terça-feira, 1 de abril de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA 01 DE ABRIL DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

REFORMA ELEITORAL PROTELADA.

Nobres:
O prometido que vem sendo constante sobre as diversificadas propostas de reformas ocasionais, adiadas, servindo tão somente para reforçar o cenário da conveniência quando há um fato novo e servindo para desviar atenções da sociedade. Mesmo assim, dentro do emaranhado de contradições ânsia expectativa vêm novas discussões para uma causa que deveria ser prioritária para o conceito político do País. Dentre essas reformas seria necessária a eleitoral, largamente no bojo da reforma política, sendo o cetro das ações contextuais. Neste sentido verifica-se o enredo de propostas amornadas “nas prateleiras” do congresso que de bom alvitre evidenciaria pontos essenciais que daria uma nova dinâmica nos preitos eleitorais. Por exemplo: apreciaria o fim da reeleição com aumento do mandato para cinco anos. É quase consenso de segmentos da sociedade que em sua visão, é um avanço para a democracia. – “Um dos pontos fundamentais da democracia é a alternância de poder, para que um grupo político não se apodere permanentemente da máquina pública, transformando-se em ditadura disfarçada, e o mandato de quatro anos com reeleição é, na prática, um mandato de oito anos, em virtude do poder econômico da máquina pública, o que diminui a rotatividade de poder”. A eleição de meio de mandato acaba funcionando como um “recall” e o governante só perde se seu governo tiver sido uma completa tragédia no período. - Por outro lado há quem diga que, na prática, o fim da reeleição não faz muita diferença, que o detentor do poder sempre tem um sucessor candidato, e ele usaria a máquina para o seu protegido. - Isso é verdade, mas até certo ponto, pois um apoiador político nunca consegue transferir 100% da sua base eleitoral, o que aumenta as chances da oposição. Com o fim da reeleição, o mandato passa a ser novamente de quatro anos, o que parece pouco, pois um ano fica ocupado com a troca de governo. O primeiro ano de governo costuma ser muito tumultuado, já que se trata de uma nova filosofia de governo sob a égide de uma lei orçamentária votada pelo governo anterior. - O sistema atual é extremamente ruim, pois as eleições de dois em dois anos faz com que o mundo político respire eleições o tempo todo. Exemplo disso são as discussões políticas do Congresso que, nesse exato momento, estão perpassando por acordos eleitorais para o ano que vem, e isso aumenta demasiadamente o fisiologismo. Outra vantagem é que o eleitor terá a garantia de que o candidato escolhido concluirá o mandato. - Deputados costumam se lançar a prefeituras dois anos depois de eleitos, e vereadores costumam se lançar a deputados logo na eleição seguinte. É uma evidente falta de compromisso com seu eleitor. O aspecto negativo é que são nomes demais e candidatos demais para os eleitores guardarem. Uma eleição geral vai criar uma confusão geral. Mesmo com esse problema, eu aprovo a proposta, pois entendo que essa medida vai trazer uma maior renovação nos quadros políticos. Sobre a fidelidade partidária e o fim das coligações proporcionais, são medidas fantásticas e devem ser implementadas imediatamente. O excesso de partidos no Brasil é um problema real de governabilidade e aumenta o fisiologismo. Contudo, também não podemos ser contra a liberdade partidária, por ser medida liberal essencial. A questão é que o que temos no Brasil hoje não é liberdade partidária, pois essa liberdade pressupõe diversidade de ideias, e não é isso que ocorre. Os partidos são todos mais ou menos iguais hoje no Brasil, e tanto a infidelidade partidária quanto as coligações proporcionais criam um incentivo fundamental para que esse fenômeno ocorra. As coligações proporcionais destroem a ideia de que os partidos traduzem ideias. Se um partido socialista se coliga com um partido liberal, quando um cidadão liberal vota em candidato do partido liberal, pode estar ajudando a eleger um candidato do partido socialista. Essa disfunção é uma completa loucura. Sinteticamente não há ideologia política no país e sua sustentabilidade partidária. - Se junta a isso o fato do candidato eleito poder sair de um partido com uma filosofia e ir para outra, e temos de real uma salada. - Na prática, legendas de aluguel só conseguem eleger candidatos porque coligam com outras legendas de aluguel. Caso os pontos comentados efetivamente sejam aplicados, em pouco tempo os partidos sem ideologia vão morrer e somente os ideológicos permanecerão ativos. Essa é uma questão que na prática de rotatividade nada modificar em termos de significativos avanços na política do País. Vamos esperar; ninguém sabe, quando.

Antônio Scarcela Jorge.

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