sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 13 DE FEVEREIRO DE 2015

COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.

ROUBO & CORRUPÇÃO.

Nobres:
No cotidiano político brasileiro onde se expressa a inovação gramatical é defraudar, existe uma ampla diferença entre roubar por uma causa e roubar. Na época do regime militar não faltavam “causas”, nessa ocasião foram feitos cerca de 150 assaltos a banco com uma arrecadação de mais de US$ 3 milhões. Hoje seguem os bancos sendo assaltados, mas faltam aos praticantes uma “causa”, então é roubo. A “causa”, para ser assim chamada, não pode ser mesquinha, ao menos no início, deve ser grandiosa, no mínimo tão grandiosa quanto a soma surrupiada. Não se imagina que possa ser defendida por um homem só, tem que envolver mais gente, uma organização, ter uma base teórica em um distante, bota distante nisto, horizonte de melhorias sociais. Tendo estes pré-requisitos, desviar recursos de empresas estatais não é roubo propriamente dito e, havendo tentativa de confundir as coisas, lembrar que outros no passado já tinham bebido da mesma fonte. Então a corrupção tem uma fonte interessante no seio de nossa pátria amada que lhe dá suporte vital, a crença de que no fundo tudo é feito por uma boa “causa”. Os pobres tirariam proveito futuro desses atos aparentemente desatinados praticados por lideranças reconhecidas que lutam por dividir melhor a riqueza do país, mas que circunstancialmente foram pegos com a boca na botija. É essa crença na “causa” que permite o punho cerrado às portas da cadeia. Mesmo os crentes na “causa” são capazes de admitir o desvio de conduta de alguns elementos integrantes da organização que se deixaram levar pela tentação, mas jamais aceitaram que não existe uma “causa”, não existe causa alguma, só consequências, que caíram no conto do vigário, que estão diante de pessoas apenas, não líderes supremos e intocáveis, pessoas que sonham com as mesmas coisas que nós sonhamos quando jogamos na loteria, acrescido talvez da ideia de poder, mas que resolveram ir pelo caminho mais fácil e curto para chegar à tão sonhada independência financeira, gente que se valeu da boa-fé de muitos para roubar o futuro de todos. Se for difícil perceber, que o país é essencialmente meritório, para prover ações escusas em espécie.
Antônio Scarcela Jorge.

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