Polícia Federal interceptou ligações e mensagens telefônicas de
investigados.
Segundo a PF, os documentos
obtidos com as interceptações trazem "indícios substanciais de que ocorreu
o vazamento das informações sobre a deflagração" da operação.
No documento anexado nesta
quarta-feira (18) a um dos processos relacionados à Lava Jato, as escutas e
interceptações de mensagens telefônicas mostram que o advogado Renato Tai, que
representa Ricardo Pessoa, alertou o executivo em mais de uma oportunidade
sobre a deflagração da operação.
Em um dos trechos destacados pela
polícia, o advogado avisa Pessoa de que há "potencialmente" um
problema. Questionado pelo executivo se o problema "vem do sul do
país", Tai confirma.
O juiz federal Sérgio Moro,
responsável pela Lava Jato na primeira instância, é titular da 13ª Vara Federal
de Curitiba, no Paraná.
Também advogado de Pessoa,
Alberto Toron classificou como "grande bobagem" dizer que ele ou
cliente souberam previamente que a Lava Jato seria deflagrada. Ele disse ao G1 que havia "boataria"
sempre às quintas-feiras de que na sexta seguinte uma nova etapa da operação
seria deflagrada contra as empreiteiras.
"É uma grande bobagem essa
afirmação. Em primeiro lugar, se isso fosse verdade, meu cliente deu uma bela
mostra de respeito à Justiça, porque [quando foi preso] estava na casa dele.
Então, mostra com clareza que ele não tinha interesse em fugir", disse.
"Em segundo lugar, é uma
grande bobagem porque toda quinta-feira tinha uma enorme boataria que iria
eclodir uma operação contra as empreiteiras. E, mesmo com a boataria, ele não
fugiu, continuou trabalhando normalmente", assegurou Toron.
Além das conversas telefônicas
com um de seus advogados, Ricardo Pessoa também teria avisado um de seus sócios
na UTC, João Argollo, que as empresas seriam alvo de operação no dia 14.
Gerson Almada.
As escutas telefônicas apontam
ainda que Gerson Almada recebeu uma ligação no dia 13 de novembro, na qual o
advogado Fábio Tofic, que representa Almada, avisa ao executivo que
"amanhã é um dia ruim para a gente fazer reunião".
A Polícia Federal afirma no
documento que "não foram utilizadas palavras expressas por Gerson [Almada]
ou Fábio acerca da operação da PF", mas que o teor da conversa deixa
"evidente a intenção de Fábio avisar Gerson sobre algo que iria ocorrer no
dia seguinte."
O advogado Fábio Tofic afirmou
ter ouvido "boatos" de que a operação seria deflagrada e, em razão
disso, avisou ao cliente. O advogado defendeu que a Polícia Federal investigue
como as informações vazaram da corporação, não como os responsáveis pelas
defesas dos investigados souberam dos "boatos".
"É de causar enorme
indignação que as conversas entre advogados e clientes estejam sendo utilizadas
no processo. Segunda coisa, é a coisa mais normal do mundo um advogado
comunicar ao seu cliente boatos que ocorrem sobre processos em que eles são
alvos. Os boatos eram inegáveis, a PF tem que investigar é como isso vazou da
PF, não as conversas dos advogados com seus clientes", disse Tofic.
Fonte: Agência Globo.
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