edison Silva
MERCADO LIVRE
ATAS DAS CONVENÇÕES NÃO REFLETEM A REALIDADE
O tempo decorrido entre as homologações das candidaturas e os pedidos de
registro foi de ampla negociação.
As convenções partidárias
deixaram de ser, realmente, o momento último para oficialização de coligações e
homologação dos nomes relacionados para a disputa dos vários cargos (neste ano,
de presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e
estaduais).
Sem qualquer controle externo,
isto é, da Justiça Eleitoral, como no passado, dirigentes partidários utilizam
o interregno entre o evento e o pedido de registro das candidaturas para
concluir ou efetivarem novas negociações de compra e venda de legenda (tempo de
propaganda no rádio e televisão), ajuda financeira e cargos no Governo em
disputa.
Na última semana, nos meios
políticos, sob reserva, conversava-se sobre todo esse mercado livre. E como as
atas das convenções não foram feitas, quando deveriam ter sido, ao final de
cada um daqueles encontros, até o último sábado, data limite para os partidos
as entregarem ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foram algumas delas escritas
com uma realidade diferente, posto que incluíram a parte registrável do
negociado para angariarem legalmente mais apoios, mesmo violando a legislação
eleitoral e alguns dos princípios mais elementares que os políticos, em
especial, devem respeitar. Todos os partidos deixaram para entregar as atas das
suas convenções, cumprindo o Calendário Eleitoral, ontem, prazo último definido
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Viciados
Como aqui referido no último
domingo, o País reclama uma urgente mudança dessa fatídica realidade
político-partidária. E não se trata só de Reforma Política, que seria, com os
personagens de hoje, apenas mais um engodo, posto estarem profundamente
viciados.
Ora, os exemplos da última semana
dão bem uma demonstração negativa da atuação dos responsáveis pelas agremiações
partidárias brasileiras, nos remetendo a um futuro nada promissor quanto a uma
atividade política séria, comprometida com o coletivo e não com o
individualismo que faz da busca do poder uma luta para manutenção do egoísmo e
de interesses menores, a partir do pessoal.
A saída de cena da empresária
Nicole Barbosa, até a última segunda-feira candidata do PSB ao Governo do
Estado, como se deu, é mais uma das vergonhosas decisões dos partidos com um
dono. Com ou sem perspectiva de sucesso eleitoral, pois só ao fim da campanha
se saberia, ela era o novo na eleição.
Carência
E mais, além de ser o melhor
quadro que aquela agremiação tinha para representá-la no pleito, a sua
participação na campanha poderia servir, não só para as mulheres, mas para
pessoas outras de bem, se sentirem estimuladas a oxigenarem a política cearense
e brasileira, hoje com enorme carência de quadros com qualidade.
No curso do pleito, cujo início
oficial se dá a partir de hoje, vão surgir algumas informações sobre
infidelidade, outro fruto da compra e venda reportadas anteriormente. Alguns
candidatos ao Legislativo, só aguardam o registro de suas candidaturas para
mostrarem a verdadeira face. Estão incubados, agora, por temerem a reação dos
partidos, capaz de inviabilizá-los de disputar os mandatos, se descobrirem o
conluio.
Essa realidade é que faz a
maioria do eleitor votar unicamente por obrigação e desestimulado, se
distanciar da vida partidária, mesmo reconhecendo a significativa importância
que têm os partidos e o exercício mais amplo da política para a preservação do
sistema democrático, indiscutivelmente o melhor existente no mundo.
Exoneração
O prefeito Roberto Cláudio
(PROS), definidas as alianças e candidaturas, vai conversar com o vice-prefeito
Gaudêncio Lucena (PMDB), nas próximas horas, sobre a nova realidade política
que motiva alterar a equipe nomeada para ajudá-lo a governar Fortaleza. Os
secretários e demais filiados ao PMDB, com cargos na Prefeitura da Capital,
terão que deixar seus cargos. A conversa é para evitar a exoneração sem que do
ato conste o célebre "a pedido".
A disputa pelo Governo do Estado,
neste ano, ficará concentrada entre o candidato apoiado pelo prefeito, o
petista Camilo Santana, e o do defendido pelo vice, o peemedebista Eunício
Oliveira. Por melhor que seja o relacionamento pessoal entre eles, o
acirramento da campanha, já a partir de agora, nos bastidores, e depois de
agosto publicamente, reclama a mudança da equipe.
Alguns peemedebistas ocupantes de
cargos com menos visibilidade no Governo do Estado, também deverão ser
substituídos, como já foram os ocupantes de secretarias estaduais, após pedirem
exoneração, por recomendação do próprio partido, a partir do momento em que foi
concretizado o rompimento da aliança iniciada em 2006 e confirmada a
candidatura de Eunício.
*Edison
Silva.
Editor de política –
DN.
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