sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

PARTIDO DA CORRUPÇÃO

 EX-GERENTE DA PETROBRAS DIZ QUE PT RECEBEU US$ 200 MILHÕES DE PROPINA.

Pedro Barusco fez acordo de delação premiada e detalhou como funcionava o esquema de desvio de recursos da estatal.

Em um depoimento demolidor, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco acusou o PT de ter recebido até US$ 200 milhões de propina nos contratos da estatal. Na cotação desta sexta-feira (6), são R$ 548 milhões.

Barusco fez acordo de delação premiada e detalhou como funcionava o esquema de desvio de recursos. Ele afirmou que a fraude continuou mesmo depois que ele saiu da Petrobras.

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco disse aos investigadores que começou a receber propina em 1997 ou 1998, da empresa holandesa SBM. Na época, ele trabalhava como gerente de Tecnologia de Instalações na Diretoria de Exploração e Produção.

Falou que, até 2010, o desvio de dinheiro de contratos da Petrobras com a SBM rendeu a ele cerca de US$ 22 milhões em propina.

Barusco contou que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque pediu ao representante da SBM US$ 300 mil para a campanha eleitoral de 2010, contabilizados como ‘pagamento ao PT’.

Segundo os cálculos do ex-gerente, entre 2003 e 2013, ele recebeu de propina desviada de contratos de empreiteiras com a Petrobras US$ 50 milhões. No mesmo período, Renato Duque teria recebido US$ 40 milhões e João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, entre US$ 150 e US$ 200 milhões em nome do partido.

O ex-gerente da Petrobras disse também que 14 construtoras formavam o núcleo do esquema, e que o pagamento de propina na Petrobras era algo endêmico e institucionalizado.

O ex-gerente falou ainda como o dinheiro era repartido. Disse que quando os contratos eram vinculados à Diretoria de Abastecimento, comandada por Paulo Roberto Costa, a propina era de 2% sobre o valor do contrato.

Metade ia para Paulo Roberto, 0,5% para o PT e 0,5% era dividido entre Barusco e Renato Duque. Quando os contratos eram de outra diretoria, metade da propina era dividida entre ele e Duque e a outra metade ia para o PT, por meio de João Vaccari.

Pedro Barusco afirmou que Jorge Zelada, ex-diretor internacional, também recebeu propina em repasses eventuais, e confirmou ter levado cerca de R$ 120 mil reais na casa de Zelada.

O ex-gerente disse que o esquema continuou mesmo depois que ele e Renato Duque saíram da Petrobras. Entre fevereiro de 2013 e fevereiro do ano passado, quando era diretor de Operações da Setebrasil, Barusco recebeu US$ 5 milhões em propina. Outros US$ 6 milhões foram para Duque. E que teve conhecimento de que João Vaccari também recebeu, em nome do PT, US$ 4,5 milhões de um estaleiro de Singapura.

Nesta quinta-feira, a Justiça fez a quarta audiência para ouvir testemunhas de acusação em processos da Operação Lava Jato. Quatro funcionários da Petrobras prestaram depoimento.

O chefe de auditoria da estatal, Gerson Gonçalves, participou da investigação interna da Refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco, e entende que houve problemas na obra. “Foram contratações precipitadas, houve uma agilização muito grande no processo de contratação. Depois a coisa acabou não dando certo. Chegava empreiteira, mas não tinha equipamento, chegava equipamento, mas não tinha empreiteira”, afirmou.

Neste processo, que envolve a construtora OAS, as acusações são de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e uso de documento falso.

Segundo as investigações, a OAS fazia parte do clube das empreiteiras, que combinava resultados de licitações da Petrobras e pagava propina a ex-diretores da estatal.

Em um depoimento gravado em vídeo, o consultor da Toyo Setal Augusto de Mendonça, que fez delação premiada, disse que as empreiteiras fizeram um acordo para pagar 2% do valor dos contratos da área de Serviços para Renato Duque, que é apontado na investigação da Lava Jato como operador do PT.

Segundo Mendonça, esse acordo foi feito em 2003, durante o governo do ex-presidente Lula.

A partir desse acordo, apenas as empresas que faziam parte do clube eram convidadas a participar das obras da Petrobras.

“O grupo conseguiu fazer um acordo com eles, de modo que as empresas convidadas acabassem se restringindo as participantes do próprio grupo. Aí, sim, o grupo passou a ter uma efetividade importante”, afirmou Mendonça.

A defesa de Renato Duque disse que ele não praticou delitos, não foi operador do PT, e que os delatores mentem, sem apresentar provas, para obter a liberdade.

A Setebrasil afirmou que a atual diretoria vai analisar as declarações de Pedro Barusco e tomar as medidas judiciais cabíveis.

O representante da SBM, Júlio Faerman, não foi encontrado para comentar a reportagem.

A defesa de Jorge Zelada afirmou que ele nunca recebeu propina.

Sobre o depoimento de quinta de Augusto Mendonça, da Toyo Settal, a assessoria do PT disse que ele não apresentou provas.
O ex-presidente Lula não se manifestou.
Fonte: Agência O Globo.


Um comentário:

  1. Amigo Scarcela,
    Eu também estou indignado por tudo isto que está sendo exposto. Mas também, de certa forma, feliz, porque tudo isto está sendo investigado e descoberto. Estou convicto que muita coisa nesta área da relação promíscua políticos-empreiteiros de obras públicas vai mudar. Para mim não é surpresa pois já sabia que, infelizmente, isto ocorria e ainda ocorre em todas as esferas - federal, estadual e municipal, desde longa data.
    O que me preocupa é a tendência de se achar que só o governo do PT é corrupto e pensar que antes nunca aconteceu corrupção nesse País. Acho que isto não contribui para um debate sério sobre as dificuldades políticas que temos, como Nação. Na realidade, todos os partidos e todos os governos deste País são e foram corruptos, em maior ou menor intensidade. E não acho que o PT seja mais corrupto que os outros. Apenas tenho a certeza que é a primeira vez que, de fato, investigamos com profundidade os casos de corrupção. Não tenho lembrança, por exemplo, de algum empresário que, antes, tenha sido preso por corrupção ativa, como agora está ocorrendo. E se existe um câncer neste País este é o grupo de empreiteiros de obras públicas... Sempre constituíram uma "máfia" que atuava e sugava os recursos deste País. Peço a atenação que em 1997 e 1998 o governo não era do PT. E o delator declara que já naquela época existia o esquema de propinas (e existia, de fato, muito antes disto). Mas a reportagem não cita o nome do partido que estava no Governo em 1997 e 1998. Para mim, a reportagem perde totalmente a credibilidade, pois é nitidamente parcial e tendenciosa. É preciso dizer que, naquela época, o Governo era do PSDB, que foi tão ou mais corrupto do que o do PT. Mas, infelizmente, nunca tivemos nada apurado. Tudo estava sob controle e não tínhamos as possibilidades e condições que hoje temos para empreender uma investigação profunda. É isto que penso e informo que não sou e nunca fui petista. Apenas gosto de ser imparcial e de fazer análises justas e desapaixonadas.

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