O dólar oscilou constantemente em 2015 e bateram
recordes, reagindo às incertezas políticas e econômicas do país e à conjuntura internacional.
A moeda iniciou o ano perto dos R$ 2,70. Em março, já havia ultrapassado R$ 3
e, em junho, operou acima dos R$ 3,10.
No dia 22 de setembro, o dólar fechou acima dos R$ 4
pela primeira vez na história.
No dia 24 do mesmo mês, chegou a R$ 4,24, outra máxima histórica, e depois recuou, encerrando o pregão a R$ 3, 9914. Em dezembro, a moeda seguiu em alta e superou R$ 3,90 em alguns pregões.
No dia 24 do mesmo mês, chegou a R$ 4,24, outra máxima histórica, e depois recuou, encerrando o pregão a R$ 3, 9914. Em dezembro, a moeda seguiu em alta e superou R$ 3,90 em alguns pregões.
O economista Luciano D'Agostini, do Conselho Federal
de Economia (Cofecon) e pós-doutorando na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), explica que, no cenário doméstico, o dólar, valorizado em 2015,
teve relação com as dificuldades de implementação do ajuste fiscal.
“O ajuste não deu certo porque parte dele não foi
aprovada pelo Congresso. A entrega do objetivo não foi cumprida.
Com isso, as
agências de classificação de risco começaram a rebaixar as notas de crédito do
país”, ressalta.
Nesse quadro, diz, a crise política mostrou-se decisiva.
Segundo o economista, além de ter travado a aprovação do ajuste, a crise criou
um cenário de dúvidas.
“Deflagrou-se uma crise política, que também
contribuiu para o câmbio subir. É uma variável, embora a gente não consiga
medir o impacto disso na economia.
Um processo de impeachment aberto contra a
presidenta Dilma Rousseff é um risco para o país.
A operação Lava-Jato também,
pois você tem uma quebra de confiança nas instituições”, comenta.
Juros.
Do lado internacional, dois fatores pressionaram o
câmbio em 2015, na avaliação de Luciano D'Agostini.
Um foi a possibilidade de um aumento dos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).
Um foi a possibilidade de um aumento dos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).
O temor acabou se concretizando somente em dezembro, quando o Fed anunciou alta
de 0,25% nas taxas de juros de referência.
No entanto, ao longo de todo o ano,
o mercado foi afetado pela expectativa.
“O mercado financeiro faz uma antecipação de fenômeno
e estava esperando durante o ano.
A expectativa e a efetivação do aumento contribuíram para depreciação do real frente ao dólar”, diz Luciano D'Agostini.
A expectativa e a efetivação do aumento contribuíram para depreciação do real frente ao dólar”, diz Luciano D'Agostini.
O outro fator externo que contribuiu para a depreciação do real, segundo ele,
foi a desaceleração do crescimento na China.
“Isso causou impacto nos países Brics [grupo de países
em desenvolvimento formado por Brasil, Índia, China e África do Sul]”, explica
o economista. Para ele, houve valorização do dólar ante as moedas de todos os
países do grupo.
Sobre o real, o efeito foi mais forte, devido aos
problemas internos do Brasil.
Em 2016, o economista não vê o dólar recuando. Ele
lembra que o Brasil sofreu rebaixamento da Standard&Poor's e da Fitch no
segundo semestre, e que os efeitos dessas decisões devem se prolongar pelo ano
que se inicia. Além disso, diz, as questões fiscal e política não se
resolveram.
“O problema fiscal continua em 2016 e será mais grave.
O impeachment vai se prolongar.
Não há mudança estrutural na macroeconomia, um
plano de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, do lado da política monetária
americana, continua o movimento de valorização do dólar perante muitas moedas
internacionais.
Fonte: G1 – DF.
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