domingo, 6 de julho de 2014

COMENTÁRIO DO JORNALISTA EDISON SILVA

COMENTÁRIO
Edison Silva

MERCADO LIVRE

ATAS DAS CONVENÇÕES NÃO REFLETEM A REALIDADE

O tempo decorrido entre as homologações das candidaturas e os pedidos de registro foi de ampla negociação.

As convenções partidárias deixaram de ser, realmente, o momento último para oficialização de coligações e homologação dos nomes relacionados para a disputa dos vários cargos (neste ano, de presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais).

Sem qualquer controle externo, isto é, da Justiça Eleitoral, como no passado, dirigentes partidários utilizam o interregno entre o evento e o pedido de registro das candidaturas para concluir ou efetivarem novas negociações de compra e venda de legenda (tempo de propaganda no rádio e televisão), ajuda financeira e cargos no Governo em disputa.

Na última semana, nos meios políticos, sob reserva, conversava-se sobre todo esse mercado livre. E como as atas das convenções não foram feitas, quando deveriam ter sido, ao final de cada um daqueles encontros, até o último sábado, data limite para os partidos as entregarem ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foram algumas delas escritas com uma realidade diferente, posto que incluíram a parte registrável do negociado para angariarem legalmente mais apoios, mesmo violando a legislação eleitoral e alguns dos princípios mais elementares que os políticos, em especial, devem respeitar. Todos os partidos deixaram para entregar as atas das suas convenções, cumprindo o Calendário Eleitoral, ontem, prazo último definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Viciados

Como aqui referido no último domingo, o País reclama uma urgente mudança dessa fatídica realidade político-partidária. E não se trata só de Reforma Política, que seria, com os personagens de hoje, apenas mais um engodo, posto estarem profundamente viciados.

Ora, os exemplos da última semana dão bem uma demonstração negativa da atuação dos responsáveis pelas agremiações partidárias brasileiras, nos remetendo a um futuro nada promissor quanto a uma atividade política séria, comprometida com o coletivo e não com o individualismo que faz da busca do poder uma luta para manutenção do egoísmo e de interesses menores, a partir do pessoal.

A saída de cena da empresária Nicole Barbosa, até a última segunda-feira candidata do PSB ao Governo do Estado, como se deu, é mais uma das vergonhosas decisões dos partidos com um dono. Com ou sem perspectiva de sucesso eleitoral, pois só ao fim da campanha se saberia, ela era o novo na eleição.

Carência

E mais, além de ser o melhor quadro que aquela agremiação tinha para representá-la no pleito, a sua participação na campanha poderia servir, não só para as mulheres, mas para pessoas outras de bem, se sentirem estimuladas a oxigenarem a política cearense e brasileira, hoje com enorme carência de quadros com qualidade.

No curso do pleito, cujo início oficial se dá a partir de hoje, vão surgir algumas informações sobre infidelidade, outro fruto da compra e venda reportadas anteriormente. Alguns candidatos ao Legislativo, só aguardam o registro de suas candidaturas para mostrarem a verdadeira face. Estão incubados, agora, por temerem a reação dos partidos, capaz de inviabilizá-los de disputar os mandatos, se descobrirem o conluio.

Essa realidade é que faz a maioria do eleitor votar unicamente por obrigação e desestimulado, se distanciar da vida partidária, mesmo reconhecendo a significativa importância que têm os partidos e o exercício mais amplo da política para a preservação do sistema democrático, indiscutivelmente o melhor existente no mundo.

Exoneração

O prefeito Roberto Cláudio (PROS), definidas as alianças e candidaturas, vai conversar com o vice-prefeito Gaudêncio Lucena (PMDB), nas próximas horas, sobre a nova realidade política que motiva alterar a equipe nomeada para ajudá-lo a governar Fortaleza. Os secretários e demais filiados ao PMDB, com cargos na Prefeitura da Capital, terão que deixar seus cargos. A conversa é para evitar a exoneração sem que do ato conste o célebre "a pedido".

A disputa pelo Governo do Estado, neste ano, ficará concentrada entre o candidato apoiado pelo prefeito, o petista Camilo Santana, e o do defendido pelo vice, o peemedebista Eunício Oliveira. Por melhor que seja o relacionamento pessoal entre eles, o acirramento da campanha, já a partir de agora, nos bastidores, e depois de agosto publicamente, reclama a mudança da equipe.

Alguns peemedebistas ocupantes de cargos com menos visibilidade no Governo do Estado, também deverão ser substituídos, como já foram os ocupantes de secretarias estaduais, após pedirem exoneração, por recomendação do próprio partido, a partir do momento em que foi concretizado o rompimento da aliança iniciada em 2006 e confirmada a candidatura de Eunício.

*Edison Silva.
Editor de política – DN.

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