Bacabeira, no norte do Maranhão, tem empreendimentos abandonados.
Empresa anunciou corte de gastos e cancelou projetos no Nordeste.
Empresa anunciou corte de gastos e cancelou projetos no Nordeste.
Após o cancelamento da construção
da Refinaria Premium I da Petrobras em Bacabeira (MA), quem apostou no
empreendimento agora lida com a decepção e contabiliza prejuízos. O anúncio
feito em 2010 movimentou os últimos cinco anos da pequena cidade no norte do
estado, que viu no projeto uma oportunidade única de desenvolvimento econômico
e industrial.
Cerca de 25 mil empregos diretos
e indiretos seriam criados no estado com a construção da refinaria. O
investimento da Petrobras nesse empreendimento e outro similar no Ceará consumiu R$ 2,7 bilhões.
A companhia, em crise, atribuiu a desistência dos projetos das refinarias à falta de parceiros e à revisão das
expectativas de crescimento do mercado de combustíveis. Na sexta (6), a
Petrobras anunciou seu novo presidente, Aldemir Bendine.
A refinaria representava para
muitos um impulso para o desenvolvimento na cidade maranhense, que tem cerca de
16 mil habitantes. Segundo a ONU, apresenta Índice de Desenvolvimento Humano de
0,629 no levantamento divulgado em 2013, taxa considerada
"média".
Muita gente se mudou de mala e
cuia com o objetivo de trabalhar na refinaria. É o caso do vendedor Edivaldo
José Silva. Decepcionado, ele conta que se mudou de Codó, a 250 km de
Bacabeira, atraído pelo projeto.
"Eu ia para São Paulo, mas
fiquei sabendo que ia abrir essa refinaria em Bacabeira, aí vim e fui ficando.
Cheguei a fazer um teste, passei e tudo. Na hora de ser chamado, nada disso
funcionou. Arrumei um emprego em uma loja e fiquei, mas vim pra casa por causa
da refinaria", conta.
Segundo ele, a desistência da
Petrobras significa o fim do sonho de muita gente. "Muita gente trabalhou,
mas foi temporário. Tá do jeito que tá aí, parado, mais nada. [Ficou] Só no
sonho. Muita gente veio pra tentar realizar a vida aqui, mas esse sonho nunca
vai ser realizado", lamenta o vendedor.
Empreendimentos abandonados.
Com o intuito de atender à
provável demanda que seria gerada pelo setor de negócios, uma rede de hotéis
começou a construir um prédio de seis andares e 150 apartamentos na cidade. A
obra foi paralisada pela metade e o edifício, que teve toda a estrutura básica
levantada, agora está abandonado.
Recentemente construído, um
centro comercial com pelo menos dez salas já está pronto para aluguel e venda,
mas, segundo a população, vive trancado, sem previsão de início das atividades.
Os proprietários dos
empreendimentos não foram encontrados para falar sobre o assunto. O funcionário
público Henrique Calver conta que, quando a refinaria foi anunciada, os imóveis
valorizaram muito na região. Segundo ele, quem conseguiu vender, se deu bem. E
quem comprou, só teve prejuízo. "Não só as pessoas que precisam que
ficaram desempregadas, mas os grandes empresários que investiram muita coisa aí
também, porque todo mundo pensava que ia ser uma coisa e foi outra. Os imóveis,
por exemplo, se valorizaram muito. Casas, terrenos, não se encontra por menos
de R$ 50 mil e tudo ficou muito caro por conta das refinarias. Quem conseguiu
vender seus terrenos quando ainda ia ter refinaria, se deu bem e, quem comprou,
perdeu", explicou.
Investimentos à espera da refinaria.
O motorista João Pereira Marinho
vendeu a caminhonete quitada, financiou a compra de um caminhão com prestações
de mais de R$ 4 mil e seguiu para a cidade após ouvir sobre as oportunidades de
trabalho na área de transportes que a instalação da refinaria estava
oferecendo.
"Me disseram que ia ter a
refinaria aqui e ia ter muita oportunidade, mas, quando eu cheguei, não tinha
nada de serviço, nada de emprego. O que me salvou foi o outro emprego de
caminhoneiro que eu consegui, se não eu ia ter que vender meus gados para pagar
meu caminhão. Quase eu tenho um prejuízo grande, mas Deus não deixou",
acredita.
O jovem Adriano Ribeiro conta que
o pai mudou com toda a família para a cidade porque vislumbrou na refinaria um
futuro profissional para os filhos. "Meu pai trouxe a família para cá
porque ia ter essa refinaria aqui e porque, no futuro, eu poderia trabalhar
nela. Agora que [a refinaria] fechou, muitos estão procurando empregos na
cidade, outras estão indo embora. Eu ia tentar uma vaga na área que mexe com
eletricidade, já que meu pai trabalha com isso", acrescentando que
trabalha como músico atualmente.
Terreno de volta.
O deputado federal Victor Mendes
(PV), que foi secretário de Meio Ambiente do Maranhão quando a instalação da
refinaria em Bacabeira foi anunciada, disse, por meio de nota divulgada em
redes sociais nesta sexta-feira (30), que o cancelamento do investimento
"frustra as expectativas da população" e garantiu que pedirá a
devolução do terreno doado à Petrobras ao Estado do Maranhão.
"Em Brasília, estarei firme
nessa luta, em favor da devolução ao patrimônio do estado da área doada à
Petrobras e trabalhando pela formulação de uma alternativa para o uso e
aproveitamento produtivo desta área, colocando-a a serviço do desenvolvimento
industrial do Maranhão", afirmou. O G1 procurou a Petrobras a respeito dessa questão e não recebeu
resposta até o momento da publicação desta reportagem.
O parlamentar sugeriu ao governo
do estado a transformação do terreno em um novo Distrito Industrial do
Maranhão. "A alternativa, além da possibilidade de expansão da atividade
industrial, pensada de forma sustentável, poderia ajudar na solução dos
inúmeros problemas fundiários existentes no atual Distrito Industrial, cuja
capacidade de expansão está praticamente esgotada. Acredito e defendo a
necessidade de um novo distrito industrial em São Luís, algo que abriria novas
perspectivas para a atração de empreendimentos e para fortalecer a economia
local", diz.
Governo e prefeitura lamentam fim de investimentos.
O governo do estado diz que está
pronto "para dialogar com a Petrobras para a retomada de investimentos no
Maranhão, sendo sanados os erros técnicos do projeto original, que não são de
responsabilidade do povo maranhense".
Já a Prefeitura de Bacabeira
disse que, independente da instalação da refinaria, possui um plano
desenvolvimento econômico para o município que vinha planejando e aprimorando
estratégias de geração de emprego e renda “dentro de diretrizes de curto, médio
e longo e dentro de um cenário projetado até 2030”.
A nota também diz que "a
notícia de suspensão da instalação da refinaria pôs fim ao sonho de muitos, e
aumentou a expectativa de desenvolvimento tão almejado pela população".
Também afirma que "para a
concretização dessas estratégias já buscou parcerias com o Governo do Estado,
com a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão - Fiema, universidades e
empreendedores, para juntos desenvolverem ações visando a atração de
investidores para esses projetos que vão desde a instalação de sites
portuários, aeroporto de cargas, distrito industrial, centro logístico, estação
rodoferroviária a uma Zona Primária de Exportação".
Fonte: Agência O Globo.
- OPINIÃO: Os cientistas e intelectuais do PT, dizem que é miragem as fotos que estamos vendo. - É brincar com o povo pobre!
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