CANAL DE TRANSPOSIÇÃO
DESMORONA EM ICÓ.
O projeto é uma reivindicação
antiga para transferência de água do Açude Lima Campos para a irrigação.
Icó. Mais um exemplo de desperdício
de recursos federais vem deste município, na região Centro-Sul do Ceará. O
canal de adução ou transposição de água no Perímetro Irrigado Icó - Lima Campos
não suportou a primeira chuva. Cerca de dois quilômetros foram totalmente
destruídos. As placas de cimento foram arrastadas.
O fato gerou revolta entre os
agricultores que reivindicam o projeto há mais de 15 anos. A obra está orçada
em R$ 15 milhões e é construída pelo consórcio formado pelas empresas Cosampa e
Britânia. Os recursos são oriundos do Ministério da Integração Nacional, por
meio do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs). O prejuízo ainda
não foi calculado, mas foram pelo menos seis meses perdidos de trabalho, além
do material.
A chuva que banhou o município na
quinta-feira passada, em torno de 20mm, foi suficiente para destruir cerca de
dois quilômetros do canal em obra. O projeto mostrou-se frágil. Não foi feita
drenagem e nem contenção de água pluvial. Em um dos trechos, o canal está bem
abaixo do solo. O terreno de característica vertissolo (barro ou massapê) racha
com facilidade no período chuvoso. A água encobriu com facilidade o canal e
houve infiltrações ao longo das bordas que abalaram as placas (finas) de
cimento com brita, que se soltaram e foram arrastadas.

A água da chuva seguiu o nível do
terreno e abriu uma cratera em um ponto do canal, demonstrando a necessidade de
obra de escoamento. O presidente da Associação de Moradores do Conjunto Alfa,
local onde houve o estrago do canal, Antonio Barbosa de Lima, estava revoltado.
"O riacho encheu e a água escorreu para dentro do canal porque não fizeram
obra de contenção e nem de desvio de água das chuvas. Todos sabiam que esse
projeto não estava sendo bem feito", disse. O aposentado, Francisco Souza,
foi irônico: "Essa obra parece que foi feita por criança".
Um funcionário da empresa falou
sob a condição de não ser identificado e reafirmou o que os leigos observaram.
"Houve avisos, mas não quiseram ouvir que era preciso serviço de
drenagem". Rui Teixeira comparou a construção do canal atual com os outros
existentes no Perímetro, implantado na década de 1970. "Os primeiros estão
aí, de pé, foram bem feitos".
O engenheiro responsável pela
execução da obra, identificado por Bruno, disse que não podia falar pela
empresa, mas adiantou que a obra foi executada conforme o projeto. Sobre o
valor do prejuízo, limitou-se a dizer que "está sob análise". Ainda
não se sabe quem vai arcar com o prejuízo, se o consórcio ou o Dnocs.
O coordenador regional do Dnocs,
José Falb Ferreira Gomes, esteve reunido, na sexta-feira, com representantes da
Adicol e o chefe local do Dnocs, que lhe mostrou fotos do canal destruído.
"O projeto será readequado e a empresa assumiu o compromisso de refazer a
obra", disse. "Serão realizados serviços adicionais e outros não
necessários serão retirados. O projeto vai continuar".
O canal de adução terá 9 km de
extensão em sua primeira etapa. Cerca de 3 km estavam em construção, mas dois
foram destruídos. A obra começou em março de 2014 e teria prazo de conclusão de
um ano. O projeto é uma reivindicação antiga dos agricultores do perímetro,
pois vai possibilitar a transferência de água do Açude Lima Campos, por
gravidade, para a irrigação de dois terços dos lotes que permanecem
praticamente sem produção há quase 20 anos. Será feito um sifão e canal de
passagem de água sob o Rio Salgado.
Está prevista para hoje
(segunda-feira) uma visita de engenheiros e dos donos das empresas responsáveis
pela construção do canal e de técnicos do Dnocs para avaliar as causas da
destruição da obra.
Fonte: Agência Diário.
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