COMENTÁRIO.
Scarcela
Jorge.
A
CULTURA SEM PUDOR DO SEGMENTO BRASILEIRO.
Nobres:
No país em que pipocam escândalos de
corrupção (qual foi o dos últimos 15 minutos?), a lista dos envolvidos parece
não ter fim. Aí vem a patrulha denunciando a petrorroubalheira, tudo culpa dos
“PTRALHAS”. Depois vem a turma petista, gritando que tudo começou muito antes
na história deste país, e que atravessa toda a “tucanalha”. Aí as duas turmas
ficam digladiando-se sobre as cinzas de sua credibilidade. Pode até ser que
todos tenham razão. Que todos sejam julgados e, os que merecem, condenados. É a
lei. Só que o furo é bem mais embaixo (deve andar lá pelas últimas camadas do
pré-sal). A corrupção é tão disseminada, que deveria ser tombada como
patrimônio nacional. É fácil apontar o dedo para políticos desonestos, mas quem
foi mesmo que os colocou lá como nossos representantes? E aqueles empreiteiros,
que pagam propina em troca de obras, são mais ou menos culpados? E os médicos
que fazem cirurgias desnecessárias para ganhar comissões? E você aí, que
naquela viagem da firma coloca uma nota de táxi num valor mais alto, para
receber um troquinho a mais? E quem sonega imposto de renda? E eu, que baixo
filmes da internet? Quem nunca? Quem de nós resistiria a uma investigação com
lupa? Claro, alguém vai dizer que não se pode comparar, porque as proporções de
dano público são muito diferentes. Mas será que não é por meio desses pequenos
desvios que a cultura da corrupção se reproduz se instala e se incrusta na
nossa sociedade? De tão desacreditados no sistema, cada um tenta fazer valer a
sua própria vantagem. Quanto maior o poder, maior o naco abocanhado. Qual a
distância que separa o jeitinho do próximo escândalo nacional? Precisamos
aceitar essa constrangedora verdade. Os políticos corruptos não são ETs
perversos que chegaram e se apoderaram das nossas instâncias superiores. São
legítimos representantes da ética em nossa sociedade.
Antônio Scarcela Jorge.
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