FHC SUGERE EXAME DE CONSCIÊNCIA A DILMA E DIZ QUE
ELA FOI 'DESCUIDADA'.
- Ela situou origem da corrupção na Petrobras nos
anos 90, no governo FHC.
Senador Aécio Neves afirmou que presidente parece 'zombar' de brasileiros.
O ex-presidente da República
Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta sexta-feira, por meio de nota, que, em
vez de "tentar encobrir" suas responsabilidades, a presidente Dilma
Rousseff deveria "fazer um exame de consciência" sobre supostos erros
que cometeu na gestão da Petrobras.
A nota foi resposta a uma declaração
de Dilma, que situou em 1996 e 1997 (anos
do governo FHC) a origem do esquema de corrupção na Petrobras. "Se
tivessem investigado e tivessem naquele momento punido, nós não teríamos o caso
desse funcionário da Petrobras que ficou durante mais de 20 anos praticando
atos de corrupção", afirmou a presidente.
Segundo FHC, a petista foi
"descuidada" ao não recusar a compra da refinaria de Pasadena, no
Texas (EUA), na época em que presidia o conselho de administração da estatal.
"A excelentíssima presidente
da República deveria ter mais cuidado e, em vez tentar encobrir suas
responsabilidades jogando-as em mim, que nada tenho a ver com o caso, fazer um
exame de consciência e assumir que pelo menos foi descuidada ao não recusar a
compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem
as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor", escreveu
o ex-presidente no comunicado.
Procurada pelo G1 após a divulgação da nota de FHC, a
Secretaria de Imprensa da Presidência informou que a presidente Dilma Rousseff
mantém as declarações dadas na entrevista pela manhã.
Antes de Fernando Henrique se
manifestar, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista na
qual afirmou que Dilma
parece "querer zombar" dos
brasileiros ao apontar a origem da corrupção na Petrobras no governo FHC.
O ex-presidente afirma na nota
que o caso da Petrobras é um "processo sistemático" que se
desenvolveu nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma, os quais
responsabilizaram pela nomeação dos ex-diretores acusados de corrupção.
"Não se trata de desvios de
conduta individuais de funcionários da Petrobras, nem são eles, empregados, em
sua maioria, os responsáveis. Trata-se de um processo sistemático que envolve
os governos da Presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de
Administração da empresa e Ministro de Minas e Energia) e do ex- presidente
Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores
da empresa ora acusados de se conluiarem com empreiteiras e, no caso do PT, com
o tesoureiro do partido, com o propósito de desviarem recursos em benefício
próprio ou partidários", diz o texto da nota.
Um dos delatores da Operação Lava
Jato, o executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça relatou em
juízo que o "clube" de
empreiteiras que dividia entre si obras da estatal passou a combinar resultados
de licitações desde meados da década de 1990, quando o país era governado por
FHC.
Mendonça, no entanto, contou à
Justiça que o cartel passou a ter efetividade a partir de 2004, segundo ano do
governo Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010). De acordo com o executivo da
Toyo Setal, foi neste momento que as construtoras passaram a negociar com os
ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Renato Duque, ambos investigados
pela Lava Jato e começou a ocorrer cobrança de propina para que as empresas
obtivessem contratos.
Íntegra.
Leia a íntegra da nota divulgada
pelo Instituto FHC:
Até agora, salvo lamentar o
caráter de tsunami que a corrupção tomou no caso do "Petrolão", não
adiantei opiniões sobre culpados ou responsáveis, à espera do resultado
das investigações e da Justiça. Uma vez que a própria Presidenta entrou na
campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da velha anedota
do punguista que mete a mão no bolso da vitima, rouba e sai gritando "pega
ladrão!" , sou forçado a reagir:
1. O delator a quem a Presidente
se referiu foi explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a
propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu
corruptor; somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou
sistemática. Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria
individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?
2. Do mesmo modo, a delação do
empreiteiro da Setal Engenharia reafirma que o cartel só se efetivou a partir
do governo Lula.
3. No caso do Petrolão não se
trata de desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras, nem são eles, empregados, em sua maioria, os
responsáveis. Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da
Presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da
empresa e Ministro de Minas e Energia) e do ex- presidente Lula. Foram eles ou
seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora
acusados de se conluiarem com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro
do partido, com o propósito de desviarem recursos em benefício próprio ou
partidários.
4. Diante disso, a Excelentíssima
Presidente da República deveria ter mais cuidado e, em vez tentar encobrir suas
responsabilidades jogando-as em mim, que nada tenho a ver com o caso,
fazer um exame de consciência e assumir que pelo menos foi descuidada ao não
recusar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que
se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor.
Fonte: Agência Globo.
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