COMENTÁRIO.
Scarcela
Jorge.
REQUER EXPLICAÇÃO DA PRESIDENTE.
Nobres:
Considerando que o atual estágio
da política e atitudes que levaram a Presidente da República a se pronunciar
sobre as questões que envolvem o seu governo, que na prática não há confiabilidade
nenhuma da sua palavra que seja direcionada ao povo brasileiro, mesmo assim,
requer esclarecimentos, na condição de chefe de Estado e do governo do Brasil,
relacionado à questionável decisão do ministro José Eduardo Cardozo, da
Justiça, de receber em audiência advogados de empreiteiros presos na Operação
Lava Jato, torna-se ainda mais urgente que a presidente Dilma Rousseff faça uma
manifestação pública sobre o escândalo de corrupção na Petrobras. O país não
pode ficar com a impressão de que o governo atua para proteger suspeitos e
inibir as investigações que estão sendo feitas com autonomia pela Polícia
Federal e pelo Ministério Público, com o acompanhamento do Judiciário. As
reações de parlamentares e militantes do PT ao ex-ministro Joaquim Barbosa, que
pediu a demissão do ministro da Justiça, evidenciam a mesma estratégia de
acobertamento empregada no mensalão. Na ocasião, lideranças petistas
desenvolveram a tese de que o uso de caixa 2 e dos chamados recursos não
contabilizados não podia ser considerado corrupção. Agora é ainda mais grave: a
Petrobras foi saqueada, diretores cobraram propina, os corruptores estão presos
e réus que fizeram acordo de delação premiada asseguram que o dinheiro público
foi parar nos cofres dos partidos e das campanhas eleitorais. O país quer saber
o que a presidente pensa sobre isso. Equivoca-se completamente o ministro da
Justiça quando diz que as críticas à sua atitude são próprias da ditadura, um
atalho certamente injustificável da “legião Lula/Dilma”. Recorrer autoridades,
fiscalizar governantes e representantes parlamentares, criticar políticas
públicas, tudo isso é próprio da democracia. Pedir a demissão de um ministro,
como fez Joaquim Barbosa usando suas prerrogativas de cidadão e usuário de
redes sociais, faz parte do jogo democrático. Numa ditadura é que ninguém ousa
fazer isso. É atenuar em querer justificar e injustificável, reiteramos.
Antônio Scarcela Jorge.
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