Lista inclui resgate da credibilidade, autonomia e baixas por corrupção.
Então presidente do BB, sucessor de Graça Foster foi anunciado nesta sexta.
Então presidente do BB, sucessor de Graça Foster foi anunciado nesta sexta.
Aldemir Bendine, sucessor de
Graça Foster na Presidência da Petrobras, irá encontrar uma empresa
desacreditada, altamente endividada, com dificuldades de caixa para financiar
os seus novos projetos e no centro do “maior caso de corrupção da história do
Brasil", conforme definiu o procurador do Tribunal de Contas da União
(TCU), Julio Marcelo de Oliveira.
Entre os principais desafios do
novo presidente – que até então presidia o Banco do Brasil – estão formar um
novo time de executivos de primeiro escalão; implementar um novo modelo de
gestão com mais autonomia e transparência; revisar o plano de investimentos e
desinvestimentos (venda de ativos) da empresa; e dimensionar o rombo provocado
pela corrupção bem como eventuais perdas que a companhia pode sofrer no futuro
em decorrência das investigações da Operação
Lava Jato e das ações movidas por
acionistas nos Estados Unidos que acusam empresa de ter divulgado informações
enganosas e de ter superfaturado o valor de suas propriedades. Para o
economista Celso Toledo, diretor da LCA, o maior desafio do novo presidente
será conseguir garantir uma gestão com autonomia, sem interferência do
acionista majoritário, o governo federal. “O grande desafio é gerir a empresa
com o objetivo de maximizar o lucro e evitar que a companhia seja usada
politicamente”, diz.
“A nova direção da Petrobras
precisar ter autonomia para gerir a empresa olhando para o minoritário e não
como foi feito nos últimos anos onde a gestão foi feita como se a empresa fosse
estatal”, completa Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE).
Bendine precisará restaurar a
confiança de parceiros e investidores. Essa reconstrução da credibilidade
passa, em parte, por evitar que a empresa perca o grau de investimento, o que
dificultaria a captação de recursos para grandes projetos.
Segundo André Pimentel, sócio e
CEO da consultoria de gestão Performa Partners, o resgate da credibilidade não
será imediato. “Os investidores perderam a confiança de que a Petrobras é capaz
de ser gerida como negócio e gerar resultados. O desafio mais importante é
fazer com que a empresa recupere a sua independência. Ou seja, fazer com que
ela seja capaz de ser gerida com base em critérios empresariais e não por
conveniência ou necessidades políticas”, diz.
Em 3 anos, as ações da Petrobras
se desvalorizaram mais de 50% e a companhia encolheu mais de R$ 200 bilhões na
bolsa, caindo para o 4º lugar no ranking das maiores da Bovespa.
“A retomada da credibilidade vai acontecer à medida que o mercado perceba e a nova diretoria dê mostras de que vai ter mais autonomia para trabalhar”, avalia o diretor do CBIE. O futuro presidente assumirá uma empresa que ainda não conseguiu publicar o balanço auditado do 3º trimestre de 2014 em razão da dificuldade de calcular o tamanho exato do rombo causado pela corrupção.
“A retomada da credibilidade vai acontecer à medida que o mercado perceba e a nova diretoria dê mostras de que vai ter mais autonomia para trabalhar”, avalia o diretor do CBIE. O futuro presidente assumirá uma empresa que ainda não conseguiu publicar o balanço auditado do 3º trimestre de 2014 em razão da dificuldade de calcular o tamanho exato do rombo causado pela corrupção.
A divulgação do balanço auditado
com as baixas contábeis é apontada pelos analistas como a prioridade
operacional número 1 para a nova diretoria, uma vez que credores podem pedir a
antecipação do pagamento de títulos da dívida da empresa caso o resultado
financeiro de 2014 não for auditado e publicado até junho.
Caberá ao novo presidente
anunciar o primeiro cálculo oficial das perdas provocadas pelos atos ilícitos,
desvios e falhas ocorridas no período investigado pela Lava Jato.
Cálculo apresentado por Graça
Foster durante a última reunião do Conselho de Administração indicava a
necessidade de uma baixa
contábil de R$ 88,6 bilhões nos ativos da companhia. No
entanto, o conselho optou por não ratificar o cálculo por entender que todas as
variáveis responsáveis pelas perdas ainda não são conhecidas, já que as
investigações estão em curso.
