domingo, 6 de abril de 2014

COMENTÁRIO DE JOÃO BATISTA PONTES

 ESCRITOR JOÃO BATISTA PONTES.

DEMOCRACIA E CORRUPÇÃO – INCOMPATIBILIDADE NATURAL

João Batista Pontes

Não se iluda quando lhe disserem que vivemos em um País democrático. Ainda estamos muito distante de uma verdadeira democracia. E sabe por quê? É simples: a democracia não se implanta só por estar prescrita na Constituição. Ela tem que ser construída, conquistada com muito esforço em cada comunidade ou cidade. E mais, como uma flor, ela requer atenção diária: pelo respeito aos nossos direitos, às nossas liberdades e às demandas da sociedade; e pela boa gestão dos recursos públicos. Além do mais, ela também exige que cada um de nós cumpra os seus deveres de cidadão: manter atitudes e posturas que contribuam para a harmonia na convivência social, desde as mais simples ¬- como, por exemplo, respeitar as opiniões dos outros; colaborar para manter a cidade limpa; interessar-se, exigir e preparar-se para participar das decisões de interesse da coletividade etc. E, neste momento, a atitude mais importante é, sem dúvida, a atuação de todos contra a corrupção, contra o desvio dos recursos públicos destinados ao atendimento das necessidades da comunidade para a formação de fortunas particulares. Este é o principal empecilho da democracia e a causa de todos os malefícios que a sociedade enfrenta: das deficiências na prestação de serviços públicos, especialmente na área de saúde pública – que causa a mortalidade infantil e tantos outros óbitos e sofrimentos que afligem os cidadãos; da educação pública deficiente; da poluição ambiental (exemplo: Vale do Rio Curtume); da falta de segurança pública; da má qualidade da água servida à população; e da ausência de políticas públicas voltadas à geração de renda e à produção. Enfim, todas as mazelas sociais têm como fonte primária o desvio e a má gestão dos recursos públicos. Por isto, precisamos mudar a nossa cultura, quase sempre muito complacente com os corruptos. Talvez porque eles em geral sejam pessoas simpáticas e que praticam as formalidades que sabem ser do agrado da maioria: cumprimentos, sorrisos e abraços. Meras práticas demagógicas e hipócritas que visam angariar a nossa simpatia, para que continuemos com os “olhos fechados” e, assim, eles possam continuar desviando para os seus bolsos os recursos que deveriam ser aplicados no atendimento das necessidades essenciais da coletividade.  Na verdade, o maior agrado que um governante/político pode nos fazer é administrar corretamente os recursos e os interesses da coletividade, com honestidade e eficiência. Sem hipocrisias, demagogias, tapinhas nas costas, sorrisos etc. O bom governante pode até mesmo ser bem antipático, desde que seja competente, honesto e sensível às demandas da sociedade. E, como sabemos, o começo da corrupção se dá na compra de votos (captação ilícita de sufrágio), prática infelizmente enraizada na nossa cultura e que precisa ser combatida com vigor e com urgência. Temos que mudar a nossa mentalidade e passar a compreender que um político que se dispõe a chegar ao poder por meio da compra de votos não tem o mínimo respeito pelas pessoas e já dá uma indicação clara de que ele é corrupto. E, se eleito, não terá qualquer compromisso com o bem comum, com os interesses da coletividade. A compra de votos é uma agressão e um crime contra a consciência do cidadão. E torna indigno tanto quem compra como quem vende. Comprar votos é, de fato, um dos mais graves atentados à dignidade da pessoa humana, valor este erigido pela nossa Carta Maior – a Constituição - como fundamento da República (art. 1º, III). Enquanto predominar essa prática como forma de eleição dos governantes não se pode nem ao menos sonhar com democracia, com administrações públicas probas e eficientes. Por isto é que todos nós, pessoas de bem que queremos um futuro melhor para a nossa cidade, devemos nos unir numa verdadeira cruzada contra a prática da compra de votos e contra a corrupção. Vamos juntar as nossas vozes e, em uníssono, gritar bem alto: Chega de corrupção, chega de eleições com compra de votos!!!! Voltarei a falar sobre este assunto... Nem que seja a única voz a clamar!

*João Batista Pontes, novarrussense

escritor - geólogo – sociólogo - matemático – consultor legislativo inativo do Senado Federal - área Orçamento Público.

– bacharelando em direito.

– residente em Brasília DF.


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