domingo, 20 de abril de 2014

PESQUISA IBOPE - REELEIÇÃO DA PRESIDENTE "O JÁ GANHOU" COMEÇA A PREOCUPAR

 IBOPE.
Pesquisa deixa presidente em alerta.

Segundo analista, nenhum candidato à reeleição que teve avaliação abaixo de 34% foi bem-sucedido.

Brasília. A pesquisa Ibope divulgada na última quinta-feira (17) que mostrou a presidente Dilma Rousseff com 34% de aprovação (somados os que acham sua administração boa ou ótima) acende um sinal amarelo em sua campanha. Segundo uma análise do cientista político Alberto Carlos Almeida, a julgar pelo retrospecto de 104 eleições para governadores e presidente desde 1998 em que havia um candidato tentando a reeleição, Dilma hoje não conseguiria um novo mandato presidencial.

O estudo de Almeida mostra que, justamente quando teve 34% ou menos de avaliações de gestão ótima ou boa antes do pleito, nenhum candidato que tentou a reeleição, desde que ela foi instituída, foi bem-sucedido. Os que tinham aprovação de 46% ou mais, ao contrário, tiveram 100% de êxito.

Segundo Almeida, mesmo liderando as intenções de voto, com esse patamar de aprovação, Dilma Rousseff hoje não se reelegeria. O cientista político, no entanto, faz uma ressalva, citando os casos das reeleições de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e a de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Embora eles tivessem índices de aprovação abaixo de 46% em julho (os dois tinham 38%), ambos tiveram aumento nas avaliações positivas de seus governos às vésperas do pleito, e acabaram sendo reeleitos. "É possível aumentar o desempenho de governo ótimo e bom no decorrer da campanha. A situação atual é de grande risco para a presidente Dilma, mas ela pode reverter o quadro. Se as eleições fossem hoje, a probabilidade maior seria a eleição de um candidato de oposição", afirma Alberto Carlos Almeida.

Brancos e nulos impactarão

Para o cientista político, os eleitores que atualmente avaliam mal o governo Dilma estão declarando voto em branco, nulo, ou dizem ainda não saber em quem votar. "Esses votos provavelmente irão para os candidatos de oposição. Devem migrar principalmente para o Aécio (Neves), que é quem tem a base mais sólida", disse Almeida, para quem a principal reclamação do eleitorado em relação ao governo Dilma vem da área econômica.

O professor Roberto Romano, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), cita outro dado da pesquisa Ibope: embora a diferença seja de apenas um ponto percentual, pela primeira vez a fatia dos que não gostam da maneira de Dilma governar ultrapassou a dos que aprovam - a desaprovação aumentou de 43% para 48%, e a aprovação caiu de 51% para 47%. "Há uma percepção de que Dilma está sendo tutelada (pelo ex-presidente Lula), e o envolvimento dela no caso de Pasadena deixou evidente que, como ministra e presidente do conselho da Petrobras, ela falhou", afirma Romano.

Fatores

Na avaliação do cientista político Fernando Abrucio, professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, o eleitor, neste momento, ainda não está preocupado com as eleições deste ano. Ele diz que a queda na aprovação no governo da presidente, segundo mostrou a pesquisa Ibope, está mais relacionada a dois fatores: a inflação e a perda no poder de compra do "brasileiro mediano"; e a sensação de que os serviços públicos em geral não andam bem. "É a mesma (sensação) que mobilizou as pessoas no ano passado, nas manifestações que ocorreram em junho", diz o professor.

Segundo Abrucio, baseado em análises qualitativas, o eleitor tem, em geral, um apelo por mudança misturado a um sentimento de desilusão. E isso seria um problema tanto para o governo quanto para a oposição. “Os dois principais concorrentes da presidente, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), ainda são pouco conhecidos e estão fazendo de tudo para melhorar isso”. Faço muita (pesquisa) qualitativa e vejo que os eleitores querem mudanças, mas também a manutenção das transformações sociais, principalmente as dos últimos dez anos.

"Marcas" sociais

Com a popularidade em queda, o patrimônio de "gerente" corroído e sob ameaça de uma CPI da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff determinou aos ministros que adotem a estratégia da multiplicação das marcas do governo. A ordem é para que todos os auxiliares, sempre que fizerem discursos públicos, citem programas sociais como Mais Médicos, Pronatec, Prouni, Brasil Sem Miséria e também o Minha Casa, Minha Vida.

Fonte: Reuters.


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