domingo, 20 de julho de 2014

ATOS IMORAIS DE QUEM PODERIAM LEVAR A SÉRIO.

 CONTO-DA-CAROCHINHA
DOCUMENTOS LEVADOS AO TRE DEVERIAM SER REAIS

Edison Silva

A proposta da lei era criar um vínculo entre o candidato e o eleitor, também através de suas propostas de Governo.

Os candidatos a governador do Ceará, por imposição da legislação eleitoral, apresentaram ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), no ato da formalização dos pedidos de registro de suas candidaturas, propostas de gestão a serem defendidas no curso da campanha, como uma espécie de compromisso a assumirem com o eleitorado, de gerirem o Estado, a partir daquelas ideias pré-estabelecidas.

A lei que impõe essa obrigação aos candidatos a cargo majoritário (prefeito, governador e presidente) é de setembro de 2009. Sua finalidade, como as de inúmeras outras normas existentes no País, é boa, pois pretende vincular o eleitor não mais apenas aos discursos vazios ou apelativos dos postulantes aos cargos de chefe do Executivo de qualquer das esferas do poder da administração pública brasileira, mas ao seu projeto ou a pontos deles.

Busca, ainda, suprir uma deficiência do Estado brasileiro, de não planejar o futuro da administração. Cada prefeito, governador ou presidente chega ao poder com a vaidade de ser o "salvador da pátria" ao estabelecer um projeto próprio, sem qualquer debate público, como o mais apropriado para o seu momento, dissociado, quase sempre, do que o anterior houvera feito e do imperioso se fazer no futuro, resultando, como alguns exemplos ainda bem presentes mostram, em desperdício de recursos.

Porém, como vários outros diplomas no ordenamento jurídico brasileiro, esse, também já está desrespeitado, na segunda oportunidade de sua aplicação (a primeira foi em 2012). Detendo-se aos documentos apresentados pelos quatro candidatos ao Governo do Ceará, não exagera quem afirma ter encontrado em meio ao calhamaço de papeis, escrito por profissionais contratados para tal, só e tão somente projetos mirabolantes, posto que impossíveis de serem concretizados até por um Estado melhor situado financeiramente que o Ceará, cujo Orçamento, deveras limitado, não permite sequer, com a urgência necessária, se construir a infraestrutura reclamada para o avanço do seu crescimento. Os documentos apresentado, ao fim acabam formando um verdadeiro conto da carochinha.

Lamentavelmente, o desrespeito à lei, nesse caso, é por quem pretende ser a principal autoridade do Estado. Os documentos entregues ao Eleitoral, sem dúvida, pelo demonstrado, sequer foram coordenados pelos candidatos, até pelo fato de dois destes nem saber que poderiam ser escolhidos para a disputa de tão importante cargo, embora isso não os eximam de responsabilidade pela situação, no fundo um ponto deveras negativo, pois assumem ideias dos outros como se suas fossem.
Candidatos a prefeito, governador e presidente não devem ser escolhidos como foram os apresentados para suceder o atual governador cearense, Cid Gomes. A responsabilidade do cargo a ser exercido reclama uma preparação de quem se lança para tal, seja qual for a sua experiência de vida ou graduação acadêmica. Sem dúvida, as deficiências das administrações públicas, além da corrupção nelas arraigada, residem na falta de preparo dos seus gerentes. Os partidos e suas lideranças além de não preparem os futuros governantes, quando os têm relegam para satisfação dos seus interesses pessoais.

Os problemas do Estado do Ceará como de resto de todas as outras unidades da Federação, deveriam estar sendo discutidos permanentemente. O governador, qualquer que seja ele, precisa ser questionado. A população há de se sentir melhor em relação ao seu governante se conhecer as posições das lideranças sobre as ações da administração, pois fica mais preparada para escolher quando chegar às urnas. É só retórica dizer que no curso da campanha será discutido com a população um plano de Governo.

Não há ambiente propício para discussão das prioridades do Estado com os candidatos em busca de voto.

*Edison Silva
Editor de política. DN.


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