Celso Toledo, da LCA, avalia que
o desafio é enorme, uma vez que a divulgação precisa ser feita rapidamente, mas
também ser precisa. “A demora na divulgação só gera especulação de que talvez o
gorila que está no armário é mais feio do que o real”, diz.
Independente do escândalo de
corrupção, os analistas destacam que a Petrobras passa por uma gravíssima crise
financeira. O endividamento líquido da companhia saltou de um patamar de R$ 100
bilhões no início de 2012 para mais de R$ 260 bilhões no final de setembro de
2014.
“Não se sabe como estão as contas
da Petrobras exatamente. A empresa tem uma restrição financeira fortíssima, o
que exigirá um trabalho muito pesado de turnaround (em português, algo como
‘dar a volta’)”, afirma André Pimentel. Caberá à nova diretoria rever a
capacidade de financiamento dos projetos em curso. “As condições para ampliar o
endividamento são muito restritivas e limitadas. A nova diretoria terá que
olhar a geração de caixa, poderá tentar uma renegociação de dívidas e,
eventualmente, poderá ter que chamar o capital dos acionistas”, avalia Celso
Toledo.
Outro grande desafio do novo
presidente da Petrobras será revisar o plano estratégico de negócios para os
próximos anos. Em razão das dificuldades de caixa, a empresa desacelerou
o ritmo de algumas obras, desistiu de duas refinarias, no
Ceará e Maranhão, e reduziu as atividades de exploração “ao mínimo”.
Antes da renúncia coletiva, a
diretoria anunciou a redução de 25% nos investimentos, para US$ 42 bilhões por ano,
além de um desinvestimento (venda de ativos) de US$ 3 bilhões em 2015.
Inicialmente, a empresa previa investimentos de US$ 220,6 bilhões para o
período entre 2014. e 2018.
Agora, estes números deverão ser
revistos. Para os analistas, será uma ótima oportunidade para a companhia reavaliar
as áreas que merecer ter mais ou menos investimento, e aquelas que a petroleira
pode se desfazer.
“O desafio maior de todos é o
governo entender que este modelo de Petrobras, com 400 mil funcionários e um
gigantismo enorme, com termelétrica, posto de combustível, etanol,
fertilizante, etc., não se sustenta mais. É preciso refundar esta empresa”, diz
Adriano Pires.
Caberá à nova diretoria ainda
responder a todos os questionamentos que a empresa enfrenta na Justiça
brasileira e no exterior. Fora do Brasil, a Securities and Exchange Commission
(SEC), que regula o mercado de capitais no país, abriu uma investigação sobre a
Petrobras. A empresa ainda enfrenta ações movidas por acionistas nos Estados
Unidos que alegam ter adquirido papéis da Petrobras com preços inflados por
contratos superfaturados.
André Pimentel, da Performa
Partners, afirma que talvez a empresa tenha que fazer uma reserva de recursos
para se preparar para possíveis indenizações determinadas por decisões
judicias. “É um risco que tem de ser de alguma forma provisionada nos
resultados da companhia. É preciso avaliar os riscos envolvidos e começar a
provisionar”, diz.
A produção
de petróleo e de derivados da Petrobras cresceu em 2014, mas o Brasil continua dependente da importação de combustíveis para
atender a demanda interna.
Desde 2011, o país voltou a
consumir mais do que produz, perdendo a autossuficiência, comemorada pela
Petrobras e pelo governo em 2006, quando a produção de petróleo equiparou-se ao
volume de derivados consumidos à época no país.
A previsão da Petrobras era que a
companhia poderia reconquistar a autossuficiência em volume de petróleo
produzido (quando esse volume alcança o de derivados consumidos) em 2015. No
final de janeiro, no entanto, a Petrobras anunciou a redução dos investimentos
e a desaceleração do ritmo de projetos de exploração e refino em razão da atual
situação financeira da companhia.
Levantamento do CBIE mostra que o
volume de importação de derivados de petróleo cresceu 2,2% em 2014, para 196,74
milhos de barris.
Fonte: O Globo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário