COMENTÁRIO.
Scarcela
Jorge.
FORMALIZAR O
FISIOLOGISMO.
Nobres:
Tudo pode esperar especialmente de um
integrante do governo onde a conduta moral há muito perdeu o animo. Diante do
conceito em alusão, foi calamitosa a primeira declaração política de um
integrante do alto escalão do governo, um dia depois do abalo que o Planalto
sofreu na Câmara com a eleição do peemedebista Eduardo Cunha. Disse o ministro
Aloizio Mercadante, da Casa Civil, que a presidente Dilma Rousseff comandará
pessoalmente a divisão de cargos dos escalões intermediários e que um dos
critérios é o apoio que o partido do indicado assegura ao governo no
Legislativo. Louve-se a sinceridade do ministro, mas trata-se de uma confissão
de fisiologismo danoso à administração pública. É a tentativa de repetição de
uma tática que o governo usou na disputa pela presidência da Câmara, que obteve
como resultado mais constrangimento para o próprio Executivo. Não é por outro
motivo que a Petrobras encontra-se na atual situação, pois diretores e
executivos ligados a partidos e candidatos acabaram colocando suas demandas
acima dos interesses da nação. Todos os ex-dirigentes investigados na Operação
Lava-Jato foram conduzidos a funções mais importantes na estatal por padrinhos
políticos. Além das estatais, também a administração direta tem casos de
delitos cometidos por protegidos das lideranças partidárias que apoiam o
governo, sem habilitação para as funções assumidas. Para mudar este quadro, não
basta esperar por uma reforma política que nunca vem, até porque os
beneficiados pelo sistema de barganha não têm interesse em levá-la adiante. Mas
o governante pode, sim, condicionar essas escolhas ao critério da competência e
do conhecimento técnico. Se não for assim, o país continuará convivendo com
episódios como o que abala nossa maior estatal, loteada de acordo com interesses
que acabaram por corromper sua cúpula e depreciar seu patrimônio e seu
conceito.
Antônio Scarcela Jorge.
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