sexta-feira, 18 de abril de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'SEXTA-FEIRA SANTA' 18 DE ABRIL DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

EDUCAÇÃO AGONIZANTE


Nobres:
A amplitude determinada por conceitos estranhos a cultura didática é deveras contraditório e se esvai diante de certos temas de conceito popular, não leva a nada. Pensada originalmente como um espaço onde os estudantes pudessem ter acesso ao saber acumulado pela humanidade e à cultura erudita, como elemento de prioridade a escola, a partir da visão “freiriana”, passou por uma espécie de inversão de papéis: nesse contexto, o aluno deixa de ser o aprendiz e passa ele também a ser aquele que professa, que ensina alguma coisa, na medida em que o assim chamado “saber popular” deva ser trazido para a sala de aula e compartilhado por todos, o que deu origem à famosa frase de Freire, “ninguém educa ninguém”. - Esta ideia do “tudo pode”, “tudo é válido quando há boas intenções”-: entretanto pelo menos se torna estranho e de certo modo “jocoso” que nos chamou atenção: um professor em Brasília, ao passar uma prova para uma turma de ensino médio inseriu como temática a funkeira Valesca Popozuda, em uma de suas músicas (que não tem sentido nenhum oferecido a pobreza da composição em evidência e, mais ainda, considerou a diletíssima funkeira, expressão de excelência na educação – nos parece brincadeira! -  A exemplo deste ato, de certa forma desmontou a noção de que no espaço da escola é preciso sim haver um professor, um mestre que orienta e ensina e um aluno que aprende, que exercita, que sistematiza e isso nada tem a ver com dominação de uma classe opressora, e sim com a necessidade de existir um direcionamento, uma orientação e objetivos mais ou menos claros de onde se pretende chegar e quais conhecimentos se quer privilegiar, contanto, não deva ser trazido para dentro da escola, é simplesmente uma questão de selecionar, priorizando aquilo que possa ser relevante e útil para o futuro de alguém, o que obviamente não é o caso. Ao contrário do que muitos possam pensar, não há nada de inovador ou engrandecedor neste feitio. Ninguém saiu ganhando nada, nem o professor e muito menos os alunos, que em nada cresceram como indivíduos ao serem convidados a refletir sobre algo tão vazio e banal. E se, como dissemos no início, a educação no Brasil agoniza, talvez depois deste episódio da pensadora Popozuda, nos reste desejar melhor projeção de essência educacional.

Antônio Scarcela Jorge.

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