quarta-feira, 23 de abril de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'QUARTA-FEIRA' 23 DE ABRIL DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

MAGNA CONQUISTA DEMOCRÁTICA.

Nobres:
Nos tempos da nossa mocidade exatamente há três décadas o Brasil vivenciou a maior manifestação do povo brasileiro na época que surgia o movimento em torno das “Diretas Já”. Diante da força do regime militar a sociedade construída de políticos e de todos os segmentos sociais que se cognomina de sérios pedia a volta das eleições presidenciais diretas, um marco organizado que em comícios memoráveis mobilizou mais de um milhão de pessoas em praças do Rio de Janeiro e São Paulo. Vale ressaltar os tidos como heróis da resistência democrática (optando pelas armas defensoras da anarquia e dos saques que em nome desse conceito se alto proclamação, tiveram a oportunidade de ascender o poder impregnado pela fama, (tão peculiar da nossa gente) mas voltaram a reincidir na roubalheira estabelecendo uma modernidade de se locupletar e resistem na sempre retórica de rever condenações imposta por seus atos. Numa linha mais direta relacionada aquele magno acontecimento onde recordará os 30 anos da votação da Emenda Dante de Oliveira, resposta de parte do Legislativo à maior manifestação popular da história do país. Naquela ocasião, a população pressionava o governo militar para poder votar para presidente da República. É importante que gerações que vieram depois, em especial a que já conquistou o direito de votar, sejam bem informadas sobre a importância de um gesto aparentemente singelo. Somente os que viveram sob um regime de exceção podem transmitir aos mais jovens o amplo significado para o país de uma mobilização que, observada pelo resultado imediato, pode ser vista erroneamente como uma iniciativa fracassada. A campanha das diretas não sensibilizou o Congresso, naquele 25 de abril de 1984, e a emenda foi rejeitada, mas potencializaram-se, nos anos seguintes, as aspirações da maioria pela reconquista da eleição para presidente, que somente iria ocorrer em 1989. Três décadas, contadas a partir daquelas manifestações de rua, são um tempo suficiente para que o Brasil avalie avanços e eventuais falhas de uma democracia em permanente construção. O país consolidou, em seis pleitos presidenciais, o princípio elementar de que um país somente é democrático se puder escolher livremente seus representantes no Congresso e no Executivo. Desde o golpe de 1964, o regime militar tentara convencer a população de que um grupo restrito poderia indicar o nome do ocupante do cargo máximo da República. O esforço para esse convencimento chegou ao ponto de estabelecer em Lei, sancionada pelo regime militar, que os eleitores estariam alijados da escolha. A emenda das diretas foi a primeira tentativa efetiva de tentar reconquistar, via Congresso, um direito que é de todos. Regimes de exceção, que ainda prosperam no mundo, reafirmam sua índole totalitária exatamente nesse aspecto permitem eleições para parlamentos e até definem mecanismos manipulados de participação direta, mas evitam todas as formas que o principal mandatário do país seja alguém que expresse a vontade da maioria. O Brasil escapou dessa armadilha do totalitarismo. A cada dois anos, os brasileiros experimentam a mais efetiva expressão da democracia, elegendo representantes para cargos legislativos e executivos. Mas nenhum pleito, pela importância real e simbólica, tem a relevância do que, de quatro em quatro anos, resulta na indicação do presidente da República. Dentro de uma aparência de inquietação do povo brasileiro causada pelo papel dos políticos da atualidade que se padronizam pela corrupção, por outro lado, podemos se aperfeiçoar os avanços que levaram ao aprimoramento dos instrumentos de vigilância e de acesso à informação, com maior transparência dos órgãos públicos. Mas o país ainda lida com desencantos, representados pela alta abstenção nas eleições, pela frustração com atos de corrupção impunes e com serviços estatais precários. O importante é que, apesar das limitações, a democracia se impõe como conquista irreversível e o eleitor certamente se conscientizarão da importância de exercitar a sua soberania.

Antônio Scarcela Jorge.


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