Scarcela
Jorge.
DESVIRTUADA PELA HISTÓRIA.
Nobres:
Após a redemocratização imaginávamos ser
o PT sendo o único de coerência e essência ideológica. Uma fonte promovida por políticas
sãs. Na veridicidade, outras agremiações partidárias eram sucedâneos informais,
evidentemente sequencias dos maus costumes da política brasileira, até mesmo
antes do regime militar. Ledo engano! Esta “inovação” principiou tudo o que não
presta no cenário vergonhoso da política nacional, enxovalhando conceitos
éticos, abençoando a corrupção que ensejou o “mensalão e a Petrobrás” uma
história negativa para o país dos nossos dias. Entre as diversas razões que o
povo execra encontra a coincidência cronológica entre o depoimento
do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, à Polícia Federal e a comemoração dos
35 anos da criação do Partido dos Trabalhadores intensificou uma discussão
interna entre as lideranças petistas. Afinal, quem mudou? Foi a oposição ao PT
que se tornou mais eficaz ou foi o próprio partido que se fragilizou? Se o
responsável pelo envolvimento do PT nos escândalos do mensalão e do petrolão é
a oposição, como explicar a parceria identificada nos dois episódios? Observem
como isso se torna de difícil compreensão para a opinião pública. O antigo
algoz implacável dos partidos por ele classificados como defensores do
neoliberalismo e de atitudes lesa-pátria agora se veem envolvido em acontecimentos
de gravidade similar. E aqui parece estar o grande equívoco do PT. A negação
precipitada dos fatos. Nunca houve mensalão, disseram as suas principais
lideranças. E o que o Brasil observou? A condenação à prisão de boa parte
dessas lideranças. Aí veio o episódio da Operação Lava-Jato e a negaça se
repetiu. E mais uma vez apareceu o envolvimento de lideranças do PT. Agora
tentem imaginar o impacto disso na cabeça do cidadão. O partido que pregava o
combate à corrupção hoje está na posição de réu. A sigla que mais defendia a
abertura de CPIs hoje é contra elas. E não foram poucos os alertas de
descontentamento. Dentre os mais recentes, os protestos de junho de 2013 e a
reeleição apertada de Dilma.
Diante desse quadro, o pronunciamento de Luiz Inácio Lula da Silva em Belo Horizonte indica que a bússola política do PT ainda rodopia sem rumo definido.
Para o ex-presidente, a culpa pelo
envolvimento do PT nas denúncias de corrupção, classificada por ele como briga
política, está na forma equivocada da atuação da Polícia Federal e da imprensa
e na tentativa golpista da oposição. “Se ficarmos quietos, a sentença já
está dada. O PT vai ter que voltar à luta. Não podemos permitir que quem não tivesse
moral venha dar moral na gente”. Na contramão do discurso de Lula, outro ícone
histórico do PT, Olívio Dutra, uma personalidade íntegra e sem mácula da
corrupção (uma raridade por não ter sido corrompido em espécie) defende a
imediata expulsão dos petistas envolvidos nas suspeitas de malversação do
dinheiro público. “Tem uma ferrugem contaminando as engrenagens do
partido. Medidas têm que ser tomadas e já vêm tarde. É evidente que o PT,
primeiro, tem que reconhecer que houve figuras importantes do partido e do
governo que cometeram atos totalmente contrários aos princípios que
fundamentaram a criação do PT e a sua existência”. O país sente perplexo
causado por inversão de princípios que desconsertou o Partido.
Antônio Scarcela Jorge.
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