COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.
EXPRESSAR A ÉTICA.
(É PEDIR MUITO!)
Nobres:
Pela importância natural que a indiscrição
do País tenha se voltado para os nomes das dezenas de políticos com indícios de
envolvimento no megaesquema de corrupção na Petrobras, relacionados nos pedidos
de inquérito da Lava-Jato encaminhados pela Procuradoria-Geral da República ao
Supremo Tribunal Federal (STF). Os parlamentares mencionados, tanto no
Congresso quanto na linha de sucessão presidencial, a sociedade tem o direito
de saber e de cobrar não apenas a responsabilização penal e política, mas
também o imediato afastamento dos envolvidos. Mais do que nomes, porém, o que
precisa ser levado em conta é o que esses políticos fizeram de fato para se
envolver num escândalo dessas proporções. Obviamente, ninguém pode ser
prejulgado só pelo fato de estar sendo investigado. Ainda assim, é difícil para
qualquer cidadão com um mínimo de bom senso imaginar que políticos envolvidos
no desvio de expressivas quantias de dinheiro público possam atuar na própria
CPI da Petrobras e em Conselhos de Ética do Congresso. O mesmo Senado com
parlamentares envolvidos no escândalo dará a última palavra sobre o futuro
integrante do STF, que fará parte da chamada Segunda Turma, responsável pelo
julgamento dos parlamentares denunciados. O mais rumoroso episódio anterior
envolvendo políticos com corrupção, O DO MENSALÃO mostrou o quanto esse tipo de
caso costuma se arrastar, pela sua complexidade e pela ampla possibilidade de
interposição de recursos. Por isso, paralelamente às providências em âmbito
judicial, o Congresso também precisará fazer sua parte, afastando de seus
quadros quem cometeu deslizes éticos, valendo-se de suas ambições políticas
para embolsar propinas milionárias. Antes de condenar, é preciso conhecer com
exatidão, respeitado o direito de defesa, a responsabilidade de cada um. Acreditamos
não ser a hora de instar a irracional, mas, sim, de apurar irregularidades,
responsabilizar os facínoras e isentar quem exerce com a verdadeira dignidade a
representação que os cidadãos lhe outorgaram.
Antônio Scarcela Jorge.
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