Em oito
anos, Dunga não mudou muito o discurso.
Apresentado nesta terça-feira
mais uma vez como treinador da seleção brasileira, ele deixou claro logo no
começo que manteria a mesma personalidade e comprovou com as palavras, bastante
parecidas com as que disseram logo quando chegou em 2006.
O capitão do tetracampeonato
chegou até mesmo a repetir uma citação a Pelé e manteve a filosofia de que o
craque do time também tem que se doar e se entregar em campo. Dunga também
voltou a dizer que terá um trabalho integrado com as categorias de base, mas
manteve a cautela de não usar um time apenas de jovens em nome do imediatismo
do resultado no Brasil.
A grande diferença ficou por
conta da promessa de mais cuidado com a imprensa. Depois de uma passagem
bastante marcada pelos atritos com os jornalistas, Dunga garantiu que
aproveitou o tempo longe da seleção para rever os próprios conceitos e garantiu
que vai tratar com mais cuidado e carinho os colegas da imprensa.
Pelé
2006: eu acho
que não tem hoje, e nunca teve na seleção brasileira, jogadores
insubstituíveis. A prova disso é que o maior mito do futebol brasileiro, o
Pelé, parou de jogar e o Brasil continuou ganhando. É lógico que, se tivesse um
Pelé, ficaria mais fácil vencer, teria maior qualidade. Mas isso demonstra que
ninguém é insubstituível, que ninguém tem lugar seguro.
2014: um
goleiro fazer uma defesa também é arte, o zagueiro roubar uma bola também é
arte. A gente não pode achar que vai encontrar o Pelé a toda hora. A gente não
pode querer criar um ídolo a cada dia. O Brasil sempre teve jogadores de grande
talento.
Legado da
Copa anterior
2006: acho que
tem alguma coisa aproveitável. Não é justo falarmos que todo o trabalho foi por
água abaixo. Temos que aproveitar o que teve de melhor.
2014: não
precisamos fazer dessa Copa do Mundo terra arrasada, há coisas que podem ficar.
Personalidade
2006: tem
certas coisas na vida que são características pessoais. Você não muda por ser
jogador ou técnico, continua sendo.
2014: vocês me
conhecem e sabem que dificilmente uma pessoa muda em seus princípios, quanto a
ética e trabalho. Tenho que melhorar muito no contato com jornalistas. Por eu
ser oriundo do futebol, foquei muito no trabalho em campo, os resultados que
obtive, não precisa falar muito. Agora é normal que tenha que aprimorar meu
relacionamento com a imprensa, é a reflexão que eu tive nesses anos.
Categorias
de base
2006: Branco já
trabalha na CBF, vai estar integrado conosco seguramente. A gente que fazer um
trabalho diferente, as categorias de base vão estar diretamente ligadas à
equipe principal.
2014: vamos
trabalhar juntos com as categorias de base, com o Gallo, e a coordenação do
Gilmar. A CBF está nesse planejamento há dois anos e vamos dar sequência.
Craque
participativo
2006: a grande
estrela tem que ser a seleção brasileira. Se alguém se colocar acima, o
trabalho já começa errado. A seleção tem que entrar em campo para se divertir.
2009: a seleção
continua com a alegria, com a cara do povo brasileiro, de um povo trabalhador.
Tanto que o Kaká, mesmo com todo talento, dá carrinho e ajuda na marcação. Eu
assisto tudo que é jogo porque eu gosto de futebol. Mas eu também busco
informações sobre jogadores e procuro ficar em contato com os jogadores que
temos a intenção de convocar.
2014: cai muito
o conceito nosso de que o craque não precisa participar do jogo. O futebol já
não é mais de uma ou duas figuras. Tem que ter a participação de todos os
jogadores.
Imediatismo
do resultado x juventude
2006: não vou
levar um jogador para ganhar experiência para a Copa de 2014. Vocês acham que
um jogador, por mais preparado que seja, está preparado para sustentar a
pressão de uma Copa do Mundo? Vocês acham que eu não tenho um pouquinho de
inteligência? Esses rapazes já são presentes, mas também tem uma história ruim
que ninguém cita. O Ganso foi reserva na sub-20, e o Neymar, com todo o seu
talento, fez parte da segunda eliminação brasileiro ainda na primeira fase do
Sub-17. Não estou desmerecendo, isso serviu como experiência para eles. Não
adianta convocar por causa da seleção de melhores momentos que passa na TV.
2014: temos que
obter resultados, formar uma seleção para 2018. Essa seleção é bastante jovem.
A Holanda mesclou. Temos que passar para o torcedor as duas partes da moeda. O
importante é você colocar no momento certo jogadores jovens e com certa
experiência. No caminho você tem que ter o resultado e aos poucos ir colocando
jogadores. Você não coloca o jogador porque ele é novo, mas pela competência e
rendimento. Em 2010 era para resgatar o amor e o carinho pela Seleção. Nós
colocamos muitos jovens naquela seleção. Quem tem que se afirmar são os
próprios jogadores. Não se pode excluir pela idade, mas pelo rendimento em
campo.
Fonte: Reuters.
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