Scarcela Jorge.
EDUCAÇÃO MERCANTILISTA, CONSEQUENTEMENTE
DESIGUAL.
Nobres:
No
contexto social vivenciado pelo povo brasileiro com relação o espetáculo que insurge
das estatísticas é desolador para um país que tem assumido a condição de
protagonista internacional, pela evolução da economia e pelos avanços sociais.
Os dados censitários, que não se referem exatamente à qualidade da educação,
mas à estrutura e aos equipamentos à disposição dos alunos, são
alarmantes. Não há como aceitar como razoável o fato de que apenas 36% das
escolas públicas brasileiras, que acolhem 40 milhões de estudantes, têm rede de
esgoto. Ou que a grande maioria não disponha de quadras de esportes ou mesmo
prédios e equipamentos com as mínimas condições de uso, ou de rampas de acesso
a pessoas com deficiência. Não são detalhes, são partes de um cenário em que
faltam laboratórios, bibliotecas, computadores. A realidade mais assustadora é,
obviamente, a das escolas do meio rural. É nesse aspecto que o Censo significa
também a denúncia de uma cruel desigualdade: crianças de regiões já maltratadas
pela desassistência estatal frequentam os piores colégios. A análise
sintetizada pelo documento é visivelmente resultada de todo o contexto
histórico-social do país, do desprezo pelo cumprimento integral do direito à
educação e das responsabilidades previstas na Constituição. São, como ressalta
a educadora, a expressão não só das desigualdades do ensino público,
especialmente quando esta é confrontada com a situação da rede privada, mas das
diferenças estruturais do Brasil. O que se vê no levantamento é o confronto de
dois Brasis, o urbano, ainda com deficiências, mas em lenta evolução, e o
rural, em boa parte estagnado e ignorado. Muito já se disse sobre as
atribuições de União, Estados e municípios na educação. O Censo referente a
Educação, fala por si: mesmo com tarefas bem definidas, todas as esferas de
poder têm falhado, ressalvadas as exceções. Se cada um fizesse o que deve, o
retrato da estrutura do ensino público do país não seria tão degradante. Toda
questão se principia pela Educação com reflexo em completo nos setores ativos
no país.
Antônio
Scarcela Jorge.
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