COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
Nobres:
É incrível no que acontece neste (dês) governo onde a
população é levada ao calcular os desmandos que em contra partida é “obrigada a
entender a economia praticada neste país. Sob o argumento de “controlar a
inflação”, as ações descabidas atribuíram ao Banco Central do Brasil a missão
de coordenar uma política monetária fundada em dois pilares: adoção de juros
elevados e redução da base monetária, que corresponde ao volume de moeda em
circulação. Na prática, tais instrumentos têm se mostrado um completo fracasso.
Além de não controlar a inflação, os juros elevados têm afetado negativamente
não só a economia pública provocando o crescimento exponencial da dívida
pública, que exige crescentes cortes em investimentos essenciais, mas também
têm afetado negativamente a indústria, o comércio e a geração de empregos. Por
sua vez, a redução da base monetária utiliza mecanismos que enxugam cerca de
R$ 1 trilhão dos bancos, instituindo cenário de profunda escassez de recursos,
o que acirra a elevação das taxas de juros de mercado e empurra o país para uma
profunda crise socioeconômica. Segundo os especialistas na política econômica
internacional, seria um suicídio deixar de utilizar, em momentos de crise, o
instrumento de emissão de moeda e a prática de juros baixos. No Brasil, o Banco
Central tem feito o contrário e, adicionalmente, ainda alimenta o mercado com
ração muito cara: As operações têm gerado centenas de bilhões de reais de
prejuízos que são pagos à custa de emissão de mais títulos da dívida pública! Até
quando nosso rico país, marcado pela abundância em todos os aspectos, ficará
submetido aos que usufruem e abusam do cenário de escassez? O Banco Central,
administrado por Tombini, não só abriu mão do instrumento de emitir moeda como
tem enxugado todo e qualquer volume de moeda que ultrapassa os míseros 5% do
PIB. Na última semana de 2015, quando o Tesouro Nacional efetuou o pagamento das
chamadas “pedaladas fiscais” e injetou dezenas de bilhões de reais no sistema
bancário o que fez o Banco Central? Retirou mais de R$ 40 bilhões de
circulação, enxugando esse volume de moeda dos bancos e entregando-lhes títulos
da dívida pública, pelos quais se pagam as mais altas taxas de juros do mundo!
Esse tipo de operação é chamado de “compromissada” ou “de mercado aberto”, e
atinge volume escandaloso de aproximadamente R$ 1 trilhão! E mais: os juros
dessas operações são pagos em dinheiro vivo, obtido por meio do rigoroso ajuste
fiscal que vem exigindo aumento de tributos sobre a classe trabalhadora e os
mais pobres, além de cortes de investimentos essenciais em todas as áreas
orçamentárias, exceto a financeira, que abastece os bancos nacionais e estrangeiros.
O resultado dessa operação é extremamente danoso ao país, pois provoca aumento
da dívida pública sem contrapartida alguma, gerando obrigação de pagar elevados
juros além de esterilizar recursos no Banco Central e amarrar o país. Mas o
dano de tal operação não para por aí. À medida que o Banco Central retira a
moeda dos bancos e lhes entrega títulos da dívida pública, ele não só
esteriliza os recursos que deveriam irrigar a economia nacional, mas impede que
os bancos reduzam as taxas de juros cobradas da população e de empresas.
Imaginem o que significaria para o país esse volume de quase R$ 1 trilhão no
caixa dos bancos. Evidentemente, eles não deixariam esse dinheiro parado, sem
render. O óbvio seria destinar esses recursos para empréstimos à sociedade,
aumentando a oferta, o que sem sombra de dúvida provocaria uma forte queda nas
taxas de juros. Os bancos entrariam em competição para oferecer taxas menores a
pessoas e empresas, o que levaria a uma redução ainda maior nas escorchantes
taxas cobradas pelo setor financeiro no Brasil, que chegaram a 415% ao ano em
2015, com anúncio de que vão subir ainda mais em 2016! A justificativa que tem
sido dada para essa atuação é o “combate à inflação”, o que não se aplica, pois
o tipo de inflação que temos no Brasil decorre do abusivo aumento de preços
administrados e alimentos: temos a energia mais cara do mundo, a telefonia mais
cara do mundo e a gasolina mais cara do mundo; tarifas de transporte público e
bancárias exorbitantes, e o preço de alguns alimentos tem impactado na inflação
devido à sazonalidade e aos históricos equívocos da política agrícola nacional,
que privilegia investimento no agronegócio voltado à exportação de commodities
e não à produção de alimentos. Em nenhum desses casos o aumento de juros ou a
redução da base monetária exerce qualquer influência. Vivemos uma verdadeira
ciranda financeira no Brasil. Em um dos países mais ricos do mundo faltam
recursos para áreas essenciais, como educação, saúde, saneamento básico e
infraestrutura, mas não faltam recursos para os abundantes juros que tornam o
país o local mais lucrativo do mundo para os bancos, mas asfixia a indústria, o
comércio e, logicamente, extinguem empregos e aprofundam injustiças. Nada de
discussão se existem recursos orçamentários para pagar os elevados juros
incidentes sobre os títulos da dívida pública, nem sequer preocupação acerca de
onde virão os recursos? Ora; os bancos privados lucram e o país registra a
dívida, apesar de não ter recebido nem um centavo sequer. É evidente que a
política monetária adotada pelo governo lulista através do Banco Central, com a
desculpa de controlar a inflação, tem se mostrado completamente fracassada e
lesiva ao país e à sociedade, pois a prática de juros altos não tem controlado
a inflação, que já atinge dois dígitos, mas tem provocado dano irreparável às
finanças públicas, à indústria nacional, ao comércio e às pessoas que dependem
de crédito. Enquanto os bancos lucram assim, todos nós pagamos a estratosférica
conta da elevada carga tributária sem o devido retorno, entregamos
continuamente patrimônio público estratégico, além de conviver com as
inaceitáveis injustiças sociais vigentes em nosso potencialmente rico país. Até
quando nosso rico país, marcado pela abundância em todos os aspectos, ficará submetido
aos que usufruem e abusam do cenário de escassez? Até quando o (dês) governo
lulista ficará à vontade para transferir centenas de bilhões de prejuízos para
todos nós, enquanto garante os maiores ganhos do mundo para os bancos privados?
Antevemos: a sociedade já não agüenta mais.
Antônio
Scarcela Jorge.
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