Os homicídios no Brasil de hoje
são praticados, na maioria das vezes, com o uso de armas de fogo. Vai distante
o tempo do uso das peixeiras para ferir ou matar o desafeto, às vezes por briga
ocasional e casos passionais. A peixeira de vinte e uma polegadas já não
integra a crônica policial. Agora é o revólver 38 duplo, a pistola 45, de uso
privativo das forças policiais, é a escopeta e até a metralhadora, pasmem. Onde
os bandidos conseguem tais arsenais, eis a questão. E do maior ao menor, ao
menor mesmo de idade, todos estão de posse e fazem uso de armas de fogo. Onde
as obtêm ninguém sabe. Há uma rede de distribuição, sem dúvida. Eles sabem onde
os revólveres dormem, a quem pertencem e quanto custa a compra ou aluguel. Os
cidadãos pacatos e ordeiros não sabem onde adquirir uma bala, quanto mais um
revólver ou uma escopeta. E se forem flagrados na posse de uma arma de fogo
serão presos e processados, e terão de apegar-se com deus e o diabo para não
descerem para a cadeia. O governo soube, num passe de mágica, desarmar o
cidadão e a sua família, e deixar bem armado o bandido. Este, ao agir, já parte
do pressuposto de não encontrar qualquer reação pelo lado da vítima, pois esta
estará desarmada, portanto à mercê da ação criminosa do delinquente. E se o
ladrão, antigamente, limitava-se em roubar a vítima, mas sem tirar-lhe a vida,
pois tinha plena consciência do gravame penal, agora qualquer bandido pé de
chinela lança mão dos bens e rouba a vida da pessoa, pois nada lhe importa a
gravidade do crime, mas a certeza da impunidade, principalmente se for
considerado menor de idade.
Eduardo Fontes
Jornalista e administrador.
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