COMENTÁRIO.
Scarcela
Jorge.
CORRUPÇÃO GENERALIZADA.
Nobres:
No cotidiano político brasileiro onde se
expressa a inovação gramatical é defraudar, existe uma ampla diferença entre
roubar por uma causa e roubar. Na época do regime militar não faltavam
“causas”, nessa ocasião foram feitos cerca de 150 assaltos a banco com uma
arrecadação de mais de US$ 3 milhões. Hoje seguem os bancos sendo assaltados,
mas faltam aos praticantes uma “causa”, então é roubo. A “causa”, para ser assim chamada, não pode ser mesquinha, ao menos no início,
deve ser grandiosa, no mínimo tão grandiosa quanto a soma surrupiada. Não se
imagina que possa ser defendida por um homem só, tem que envolver mais gente,
uma organização, ter uma base teórica em um distante, bota distante nisto,
horizonte de melhorias sociais. Tendo estes pré-requisitos, desviar recursos de
empresas estatais não é roubo propriamente dito e, havendo tentativa de
confundir as coisas, lembrar que outros no passado já tinham bebido da mesma
fonte. Então a corrupção tem uma fonte interessante no seio de nossa pátria amada que
lhe dá suporte vital, a crença de que no fundo tudo é feito por uma boa
“causa”. Os pobres tirariam proveito futuro desses atos aparentemente
desatinados praticados por lideranças reconhecidas que lutam por dividir melhor
a riqueza do país, mas que circunstancialmente foram pegos com a boca na
botija. É essa crença na “causa” que permite o punho cerrado às portas da
cadeia. Mesmo os crentes na “causa” são capazes de admitir o desvio de conduta
de alguns elementos integrantes da organização que se deixaram levar pela
tentação, mas jamais aceitaram que não existe uma “causa”, não existe causa
alguma, só consequências, que caíram no conto do vigário, que estão diante de
pessoas apenas, não líderes supremos e intocáveis, pessoas que sonham com as
mesmas coisas que nós sonhamos quando jogamos na loteria, acrescido talvez da
ideia de poder, mas que resolveram ir pelo caminho mais fácil e curto para
chegar à tão sonhada independência financeira, gente que se valeu da boa-fé de
muitos para roubar o futuro de todos. Se for difícil perceber, que o país é
essencialmente meritório, para prover ações escusas em espécie.
Antônio Scarcela
Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário