Depois de o ex-presidente Lula,
armado de notável irresponsabilidade, ter proclamado que o inaceitável episódio
das ofensas dirigidas a Dilma na abertura da Copa do Mundo foi obra da elite,
seu braço-direito e companheiro de longa data, ministro Gilberto Carvalho,
manifestou opinião divergente. "Lá no Itaquerão não tinha só elite branca,
não! (?) Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha a
ver com elite branca". Divergência só aparente. O denominador comum revela
a estratégia.
"A coisa desceu! Tá? (?) esse cacete diário de que não
enfrentamos a corrupção, que aparelhamos o Estado, que somos um bando de
aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou! Na classe
média, na elite da classe média e vai gotejando, vai descendo! (...) Essa
eleição agora vai ser a mais difícil de todas". Não foi uma autocrítica,
nem um reconhecimento claro dos equívocos. Foi a tática da vitimização e a
busca de um bode expiatório. A culpa é da "mídia conservadora e
hegemônica". Trata-se, desesperadamente, de construir uma narrativa que
sirva para desviar a atenção dos problemas concretos. Da inflação que se
percebe em cada nova compra. Da falta de saúde que grita nos corredores dos
hospitais públicos. Da péssima educação. Da corrupção patente em cada novo
capítulo interminável da novela da Petrobras. A fórmula Lulinha e Dilminha paz
e amor acabou. Agora, com o Estado aparelhado, o Congresso ameaçado pelo
decreto de Dilma que inaugura a governança via conselhos, controlados pelo
governo, e a imprensa fustigada, o lulismo mostra sua verdadeira cara: o
caudilhismo.
Carlos
Alberto Di Franco
Professor e Doutor em Comunicação.
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