sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 6 DE FEVEREIRO DE 2015

COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.

EXPRESSÃO SINCERA E POR DEMAIS ANTIÉTICA DO MINISTRO, FORMALIZA O FISIOLOGISMO.

Nobres:
Tudo pode esperar especialmente de um integrante do governo onde a conduta moral há muito perdeu o animo. Diante do conceito em alusão, foi calamitosa a primeira declaração política de um integrante do alto escalão do governo, um dia depois do abalo que o Planalto sofreu na Câmara com a eleição do peemedebista Eduardo Cunha. Disse o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, que a presidente Dilma Rousseff comandará pessoalmente a divisão de cargos dos escalões intermediários e que um dos critérios é o apoio que o partido do indicado assegura ao governo no Legislativo. Louve-se a sinceridade do ministro, mas trata-se de uma confissão de fisiologismo danoso à administração pública. É a tentativa de repetição de uma tática que o governo usou na disputa pela presidência da Câmara, que obteve como resultado mais constrangimento para o próprio Executivo. Não é por outro motivo que a Petrobras encontra-se na atual situação, pois diretores e executivos ligados a partidos e candidatos acabaram colocando suas demandas acima dos interesses da nação. Todos os ex-dirigentes investigados na Operação Lava-Jato foram conduzidos a funções mais importantes na estatal por padrinhos políticos. Além das estatais, também a administração direta tem casos de delitos cometidos por protegidos das lideranças partidárias que apoiam o governo, sem habilitação para as funções assumidas. Para mudar este quadro, não basta esperar por uma reforma política que nunca vem, até porque os beneficiados pelo sistema de barganha não têm interesse em levá-la adiante. Mas o governante pode, sim, condicionar essas escolhas ao critério da competência e do conhecimento técnico. Se não for assim, o país continuará convivendo com episódios como o que abala nossa maior estatal, loteada de acordo com interesses que acabaram por corromper sua cúpula e depreciar seu patrimônio e seu conceito.

Antônio Scarcela Jorge.

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