Segundo o ministro, o governo não pretende nomear cartolas, mas quer ter
um papel mais ativo na CBF.
Rio de Janeiro. O
ministro do Esporte, Aldo Rebelo, classificou ontem a derrota por 7 a 1 sofrida
contra a Alemanha, na semifinal da Copa, como uma "marca profunda",
cobrou mudanças na estrutura do futebol brasileiro e defendeu uma intervenção
estatal para que essa revolução aconteça. "O futebol brasileiro precisa de
mudanças. A derrota para a Alemanha expõe, evidencia mais essa
necessidade", afirmou Rebelo, durante entrevista coletiva organizada pela
Fifa e o Comitê Organizador Local do Mundial no Maracanã.
Segundo o ministro, o tamanho da
goleada que tirou da seleção a possibilidade de ser hexa em casa foi um
acidente, que não aconteceria novamente se as duas equipes se encontrassem mais
uma vez, mas que merece ser analisado para o bem do futuro do futebol
brasileiro.
"Precisamos examinar o
motivo e a causa do acidente. É uma marca profunda. A melhor reação é ver as
causas mais duradouras daquele desastre. Precisamos extrair lições para que o
Brasil reponha a seleção no status que ela deve ter. As mudanças são necessárias",
declarou. Rebelo defendeu ainda que essa revolução pela qual o esporte precisa
passar deve ter o governo como protagonista, com a confecção de leis e pressão
sobre dirigentes esportivos.
O presidente da CBF, José Maria
Marin, e o presidente eleito da federação, Marco Polo del Nero, ainda não foram
a público falar sobre a eliminação brasileira. Já o técnico da seleção, Luiz
Felipe Scolari, disse que "o trabalho não foi de todo ruim".
Papel ativo
Segundo Rebelo, o governo não
pretende nomear cartolas, mas quer ter um papel mais ativo na CBF e em outras
federações esportivas.
"O Estado não pode ser
excluído da competência de zelar pelo interesse público dentro do
esporte", disse o ministro.
"A Lei Pelé tirou do Estado
qualquer tipo de poder de atribuição e poder de intervenção. Se depender de
mim, não teríamos tirado o Estado completamente dessa atribuição. Se depender
de mim, parte dessa atribuição deve voltar".
O regulamento da Fifa proíbe a
ingerência dos governos nos rumos das federações nacionais filiadas à entidade.
Entre as possibilidades de
intervenção estatal nos rumos do futebol brasileiro, o ministro citou a Lei de
Responsabilidade Fiscal do Esporte. O projeto propõe um refinanciamento das
dívidas dos clubes em troca do que Rebelo chamou de ações de "modernização
dos clubes", como o rebaixamento para quem não prestar contas das dívidas
e punições para quem não mantiver salários dos atletas e funcionários em dia.
Não há 'diálogo com bandido'
Rio de Janeiro O ministro-chefe
da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou
ontem que quem estiver ligado à máfia dos ingressos para jogos da Copa do Mundo
deve ir para a cadeia e que o governo federal "não dialoga com
bandido".
Carvalho elogiou a atuação da
polícia do Rio que prendeu 12 pessoas supostamente ligadas a uma quadrilha
internacional de desvio e venda de ingressos ilegalmente para o Mundial.
Entre os que foram presos na
operação batizada "Jules Rimet" - nome do criador da Copa e da taça
que o Brasil ganhou definitivamente em 1970 - está o inglês Raymond Whelam,
diretor executivo da Match, empresa que detém os direitos da Fifa para a
comercialização de pacotes de ingressos e reservas de hotel para a Copa. Um dia
depois de ser preso, Whelam foi solto beneficiado por um habeas corpus emitido
pela Justiça do Rio.
"A postura do governo
brasileiro foi a postura que a Polícia Civil do Rio de Janeiro adotou:
investigou e prendeu o principal responsável e está por prender aqueles outros.
Portanto, não tem diálogo com esse tipo de gente. É cadeia. O governo não
dialoga com bandido", disse.
O ministro ressalvou que a
relação do governo com a Copa não muda por conta da prisão do empresário ligado
à entidade internacional de futebol.
Chefes de Estado
Carvalho disse ainda que a
presidente Dilma Rousseff vai ao Rio no domingo receber chefes de Estado e
entregar a taça de campeão do torneio. O jogo da final da Copa, que acontecerá
neste domingo (13), no estádio do Maracanã, no Rio, deve ser acompanhado por
autoridades de ao menos sete países.
A lista de chefes de Estado e
governo presentes à disputa entre Argentina e Alemanha ainda não foi divulgada
oficialmente. A expectativa é que Dilma assista ao jogo na companhia dos
presidentes da Rússia (que sediará a Copa de 2018), África do Sul, Gabão,
Haiti, e da Alemanha.
Aécio
critica 'uso político' da Copa
São Paulo O candidato do PSDB à
Presidência, senador Aécio Neves (MG), disse ontem que o governo federal tentou
se apropriar politicamente da Copa do Mundo e agora pagará o preço da
eliminação. Para o tucano, a presidente Dilma Rousseff (PT) reagiu ao evento de
acordo com o humor dos brasileiros em relação ao Mundial.
"Quando vieram as
manifestações, ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa dá
certo, parecia até que era ela a artilheira da seleção. Acho que quem vai pagar
o preço (da eliminação do Brasil) são aqueles que tentaram se apropriar de um
evento que é de todos os brasileiros", disse Aécio, em Vila Velha (ES).
Vaiada e hostilizada por alguns
torcedores na abertura da Copa, a presidente passou a falar mais sobre o evento
nas últimas semanas, após aumento da aprovação popular ao torneio. Ela criticou
os que previam fracasso na organização do Mundial.
Com a eliminação da seleção,
goleada por 7 a 1 pela Alemanha na última terça, dia 8, o governo busca agora
minimizar o efeito negativo da derrota sobre o humor da população.
Aécio esteve no Mineirão
assistindo ao duelo, mas evitou divulgar a presença no estádio. Após a partida,
difundiu nota em que disse compartilhar "como torcedor e como
brasileiro" a frustração diante do resultado.
"Estive lá, como torcedor,
no Mineirão, atônito com aquele resultado, e nunca misturei as coisas. Mas
aqueles que esperavam fazer da Copa do Mundo, como disse a presidente, uma
belezura para influenciar nas eleições, vão se frustrar", afirmou Aécio.
O termo "belezura" foi usado por Dilma na segunda-feira (7),
véspera da eliminação, em bate-papo com internautas.
O vice-presidente Michel Temer
afirmou ontem que é preciso distinguir o "sucesso administrativo" da
preparação do Mundial e o desempenho do Brasil em campo. Para Temer, a Copa
teve uma "organização perfeita" em termos de aeroportos e foi
"sucesso absoluto" na organização administrativa.
Fonte: Reuters.
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