COMENTÁRIO.
Scarcela
Jorge.
ARRISCAR TRANSFERIR IRRESPONSABILIDADES.
Nobres:
Por ser essencialmente
inconfiável através de um marginal que ocupou a gerência executiva de Serviços
da Petrobras, Pedro Barusco, por indicação das suas magníficas excelências LULA
e Dilma que declarou como delator e aproveitaram por setores do Partido dos Trabalhadores e
desenvolveram a tese diversionista de que a corrupção na estatal teria começado
no governo Fernando Henrique Cardoso e que deveria ter sido investigada antes,
impedindo sua ampliação. Até mesmo a presidente Dilma Rousseff, em recente
manifestação, fez questão de enfatizar esse detalhe, como se ele atenuasse a
responsabilidade do seu governo no triste episódio. De tão ridícula, essa tese chega a ser ofensiva. Realmente, em
depoimento prestado à Polícia Federal no dia 21 de novembro de 2014, o referido
delator confessou que começou a receber propinas em troca da aprovação de
contratos entre os anos de 1997 e 1998. No mesmo depoimento, garantiu que o PT
recebeu, entre 2003 e 2013, entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões, como
comissão pelos contratos superfaturados. Apontou o tesoureiro do partido, João
Vaccari Neto, como intermediário dos pagamentos, que seriam destinados às
campanhas eleitorais de candidatos petistas. Ora, mais importante do que saber quando começou a corrupção na Petrobras é
contê-la. Os governos petistas tiveram 12 anos para fazer isso, inclusive
durante o período em que a própria presidente, na condição de ministra de Lula,
ocupou a presidência do Conselho de Administração da estatal, entre 2003 e
2010. Será que só agora, entre o final do primeiro mandato e o início do
segundo de Dilma, é que o Ministério Público e a Polícia Federal conquistaram
independência suficiente para proceder a investigação? A desculpa de que “foram eles que começaram” até pode fazer sentido no debate
ideológico entre militantes dos dois partidos que vêm se revezando no poder,
mas fica patética na boca da presidente da República. Dela o país espera uma
explicação mais consistente e mais responsável sobre a leniência administrativa
que levou a Petrobras ao desastre e sobre a participação dos partidos que lhe
dão apoio no deplorável episódio. Mais do que isso: da presidente da República
os brasileiros esperam menos discurso ideológico e mais ação para combater a
corrupção, incluindo-se aí o repúdio inequívoco aos corruptos e corruptores,
independentemente de suas ligações partidárias. Tudo isso envergonha e causa
danos ao povo brasileiro.
Antônio Scarcela Jorge.
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