COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
EDUCAÇÃO AGONIZANTE
Nobres:
A amplitude
determinada por conceitos estranhos a cultura didática é deveras contraditório
e se esvai diante de certos temas de conceito popular, não leva a nada. Pensada
originalmente como um espaço onde os estudantes pudessem ter acesso ao saber acumulado pela humanidade e à cultura
erudita, como elemento de prioridade a escola, a partir da visão “freiriana”,
passou por uma espécie de inversão de papéis: nesse contexto, o aluno deixa de
ser o aprendiz e passa ele também a ser aquele que professa, que ensina alguma
coisa, na medida em que o assim chamado “saber popular” deva ser trazido para a
sala de aula e compartilhado por todos, o que deu origem à famosa frase de Freire,
“ninguém educa ninguém”. - Esta ideia do “tudo pode”, “tudo é válido quando há
boas intenções”-: entretanto pelo menos se torna estranho e de certo modo
“jocoso” que nos chamou atenção: um professor em Brasília, ao passar uma prova
para uma turma de ensino médio inseriu como temática a funkeira Valesca Popozuda,
em uma de suas músicas (que não tem sentido nenhum oferecido a pobreza da
composição em evidência e, mais ainda, considerou a diletíssima funkeira,
expressão de excelência na educação – nos parece brincadeira! - A exemplo deste ato, de certa forma desmontou
a noção de que no espaço da escola é preciso sim haver um professor, um mestre
que orienta e ensina e um aluno que
aprende, que exercita, que sistematiza e isso nada tem a ver com dominação de
uma classe opressora, e sim com a necessidade de existir um direcionamento, uma
orientação e objetivos mais ou menos claros de onde se pretende chegar e quais
conhecimentos se quer privilegiar, contanto, não deva ser trazido para dentro
da escola, é simplesmente uma questão de selecionar, priorizando aquilo que
possa ser relevante e útil para o futuro de alguém, o que obviamente não é o
caso. Ao contrário do que muitos possam pensar, não há nada de inovador ou
engrandecedor neste feitio. Ninguém saiu ganhando nada, nem o professor e muito
menos os alunos, que em nada cresceram como indivíduos ao serem convidados a
refletir sobre algo tão vazio e banal. E se, como dissemos no início, a
educação no Brasil agoniza, talvez depois deste episódio da pensadora Popozuda,
nos reste desejar melhor projeção de essência educacional.
Antônio Scarcela
Jorge.
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