COLUNA
Idéias - opinião.
JUVENTUDE ROUBADA
O crescimento da AIDS, o aumento
da violência e a escalada das drogas castigam a juventude. A deterioração
econômica exacerba o clima de desesperança. A percepção da falência do Estado
em áreas essenciais (educação, saúde, segurança, transporte) gera muita
frustração.
Para muitos jovens, os anos da
adolescência serão os mais perigosos da vida. Desemprego, gravidez precoce,
aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas compõem a trágica
equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma
explosão de violência. Além disso, a juventude não foi preparada para a
adversidade. E a delinquência é a manifestação visível da depressão. As análises
em políticas públicas esgrimem inúmeros argumentos. Fala-se de tudo. Menos da
crise da família. Mas o nó está aí. Se não tivermos a firmeza de desatá-lo, assistiremos
acovardados e paralisados, a uma espiral de violência sem precedentes. O
pragmatismo e a irresponsabilidade de alguns setores do mundo do entretenimento
estão na outra ponta do problema.
A era do mundo do espetáculo,
medida pelas oscilações do Ibope, tem na violência uma de suas alavancas. A
transgressão passou a ser a diversão mais rotineira de todas. A valorização do
sucesso sem limites éticos, a apresentação de desvios comportamentais num clima
de normalidade e a consagração da impunidade têm colaborado para o aparecimento
de mauricinhos do crime. É preciso ir às causas profundas da delinquência. Ou
encaramos tudo isso com coragem ou seremos tragados por uma onda de violência
jamais vista.
Carlos Alberto Di Franco
Professor e doutor em Comunicação
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