Após 11 anos no Supremo, o primeiro ministro
negro da Corte anunciou, em maio, a aposentadoria.
O BRASIL
PRECISA DE EXEMPLOS
‘O legado do ministro Joaquim Barbosa
transcende a prisão de um bando de corruptos poderosos. Ele mostrou que é
possível fazer a coisa certa sem precisar transigir ou flertar com o que existe
de errado’.
Brasília. O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, disse
ontem que deixa a Corte de forma tranquila e com a "alma leve".
Barbosa participou ontem de sua última sessão como ministro do Tribunal.
Em maio, ele anunciou que se aposentaria
antecipadamente neste mês, após 11 anos como ministro da Corte. O decreto que
vai oficializar a aposentadoria deve ser publicado até o fim deste mês. Com a
saída de Barbosa, a presidência do Tribunal será exercida pelo atual
vice-presidente, Ricardo Lewandowski.
Barbosa descartou pretensões de
seguir a carreira política após a aposentadoria. "Eu não tenho esse apreço
todo pela política, por essa política do dia a dia. Isso não tem grande
interesse para mim", afirmou.
Para ele, foi um "privilégio
imenso" o período que passou no Supremo. "Foi um período em que, não
em razão da minha atuação individual, mas coletivamente, o Supremo Tribunal
Federal teve um papel extraordinário no aperfeiçoamento da nossa democracia.
Isso é que é o fundamental para mim", destacou.
Repercussão
Após a despedida do presidente, o
ministro Marco Aurélio reconheceu que Barbosa ficará na história do Tribunal
pela sua atuação como relator da Ação Penal 470, o processo do mensalão. Melo
disse, porém, que a gestão de Lewandowski, que assumirá a presidência com a
saída de Barbosa, deverá retomar o padrão do STF.
"O resgate da liturgia, que
precisa ser observada. As instituições crescem quando proclamamos valores,
quando observamos a necessidade de manter o alto nível", disse Melo
Perfil
Barbosa tem 59 anos e poderia
continuar na Corte até 2024, quando completará 70 anos e teria de ser
aposentado compulsoriamente. Ele nasceu na cidade mineira de Paracatu e foi o
primeiro negro a presidir o STF. Ele ocupa a presidência do Supremo e do
Conselho Nacional de Justiça desde novembro de 2012. O ministro foi indicado à
Suprema Corte em 2003, no mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Barbosa nega que o período em que
esteve no STF tenha sido tumultuado e elogia o tribunal por ter tomado decisões
importantes. "O período (em que presidiu o Tribunal) foi turbulento só
para a imprensa, para mim nem um pouco".
O presidente do Supremo não quis
dizer se vai apoiar algum candidato nas eleições presidenciais de outubro.
Barbosa deixou o plenário no meio do julgamento de um habeas corpus de um
acusado de pedofilia. Saiu sem avisar, não fez discurso e nem permitiu que os
outros ministros falassem sobre sua aposentadoria. "Sou low profile. Não
gosto de homenagens", disse.
Fonte: Agência Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário