Em resposta,
deputado licenciado desafia a cúpula petista afirmando que permanece no cargo
'até o fim' e diz que fará o sucessor na vice-presidência da Câmara.
Brasília - Em reunião ocorrida em
Brasília na manhã desta terça-feira, 21, dirigentes do PT avisaram o deputado
licenciado André Vargas (PT-PR) que, se ele não renunciar ao mandato, será
expulso do partido. Vargas resistiu e desafiou a cúpula petista. "Não
renuncio. Agora vou até o fim e vou fazer o meu sucessor na vice-presidência da
Câmara", afirmou, numa referência ao deputado Luiz Sérgio (RJ).
O presidente do PT, Rui Falcão,
disse a Vargas que as denúncias de irregularidades envolvendo o nome dele desgastam
ainda mais a imagem do partido, já abalada com o escândalo do mensalão.
"Você já deveria ter renunciado para evitar tudo isso", afirmou
Falcão, em tom duro.
A reunião, na sede do PT, foi
marcada pela tensão. A portas fechadas, o presidente do PT pediu a Vargas que
abra mão do mandato para não prejudicar o partido e as campanhas eleitorais de
Alexandre Padilha ao governo de São Paulo; de Gleisi Hoffmann à sucessão no
Paraná e da própria presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.
Diante da resistência de Vargas -
que levou para a reunião os deputados José Mentor (SP) e Luiz Sérgio (RJ) -,
dirigentes petistas deixaram claro não haver dúvida sobre sua expulsão do PT,
uma vez que o caso já está com a Comissão de Ética da legenda.
Vargas também é alvo de processo
no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, que investiga suas
ligações com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato, da
Polícia Federal, por suspeitas de lavagem de dinheiro e outros crimes.
"Nós sabemos que você não vai
conseguir sustentar sua versão dos fatos no Conselho de Ética e no plenário da
Câmara", disse Falcão a Vargas. "Ele tem o direito de se defender e
nós vamos ajudá-lo", rebateu Mentor.
Nos bastidores do partido e do
governo, Luiz Sérgio, Mentor e o deputado Cândido Vaccarezza (SP) são chamados
de "tropa de choque" de Vargas.
Protelação.
A pedido do deputado
licenciado, o petista José Geraldo (PA) apresentou, na tarde desta terça,
pedido de vista no processo disciplinar contra o ex-vice-presidente da Câmara.
Com a manobra, ele conseguiu ganhar tempo e adiar a análise do caso para o dia
29.
Pressionado pelo PT e por
ministros, Vargas só renunciou até agora à vice-presidência da Câmara.
Integrante da corrente "Construindo um Novo Brasil", majoritária no
partido, ele está disposto a fazer de Luiz Sérgio o seu sucessor, desafiando o
grupo de Rui Falcão, que prefere no cargo o deputado José Guimarães (PT-CE).
Ainda nesta terça, Falcão fará
relato da conversa com Vargas à presidente Dilma, com quem se reunirá à noite,
no Palácio da Alvorada, juntamente com outros coordenadores da campanha.
Para o líder do PT na Câmara,
Vicente Paulo da Silva (SP), o Vicentinho, Vargas está cometendo um
"grande erro" ao expor o partido, o governo e seus candidatos.
"Ele vai ficar sangrando em praça pública", disse Vicentinho, que
também participou da reunião de hoje com Vargas. "Esperamos que ele volte
atrás.".
Fonte: Estadão.
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