quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

ESCÂNDALO DA PETROBRAS - EXECUTIVOS "QUADRILHEIROS" FORAM ANTECIPADAMENTE ALERTADOS

 EXECUTIVOS FORAM ALERTADOS NA VÉSPERA DA LAVA JATO.

Polícia Federal interceptou ligações e mensagens telefônicas de investigados.

Presidente da UTC e vice da Engevix teriam sido avisados com antecedência.

Segundo a PF, os documentos obtidos com as interceptações trazem "indícios substanciais de que ocorreu o vazamento das informações sobre a deflagração" da operação.

No documento anexado nesta quarta-feira (18) a um dos processos relacionados à Lava Jato, as escutas e interceptações de mensagens telefônicas mostram que o advogado Renato Tai, que representa Ricardo Pessoa, alertou o executivo em mais de uma oportunidade sobre a deflagração da operação.

Em um dos trechos destacados pela polícia, o advogado avisa Pessoa de que há "potencialmente" um problema. Questionado pelo executivo se o problema "vem do sul do país", Tai confirma.

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, é titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná.

Também advogado de Pessoa, Alberto Toron classificou como "grande bobagem" dizer que ele ou cliente souberam previamente que a Lava Jato seria deflagrada. Ele disse ao G1 que havia "boataria" sempre às quintas-feiras de que na sexta seguinte uma nova etapa da operação seria deflagrada contra as empreiteiras.

"É uma grande bobagem essa afirmação. Em primeiro lugar, se isso fosse verdade, meu cliente deu uma bela mostra de respeito à Justiça, porque [quando foi preso] estava na casa dele. Então, mostra com clareza que ele não tinha interesse em fugir", disse.

"Em segundo lugar, é uma grande bobagem porque toda quinta-feira tinha uma enorme boataria que iria eclodir uma operação contra as empreiteiras. E, mesmo com a boataria, ele não fugiu, continuou trabalhando normalmente", assegurou Toron.

Além das conversas telefônicas com um de seus advogados, Ricardo Pessoa também teria avisado um de seus sócios na UTC, João Argollo, que as empresas seriam alvo de operação no dia 14.

Gerson Almada.

As escutas telefônicas apontam ainda que Gerson Almada recebeu uma ligação no dia 13 de novembro, na qual o advogado Fábio Tofic, que representa Almada, avisa ao executivo que "amanhã é um dia ruim para a gente fazer reunião".

A Polícia Federal afirma no documento que "não foram utilizadas palavras expressas por Gerson [Almada] ou Fábio acerca da operação da PF", mas que o teor da conversa deixa "evidente a intenção de Fábio avisar Gerson sobre algo que iria ocorrer no dia seguinte."

O advogado Fábio Tofic afirmou ter ouvido "boatos" de que a operação seria deflagrada e, em razão disso, avisou ao cliente. O advogado defendeu que a Polícia Federal investigue como as informações vazaram da corporação, não como os responsáveis pelas defesas dos investigados souberam dos "boatos".

"É de causar enorme indignação que as conversas entre advogados e clientes estejam sendo utilizadas no processo. Segunda coisa, é a coisa mais normal do mundo um advogado comunicar ao seu cliente boatos que ocorrem sobre processos em que eles são alvos. Os boatos eram inegáveis, a PF tem que investigar é como isso vazou da PF, não as conversas dos advogados com seus clientes", disse Tofic.
Fonte: Agência Globo.


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