COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE.
MAIS “UMA ‘PATADA”.
Nobres:
A forma de inteligência que o
governo preceitua e repassa ao povo é um acinte a circunspeção de todas as
camadas do brasileiro. Imagine a fragilidade energética do país, num ano de
campanha presidencial e de um grande evento como a Copa do Mundo, expõe duas
tendências que não são exclusivas desse governo, mas se intensificaram nos
últimos meses. Uma delas é justamente a insistência no chamado populismo
tarifário, por meio do qual os governantes tentam camuflar a realidade dos
preços públicos. A outra é a falta de planejamento adequado no setor elétrico.
Esse descaso ainda mantém o país refém de uma energia que depende de chuvas
fartas, como as hidrelétricas, ou excessivamente cara, como as termelétricas,
acionadas normalmente nos momentos de escassez. Em ambos os casos, quem acaba
arcando com o maior ônus é o consumidor final, pois é chamado a pagar a conta.
Sempre que o repasse da tarifa é represado, o impacto final acaba sendo maior
ainda, como deverá ocorrer a partir do próximo ano: além do reajuste habitual,
levando em conta o aumento de custo das distribuidoras, a tarifa passará a
incluir também o rateio dos gastos com a compra de energia mais cara, pois não
foi feito o repasse imediato, como seria normal. Além de influenciar
negativamente o custo de vida muito tempo depois, esse tipo de artifício acaba
prejudicando as receitas de estatais como a Eletrobrás e a Petrobrás, gerando
insegurança para toda atividade econômica. Sem garantia no fornecimento, muitos
investimentos acabam sendo postergados ou mesmo adiados, impondo prejuízos à
produção e à oferta de emprego. No ano passado, quando já deveria estar se preocupando com a adoção de medidas
preventivas para evitar situações como a atual, o governo federal optou pelo
anúncio de um desconto médio de 20% na tarifa. E, até hoje, não há qualquer
preocupação oficial de incentivar um consumo de energia de forma mais
responsável. O país precisa se dar conta logo da necessidade de atuar com
tarifas públicas mais realistas e de se planejar de forma mais adequada em
áreas como o setor elétrico, cujos projetos exigem recursos volumosos e um
longo período de execução. Dentre esse aspecto é apostar no povo como forma
elementar de confiança, que não há motivações para conquistar mais um pleito na
certeza da razão preconizada pelo atual governo.
Antônio Scarcela Jorge.
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