segunda-feira, 7 de julho de 2014

OPINIÃO/IDÉIAS

 DIPLOMAS

A escola no Brasil, de um modo geral, não ensina o aluno a pensar nem a contraditar as verdades tidas como imutáveis E o sistema de aferição é por notas, e o dez obtido tem por base as anotações no caderninho das lições do professor. Mesmo no ensino universitário, de grau superior, a mentalidade não difere, e o mais importante de tudo para o aluno é passar no fim do ano, pouco importando os meios. Assiste-se hoje a uma proliferação de cursos de especialização, de doutorado, de mestrado, com métodos a distância ou presenciais, e com trabalhos escritos não se sabe como nem por quem, porquanto as habilidades do escrever e do falar são cada vez mais raras.
A enxurrada de cursos de especialização disso e daquilo, na profusão hoje observada, pouco importando a qualidade, bem serve aos interesses de servidores públicos, por exemplo, à cata de diplomas cujo único objetivo é o de propiciar promoção funcional, com o consequente aumento no contracheque. Então é bastante expressivo o número de "especialistas" e de "doutores" infiltrados na máquina pública, constatando-se, porém, um descompasso entre os títulos e a realidade laboral, onde um simples ditado criaria dificuldades para muitos. A excessiva ênfase a títulos fecharia as portas, por exemplo, para Capistrano de Abreu e Machado de Assis, dois grandes gigantes autodidatas. Ensinar a pensar e a dissentir das verdades estratificadas, essa há de ser a missão da escola e da universidade. Experiência é posto, ensinam os antigos. Por isso os idosos não devem ser descartados, mas reaproveitados, como ocorre nos países desenvolvidos.

Eduardo Fontes
Jornalista e administrador.


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