JUSTIÇA
OUVE RENATO DUQUE E JOÃO VACCARI EM AÇÃO QUE ENVOLVE DIRCEU.
Os três são réus em um processo da 17ª fase da Lava Jato e estão presos.
Ação investiga envolvimento de Dirceu no esquema de fraude da Petrobras.
Mais quatro réus investigados pela Lava Jato serão
interrogados pela Justiça Federal do Paraná em um
processo da 17ª fase da operação, batizada de Pixuleco I, nesta segunda-feira
(25).
São eles: o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o
ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto, o
ex-assessor de José Dirceu Roberto Marques e o ex-sócio minoritário da empresa
JD Consultoria Julio César dos Santos.
Os dois primeiros estão presos no Complexo Médico-Penal,
em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A
audiência com o juiz Sérgio Moro está
marcada para começar às 14h.
A oitiva com
os réus desta ação, que envolve, também, o ex-ministro chefe da Casa
Civil José Dirceu, começou na quarta-feira (20). Os primeiros a serem
interrogados foram Milton Pascowitch, que cumpre prisão domiciliar, o
irmão dele José Adolfo Pascowitch e o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro
Barusco.
A ação investiga, entre outras questões, o envolvimento de Dirceu no
esquema bilionário de fraude, corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na
Petrobras.
O ex-ministro está preso desde agosto de 2015 e,
atualmente, também está detido no complexo médico.
De acordo com o Ministério
Público Federal (MPF), José Adolfo atuava como operador, assim como o
irmão, da diretoria de Serviços da Petrobras, que era ocupada por Duque. O
ex-diretor da estatal já é réu em ações penais originadas da Lava Jato.
Milton Pascowitch atuava como elo entre a diretoria de
Serviços da estatal e o Partido dos Trabalhadores (PT), segundo as
investigações.
O contato era feito por meio da JD Consultoria, de
propriedade de José Dirceu, conforme a Polícia Federal. Milton
atuava junto à Engevix, empreiteira com contratos com a estatal e que é acusada
de pagar propinas a diretores.
Dirceu
pressionou para receber propina.
No depoimento de quarta, Milton
Pascowitch confirmou que o contrato de consultoria entre a empresa dele, a Jamp
Engenheiros Associados e a JD Consultoria, de propriedade de Dirceu, serviu ao
pagamento de propina por contratos entre a Engevix e a Petrobras.
Pascowitch disse, inclusive, que o ex-ministro exercia
forte pressão para receber propina desses contratos.
O lobista também afirmou que usou a Jamp para pagar
parte da compra da sede da empresa de Dirceu, a reforma de um apartamento em
nome do irmão do ex-ministro, a reforma de outro imóvel cujo verdadeiro dono
seria José Dirceu e a compra
de uma casa para a filha dele.
Ao todo, esses negócios teriam rendido ao
ex-ministro, segundo Pascowitch, mais de R$ 2,7 milhões.
O MPF afirma que essa quantia foi paga para Dirceu
porque ele foi o responsável por indicar Renato Duque ao cargo de diretor de
Serviços da Petrobras.
Para o MPF, Pascowitch foi quem intermediou os
pagamentos de propina para Dirceu e para o Partido dos Trabalhadores (PT),
durante os anos em que trabalhou junto com a Engevix. Apenas o ex-ministro
teria recebido R$ 11 milhões, segundo os investigadores.
Sobre as relações com o PT, Pascowitch afirmou que o
ex-tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto, era quem recebia as quantias
devidas pela Engevix.
A atuação dele teria começado em 2009. Segundo o lobista,
em um contrato para a construção de cascos para a exploração do pré-sal, o
partido ficou com R$ 14 milhões.
Pascowitch disse que desse montante R$ 4 milhões foram
repassados como doações oficiais ao PT.
O restante, conforme o lobista foi pago
em dinheiro vivo, para o próprio Vaccari, entre os anos de 2010 e 2011.
Perguntado sobre como transportava tanto dinheiro, ele deu detalhes.
“Eu fazia
através de uma malinha que eu tenho, com rodinha. Cabiam R$ 500 mil”.
R$ 7
milhões para o ex-ministro.
O delator Júlio Camargo, que também é réu nesta ação,
foi interrogado na sexta-feira (22), e disse que fez pagamentos
de cerca de R$ 7 milhões oriundos de propina para o ex-ministro.
Esses pagamentos, segundo Camargo, foram feitos a
pedido de Renato Duque. O delator disse que tinha uma conta corrente junto com
Duque e o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco para pagamentos de propina. “Num
momento Renato Duque me chamou e disse Júlio, da nossa conta corrente eu quero
que você destine R$ 4 milhões a José Dirceu”, relatou.
A partir de então, o delator diz que foi procurado por
outro operador, Milton Pascowitch, que se apresentou como representante de José
Dirceu e estabeleceu um cronograma de pagamentos.
A defesa de José Dirceu afirmou que o depoimento de
Pascowitch foi confuso e que as declarações precisam ser provadas, para que se
faça qualquer acusação.
Sobre o pagamento de R$ 7 milhões, citado por Júlio
Camargo, o advogado de Dirceu disse que todo o dinheiro que o ex-ministro
recebeu foi em função de serviço prestado, com nota fiscal emitida.
Afirmou
ainda que Dirceu não recebeu propina de Júlio Camargo e que tem a impressão de
que as pessoas se favorecem nas delações usando o nome de José Dirceu.
A defesa do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco
disse que ele reafirmou o conteúdo da delação premiada.
O advogado de Vaccari Neto, Luiz Flávio D'Urso, disse
que a acusação de que Vaccari recebeu dinheiro de propina não procede.
Em nota, o PT afirmou que todas as doações que recebeu
foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e foram
posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral.
Fase final.
Esta fase de depoimentos dos réus é a penúltima antes
da sentença do juiz Sérgio Moro.
Até o fim deste mês, todos serão chamados para
prestar esclarecimentos, podendo falar ou mesmo ficar em silêncio diante do
magistrado.
Após essa etapa, a Justiça determina um prazo para que o MPF e as
defesas apresentem os argumentos finais. Em seguida, o processo segue para a
análise e sentença do juiz, que pode condenar ou absolver os réus.
Fonte: G1 – PR.
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