sexta-feira, 25 de julho de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'SEXTA-FEIRA', 25 DE JULHO DE 2014

Scarcela Jorge.

EDUCAÇÃO MERCANTILISTA, CONSEQUENTEMENTE DESIGUAL.

Nobres:
No contexto social vivenciado pelo povo brasileiro com relação o espetáculo que insurge das estatísticas é desolador para um país que tem assumido a condição de protagonista internacional, pela evolução da economia e pelos avanços sociais. Os dados censitários, que não se referem exatamente à qualidade da educação, mas à  estrutura e aos equipamentos à disposição dos alunos, são alarmantes. Não há como aceitar como razoável o fato de que apenas 36% das escolas públicas brasileiras, que acolhem 40 milhões de estudantes, têm rede de esgoto. Ou que a grande maioria não disponha de quadras de esportes ou mesmo prédios e equipamentos com as mínimas condições de uso, ou de rampas de acesso a pessoas com deficiência. Não são detalhes, são partes de um cenário em que faltam laboratórios, bibliotecas, computadores. A realidade mais assustadora é, obviamente, a das escolas do meio rural. É nesse aspecto que o Censo significa também a denúncia de uma cruel desigualdade: crianças de regiões já maltratadas pela desassistência estatal frequentam os piores colégios. A análise sintetizada pelo documento é visivelmente resultada de todo o contexto histórico-social do país, do desprezo pelo cumprimento integral do direito à educação e das responsabilidades previstas na Constituição. São, como ressalta a educadora, a expressão não só das desigualdades do ensino público, especialmente quando esta é confrontada com a situação da rede privada, mas das diferenças estruturais do Brasil. O que se vê no levantamento é o confronto de dois Brasis, o urbano, ainda com deficiências, mas em lenta evolução, e o rural, em boa parte  estagnado e ignorado. Muito já se disse sobre as atribuições de União, Estados e municípios na educação. O Censo referente a Educação, fala por si: mesmo com tarefas bem definidas, todas as esferas de poder têm falhado, ressalvadas as exceções. Se cada um fizesse o que deve, o retrato da estrutura do ensino público do país não seria tão degradante. Toda questão se principia pela Educação com reflexo em completo nos setores ativos no país.

Antônio Scarcela Jorge.

Nenhum comentário:

Postar um comentário