sábado, 12 de abril de 2014

COMENTÁRIO - JOÃO BATISTA PONTES

 ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL BRASÍLIA CAPITAL.

PASSAMOS BATIDOS.

João Batista Pontes

Amigos:
Em recente manifestação baderneira em São Paulo (fevereiro de 2014), uma jovem universitária declarou: “Sou totalmente contra a Copa; acho que o País não tem dinheiro para isso”. Esses manifestantes retardatários deveriam saber é que o momento para tentar impedir a realização da Copa já passou: seria antes de outubro de 2007, quando o Brasil foi escolhido para sediar o evento. Mas agora, quando o País já realizou todos os investimentos na preparação do evento, tais manifestações não têm mais sentido.

Nada foi feito “às escuras”: Todos sabiam que o Brasil, desde 2003, estava disputando o “privilégio” de sediar a Copa 2014. Naquele ano, a Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) anunciou que a Argentina, o Brasil e a Colômbia se candidataram à sede do evento e, em março de 2006, que o Brasil era seu único candidato.

A estratégia era a mesma do governo do PT desde o momento que assumiu o poder: conquistar maior visibilidade internacional ao País e participar mais ativamente da liderança mundial, a despeito de todos os problemas socioeconômicos internos: Reivindicação de assento no Conselho de segurança da ONU; participação em missões internacionais de paz (Haiti, por exemplo); sediar as olimpíadas de 2016; e outros movimentos similares. Inicialmente a sociedade e a própria imprensa eram quase unânimes em apoiar os esforços para trazer o evento para o Brasil. E quando o País foi escolhido o clima era de ufanismo: “A Copa é nossa!”, diziam as manchetes. E anunciava-se em clima de êxtase: Mais de R$ 25 bilhões serão investidos em aeroportos, estádios e novos sistemas de transportes para adequar a infraestrutura das capitais aos milhares de turistas que viriam ao evento. O setor econômico (hotelaria, comércio, setor aéreo, etc) bateu efusivas palmas: era o momento de faturar alto! E, naquela ocasião, foram poucas as vozes que se manifestaram contra a realização da Copa: “Passamos batidos”, ficamos calados como sempre.

Dezoito (18) capitais de Estados brasileiros concorreram para sediar o grande evento e, ao final, doze (12) foram selecionadas. Todos sabiam que, para atender aos padrões impostos pela FIFA, todos os estádios teriam que ser reformados (na realidade, reconstruídos, o que é pior, pois ainda teríamos os custos com a destruição dos antigos) e outras arenas ainda deveriam ser construídas. A primeira grande decepção veio com as exageradas exigências da FIFA: tivemos até de promulgar uma lei (“Lei da Copa”) alterando várias práxis consolidadas no País, inclusive flexibilizando as normas de licitação de obras e serviços, para agilizar as reformas/construções da infraestrutura necessária. A segunda com as enormes somas dispendidas na preparação da infraestrutura e com as notícias de eventuais desvios de recursos públicos. A reconstrução do estádio de Brasília, por exemplo, orçada inicialmente em torno de R$ 700 milhões, acabou saindo por mais que o dobro. "Além do mais, no caso de Brasília, por exemplo, todos sabem que o estádio, para 70 mil torcedores, foi superdimensionado. O mais adequado seria um estádio com capacidade para 50 mil. Mas o governador, que dedicou dois anos do seu mandato a uma “campanha megalomaníaca” para trazer a abertura da copa para Brasília, precisava para isto de um estádio com capacidade para 70 mil torcedores." Em síntese: Na ocasião certa não ocorreram manifestações significativas contrárias à realização da Copa no Brasil. Até ficamos, com raras exceções, 

um pouco envaidecidos. Dificultar, ou tentar impedir, agora a realização da Copa é uma insensatez total, um prejuízo inconcebível sob todos os pontos de vistas. Isto porque, como dito antes, todos os gastos com os preparativos já foram feitos ou estão em fase final. O bom senso indica que agora só nos resta receber as seleções e os turistas, faturar o que for possível e razoável em cima deles, e agir e rezar para que tudo dê certo. Passada a Copa, cabe-nos exigir a apuração minuciosa dos eventuais desvios de recursos e uma mudança de postura dos governantes na priorização e na moralidade dos gastos públicos, que devem se voltar para a solução dos nossos graves problemas de segurança, saúde, educação, saneamento básico, transporte urbano, etc. E, em especial, viabilizar novas formas de utilização de toda a infraestrutura construída para a Copa. 
Enfim, será uma boa hora para se repensar o nosso País, inclusive pela possibilidade de eleição de novos políticos/governantes.

*João Batista Pontes, novarrussenseEscritor - Geólogo – sociólogo - matemático – Consultor Legislativo inativo do Senado Federal - área Orçamento Público.
– bacharelando em direito.
– residente em Brasília DF.




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