Partidos de oposição ao governo
na Câmara preparam uma ofensiva para exigir explicações e uma investigação
específica pelo Ministério Público das denúncias de envolvimento do ex-ministro
da Saúde Alexandre Padilha com o doleiro Alberto Yousseff, preso pela Polícia
Federal sob suspeita de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que
movimentou R$ 10 bilhões.
Documentos da Polícia Federal
apontam indícios de que Padilha, que é pré-candidato ao governo de São Paulo,
teria indicado, na época em que comandava a pasta da Saúde, um executivo para o
Labogen, laboratório do doleiro que teria sido usado em esquema de lavagem de
dinheiro. O ex-ministro nega
envolvimento com Youssef e se diz indignado com a suspeita.
Conforme a PF, o executivo
indicado seria Marcus Cezar Ferreira de Moura, coordenador de promoção de
eventos da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde na gestão de
Padilha.
O líder do PSDB na Câmara,
Antônio Imbassahy (PSDB-BA), afirmou ao G1
que vai pedir ao Ministério Público Federal a abertura de um inquérito para
investigar especificamente a conduta do ex-ministro. “Vamos pedir uma
investigação específica para apurar essa relação entre Padilha e o doleiro. A
acusação é grave, sobretudo porque é na área de saúde”, disse o tucano.
Imbassahy afirmou que também
protocolará pedido de informações ao Ministério da Saúde sobre a nomeação de
Marcus Cesar Ferreira de Moura para a pasta, as funções que exercia e os
motivos que resultaram em sua saída do governo.
Outra estratégia da oposição será
apresentar uma série de convites para que Padilha preste esclarecimentos na
Câmara. PSDB, DEM e PPS vão protocolar entre esta sexta (25) e a próxima
segunda (28) requerimento para que o petista fale na Comissão de Fiscalização e
Controle. Pedidos para que o ex-ministro fale em outros colegiados da Casa
também devem ser elaborados no início da próxima semana, segundo líderes da
oposição.
“Acho que a gente precisa apurar,
são irregularidades graves. Estou protocolando solicitação para que o ministro
vá à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Também vou chamar Marcus
Cezar para falar na comissão, já que ele era de confiança do ministro e saiu de
lá para trabalhar no Labogen”, afirmou ao G1 o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PB).
O líder do PPS, Rubens Bueno
(PR), também defendeu a ida de Padilha ao Congresso. "Nada mais justo do
que o ex-ministro [Alexandre] Padilha ter o espaço público da Câmara para se
explicar. Aliás, essa não é primeira suspeita de irregularidade envolvendo a
sua gestão. Há a questão dos contratos da área de saúde indígena, investigados
por vários órgãos. Queremos ouvir suas explicações", disse o deputado em
comunicado à imprensa.
O líder do PT na Câmara, deputado
Vicentinho (SP), afirmou que Padilha “certamente” comparecerá se for chamado a
falar em comissões da Casa, porque, segundo ele, "quem não deve não
teme". “Não temos como impedir [a apresentação de requerimentos]. Se
conseguir aprovar o convite, tenho certeza de que ele virá. Não tem porque não
vir. Quem não deve não teme”, disse.
Vicentinho afirmou confiar
plenamente na honestidade de Padilha e disse que as denúncias contra o
ex-ministro têm o objetivo de prejudicar sua candidatura ao governo de São
Paulo. “Conheço o Padilha desde que era jovem e tenho convicção de que ele é um
homem honesto, sério. Agora, é candidato a governador e começam a jogar para
cima dele também.”
Fonte: G1- Brasília DF.
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