Padre Anchieta é declarado
santo
04.04.2014
Jesuíta espanhol foi canonizado
em reconhecimento ao seu trabalho catequizador com os índios no Brasil.
Cidade do Vaticano O papa
Francisco assinou, ontem, o decreto de canonização do padre José de Anchieta,
transformando em santo o jesuíta considerado o "Apóstolo do Brasil" e
um dos responsáveis pela fundação da cidade de São Paulo.
O papa Francisco irá celebrar
missa em comemoração à canonização em 24 de abril, na Igreja de Santo Inácio de
Loyola, em Roma. No Brasil, a celebração do novo santo acontecerá dia 4 de
maio, no Santuário Nacional de Aparecida (SP).
Anchieta, nascido em março de
1534 nas Ilhas Canárias, na Espanha, chegou ao Brasil com apenas 19 anos e
viajou o país inaugurando missões religiosas e atuando na catequese de índios,
inclusive tendo aprendido o tupi. "Anchieta é santo. Na manhã de ontem, o
papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, o Prefeito da Congregação das
Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato", informou nota no site do
Vaticano.
"Depois de ouvir o relatório
sobre a vida e a obra do 'Apóstolo do Brasil', o pontífice assinou o decreto
que reconhece a figura e a grandeza do missionário, colocando assim seu
testemunho como exemplo para os cristãos de todo o mundo."
O primeiro pedido de canonização
de Anchieta foi feito há 417 anos. Depois de um novo pedido apresentado em
outubro de 2013 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o papa
Francisco ligou pessoalmente para o presidente da CNBB, cardeal Raymundo
Damasceno, informando sobre a canonização, de acordo com o Vaticano.
Junto com o padre Manoel da
Nóbrega, Anchieta fundou em 25 de janeiro de 1554 um colégio em Piratininga,
onde aos poucos se formou um povoado ao redor que foi batizado pelo missionário
de São Paulo, em homenagem ao dia em que se comemora a conversão do apóstolo
Paulo. Anchieta morreu em 1597, aos 63 anos.
Trajetória
A canonização do espanhol é uma
forma de reconhecimento do Vaticano ao trabalho jesuíta na educação,
catequização de povos indígenas e fundação de vilas no Brasil colonial, segundo
teólogos e historiadores. Há, porém, quem o acuse de prejudicar a cultura
indígena.
"Alguns teóricos argumentam
que o ímpeto catequizador de Anchieta destruiu a cultura indígena ao pregar o
catolicismo na selva, mas temos que situar o homem em sua época. Em sua visão,
Anchieta estava levando os índios para Deus e fazia isso pelo convencimento,
nunca pela força", afirma o historiador Gabriel Bittencourt, ex-professor
da Universidade Federal do Espírito Santo e autor do livro Recriando Passos de
Anchieta.
Ele é retratado por historiadores
como um homem que soube lidar diplomaticamente com os índios. Aprendeu
tupi-guarani e estudou crenças para montar peças teatrais que ajudassem nativos
a entender o catecismo.
O papa também reconheceu as
"virtudes heróicas" - primeiro passo no processo de beatificação e
canonização - da brasileira Maria Teresa de Jesus Eucarístico (1901-1972),
fundadora da congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada.
Fonte: - Reuters.
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