quarta-feira, 23 de julho de 2014

SELEÇÃO DA CBF - "HERANÇA AMALDIÇOADA"

 DE 2006 A 2014, DUNGA REPETE CITAÇÃO A PELÉ E DISCURSO, MAS PROMETE RESPEITO À IMPRENSA.

Em oito anos, Dunga não mudou muito o discurso.

Apresentado nesta terça-feira mais uma vez como treinador da seleção brasileira, ele deixou claro logo no começo que manteria a mesma personalidade e comprovou com as palavras, bastante parecidas com as que disseram logo quando chegou em 2006.

O capitão do tetracampeonato chegou até mesmo a repetir uma citação a Pelé e manteve a filosofia de que o craque do time também tem que se doar e se entregar em campo. Dunga também voltou a dizer que terá um trabalho integrado com as categorias de base, mas manteve a cautela de não usar um time apenas de jovens em nome do imediatismo do resultado no Brasil.

A grande diferença ficou por conta da promessa de mais cuidado com a imprensa. Depois de uma passagem bastante marcada pelos atritos com os jornalistas, Dunga garantiu que aproveitou o tempo longe da seleção para rever os próprios conceitos e garantiu que vai tratar com mais cuidado e carinho os colegas da imprensa.

Pelé

2006: eu acho que não tem hoje, e nunca teve na seleção brasileira, jogadores insubstituíveis. A prova disso é que o maior mito do futebol brasileiro, o Pelé, parou de jogar e o Brasil continuou ganhando. É lógico que, se tivesse um Pelé, ficaria mais fácil vencer, teria maior qualidade. Mas isso demonstra que ninguém é insubstituível, que ninguém tem lugar seguro.

2014: um goleiro fazer uma defesa também é arte, o zagueiro roubar uma bola também é arte. A gente não pode achar que vai encontrar o Pelé a toda hora. A gente não pode querer criar um ídolo a cada dia. O Brasil sempre teve jogadores de grande talento.

Legado da Copa anterior

2006: acho que tem alguma coisa aproveitável. Não é justo falarmos que todo o trabalho foi por água abaixo. Temos que aproveitar o que teve de melhor.

2014: não precisamos fazer dessa Copa do Mundo terra arrasada, há coisas que podem ficar.

Personalidade

2006: tem certas coisas na vida que são características pessoais. Você não muda por ser jogador ou técnico, continua sendo.
2014: vocês me conhecem e sabem que dificilmente uma pessoa muda em seus princípios, quanto a ética e trabalho. Tenho que melhorar muito no contato com jornalistas. Por eu ser oriundo do futebol, foquei muito no trabalho em campo, os resultados que obtive, não precisa falar muito. Agora é normal que tenha que aprimorar meu relacionamento com a imprensa, é a reflexão que eu tive nesses anos.

Categorias de base

2006: Branco já trabalha na CBF, vai estar integrado conosco seguramente. A gente que fazer um trabalho diferente, as categorias de base vão estar diretamente ligadas à equipe principal.

2014: vamos trabalhar juntos com as categorias de base, com o Gallo, e a coordenação do Gilmar. A CBF está nesse planejamento há dois anos e vamos dar sequência.

Craque participativo

2006: a grande estrela tem que ser a seleção brasileira. Se alguém se colocar acima, o trabalho já começa errado. A seleção tem que entrar em campo para se divertir.

2009: a seleção continua com a alegria, com a cara do povo brasileiro, de um povo trabalhador. Tanto que o Kaká, mesmo com todo talento, dá carrinho e ajuda na marcação. Eu assisto tudo que é jogo porque eu gosto de futebol. Mas eu também busco informações sobre jogadores e procuro ficar em contato com os jogadores que temos a intenção de convocar.

2014: cai muito o conceito nosso de que o craque não precisa participar do jogo. O futebol já não é mais de uma ou duas figuras. Tem que ter a participação de todos os jogadores.

Imediatismo do resultado x juventude

2006: não vou levar um jogador para ganhar experiência para a Copa de 2014. Vocês acham que um jogador, por mais preparado que seja, está preparado para sustentar a pressão de uma Copa do Mundo? Vocês acham que eu não tenho um pouquinho de inteligência? Esses rapazes já são presentes, mas também tem uma história ruim que ninguém cita. O Ganso foi reserva na sub-20, e o Neymar, com todo o seu talento, fez parte da segunda eliminação brasileiro ainda na primeira fase do Sub-17. Não estou desmerecendo, isso serviu como experiência para eles. Não adianta convocar por causa da seleção de melhores momentos que passa na TV.

2014: temos que obter resultados, formar uma seleção para 2018. Essa seleção é bastante jovem. A Holanda mesclou. Temos que passar para o torcedor as duas partes da moeda. O importante é você colocar no momento certo jogadores jovens e com certa experiência. No caminho você tem que ter o resultado e aos poucos ir colocando jogadores. Você não coloca o jogador porque ele é novo, mas pela competência e rendimento. Em 2010 era para resgatar o amor e o carinho pela Seleção. Nós colocamos muitos jovens naquela seleção. Quem tem que se afirmar são os próprios jogadores. Não se pode excluir pela idade, mas pelo rendimento em campo.

Fonte: Reuters.


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