FALTAM OS PROGRAMAS E IDEOLOGIAS.
A facilidade de criação de partidos no País
termina por ensejar que a maioria funcione sem uma devida estrutura.
Dos 32 partidos políticos
registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), poucos são os que possuem uma
estrutura organizada em relação a programas ideológicos e número de filiados.
Nas campanhas eleitorais, inúmeras agremiações acabam fazendo volume em
coligações em troca de pequenos espaços no cenário político, conformando-se em
alçar voos baixos. Cientistas políticos alertam ser mais conveniente enquadrar
as siglas em ideológicas ou não, em vez de generalizá-las como nanicas.
O debate sobre o que faz um
partido ser considerado pequeno divide a opinião de especialistas. O PCdoB
(partido mais antigo do Brasil, fundado em 1922) tem pouca representatividade
parlamentar no Ceará, ocupando uma vaga de deputado estadual, duas de federal,
uma de vereador e uma de senador - esta não será renovada porque o governador
Cid Gomes não apoiará a reeleição de Inácio Arruda ao Senado, e sim a
candidatura de Mauro Filho.
A exemplo do PCdoB, que abriu mão
da reeleição de Inácio diante da inviabilidade de eleger o candidato sem o
apoio de uma aliança competitiva, outros partidos acabam fazendo concessões em
prol da sobrevivência partidária. Para cientistas políticas, há diferenças nos
partidos ditos nanicos, mas a maioria é fundada para atender interesses dos
maiores.
Tempo
"Não é que eles tenham
dificuldades, é que foram criados para isso mesmo, com um determinado objetivo.
Às vezes não dá para comandar todos numa legenda e acomodam nos pequenos partidos",
aponta o cientista político Roberto Siebra, professor da Universidade Regional
do Cariri (Urca), frisando que o PCdoB se diferencia dos novos partidos
pequenos criados recentemente. "A formação do partido político no Brasil
não é ideológica, com raríssimas exceções. Em geral, eles são usados como
manobra para ganhar tempo (de televisão e rádio) na campanha eleitoral",
completa.
O professor Roberto Siebra
pondera que, para fugir das generalizações, é mais adequado dividir as
agremiações de acordo com a ideologia. "O que tem de ser feita é uma
diferença entre partidos ideológicos e outro meramente eleitorais", opina.
"Muitos deles têm sido usados apenas como buchas de canhão",
acrescenta.
O especialista ressalta que, como
o processo de criação de partidos no Brasil não é ideológico, isso também gera
uma falta de identificação do eleitor na hora de votar, contribuindo para a
formação de alianças contraditórias. "As pessoas votam no candidato e não
no partido. Às vezes você vota em Dilma e vai votar em Tasso (Jereissati) para
senador, que são completamente opostos. A individualização não fortalece os
partidos", alega.
Professora aposentada de
Filosofia Política da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mirtes Amorim
enfatiza a fragilidade da maior parte das siglas recém-criadas no País. "É
fundamental que o partido tenha um programa e uma carta de propostas".
"A maioria dos novos
partidos não tem nenhum programa político, carta de princípios e projeto para a
sociedade". Mirtes relata que não basta apresentar uma carta de
princípios, é fundamental que essas propostas sejam cumpridas pelas legendas.
"Partidos com pequena representatividade não têm princípios e as
lideranças ficam mudando de partidos", responde. "Esses programas
deveriam caracterizar todos os partidos, sendo pequenos ou grandes",
pontua.
A cientista política Patrícia
Teixeira, que leciona na Universidade do Vale do Jaguaribe, argumenta que a
facilidade na criação de partidos também contribui para a proliferação sem
alinhamento ideológico. "Muitos partidos não possuem representatividade
porque têm um nível baixo de organização. Eles acabam contribuindo com os
maiores, formando alianças em busca do poder", responde.
Para a professora, a dimensão de
um partido pode ser mensurada pela quantidade de filiados. "Porque eles
são a representação direta daquela ideologia", enfatiza. Não se pode negar
a participação dos pequenos partidos. No final das eleições, acabam
arregimentando votos.
Fonte: Web.
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