DIÁRIO DO NORDESTE
COLUNA – IDÉIAS – OPINIÃO
Boemia
Algumas pessoas pensam que a vida
de um boêmio é irresponsavelmente boa. Nem sempre. Na maioria das vezes é cheia
de sofrimento refletido na mesa de um bar, sem a companhia desejada e ouvindo
musicas sentimentais que batem sem dó no coração. Eis o caso do Paulo. Homem
bom, não desejava e não fazia mal a ninguém, talvez somente a ele. Marcou com a
linda Alice, numa noite de lua cheia, um encontro no bar do "seu"
Joaquim, localizado na rua capitão Romão, próximo à praia dos prazeres. Chegou
ao local combinado, como convém a qualquer cavalheiro, com meia hora de
antecedência. Procurou e encontrou uma mesa com
apenas duas cadeiras. Feliz da vida pediu uma cerveja bem gelada e um par de
copos. Solicitou a segunda e a terceira garrafa. Alice estava demorando. Já era
tarde, duas horas da madrugada. Alice não chegava. Ao seu lado, um casal bebendo e
alegre, comemorava o encontro, pois com certeza, antecederia momentos de
prazer. Em outra mesa, três boêmios, acompanhados por um violão de sete cordas,
cantavam Lupicínio Rodrigues: "Nunca", "Vingança",
"Castigo", "Volta" e outras belas composições. Paulo já estava na quarta garrafa
de cerveja, envolto numa tristeza oceânica e dominado por forte desilusão. Ela
não mais virá. Olhando para a "Cadeira Vazia" a sua frente, resolveu
ir embora. Magoado, quase chorando e cabisbaixo, caminhando pelas ruas
desertas, pensou: Alice me enganou. Tentava esquecer, cantarolando: "a
vergonha é a herança maior que meu pai me deixou". Força Paulo, a vida é
assim.
Gonzaga Mota.
*Gonzaga
Mota - Professor – Escritor – Economista – bancário (inativo) – ex Secretário
de Planejamento do Estado – ex GOVERNADOR DO
CEARÁ e ex – Deputado Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário