GOVERNO DIZ TER ARRECADADO R$ 50,9 BILHÕES COM REPATRIAÇÃO.
Brasileiros
regularizaram R$ 169,9 bilhões em bens mantidos no exterior.
Prazo para
adesão ao programa terminou na segunda-feira (31).
O secretário da
Receita Federal, Jorge Rachid, informou nesta terça-feira (1º) que o governo
arrecadou R$ 50,9 bilhões com o processo de regularização de ativos mantidos
por brasileiros no exterior, chamado de "repatriação". O prazo para
adesão ao programa terminou na segunda-feira (31). Esses R$ 50,9 bilhões foram
arrecadados com a cobrança de impostos e multas sobre R$ 169,9 bilhões em bens
mantidos por contribuintes em outros países. Pelas regras, sobre o valor regularizado
incidiu uma alíquota de 15% de Imposto de Renda e outros 15% de multa.
No total, 25.011
contribuintes pessoas físicas e 103 empresas aderiram ao programa.
A maior parte
dos ativos (R$ 163,87 bilhões) foi declarada pelas pessoas físicas. As
empresas, por sua vez, declararam R$ 6,06 bilhões em ativos no exterior.
“Entendemos que
o programa foi bem-sucedido", disse Rachid.
"É um
programa de adesão voluntária”, completou. A arrecadação ficou acima da
expectativa inicial do Ministério da Fazenda, de R$ 50 bilhões.
LEI DE
REPATRIAÇÃO.
Segundo Rachid,
38 dos 47 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) adotaram programas semelhantes para regularização de ativos no exterior.
“Se compararmos
com outros países, vamos ver que o resultado foi bem-sucedido.
Nos Estados
Unidos, desde 2009 foram arrecadados US$ 8 bilhões. O nosso dá mais de US$ 15
bilhões", acrescentou.
A lei que
permite a regularização foi aprovada pelo Congresso Nacional no fim de 2015 e
estava em vigor desde janeiro.
Apenas os
recursos de origem lícita, ou seja, que estejam vinculados a algum tipo de
atividade econômica, como prestação de serviços, é abrangido por este regime.
Ao regularizar os ativos, o contribuinte não pode mais responder criminalmente
nem penalmente por eventuais irregularidades passadas.
Nova edição.
Questionado
sobre a possibilidade de reabertura, no futuro, do prazo do programa de
regularização de ativos, Rachid disse entender que não há necessidade.
Entretanto, acrescentou que, por se tratar de “matéria de lei”, cabe ao
Congresso Nacional definir esse assunto.
“O contribuinte
teve 210 dias para analisar, conversar com seus advogados tributaristas,
criminalistas, e fazer a avaliação. O programa oferecido, pelo êxito que teve, entendeu
que cumpriu seu papel. O contribuinte que não optou, fez uma avaliação própria.
No caso, a fiscalização da Receita vai agir como qualquer outra situação que
ela age”, afirmou o secretário da Receita.
Rachid avaliou ainda
que, no passado, era “muito fácil esconder dinheiro”, mas que a era do sigilo
bancário “está no fim”.
“O contribuinte
que não aderiu [à repatriação], a possibilidade de ser alcançado pelo Fisco
federal é muito grande ao longo do tempo”, declarou. Ele apontou que, além de
acordos bilaterais com alguns países, o Brasil já aderiu a uma convenção
multilateral com outras 97 nações sobre compartilhamento de informações
fiscais.
A União terá que
dividir parte do valor arrecadado com os estados e com os municípios. Os
estados ficarão com 21,5% da arrecadação do imposto e, os municípios, com
23,5%.
No mês passado,
porém, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), declarou que os estados vão
exigir também uma parte dos recursos arrecadados com cobrança da multa. o
governo, porém, não quer dividir. Segundo Dias, os estados entrarão na Justiça
para receber parte da multa.
O governo chegou
a informar, no mês passado, que se a arrecadação com a repatriação superasse os
R$ 50 bilhões esperados, poderia cogitar repassar mais recursos para estados e
municípios. "Qualquer mudança de critério será para valores eventualmente
arrecadados acima de nossa previsão", informou o Ministério da Fazenda em
outubro.
Recentemente,
porém, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, declarou que a
União repassará somente a parte que os estados têm direito no imposto devido.
"O governo vai cumprir a letra da lei", declarou ela na ocasião.
Vescovi
acrescentou que os recursos do imposto representarão um "alívio" para
os estados e municípios. Os valores devem ser repassados ainda neste mês.
Repatriação e
meta fiscal.
A equipe
econômica contava com a entrada dos recursos da repatriação para fechar suas
contas neste ano.
A meta fiscal é de déficit (despesas superiores à
arrecadação) de R$ 170,5 bilhões.
O Tesouro
Nacional informou recentemente que já havia previsão, na peça orçamentária
deste ano, de recursos do processo de regularização de ativos no exterior - mas
não quis informar quanto exatamente.
Além de ajudar
no cumprimento da meta de déficit fiscal neste ano, os valores também serão
empregados, em parte, para quitar os chamados restos a pagar (dívida de outros
anos) no orçamento, que somam cerca de R$ 180 bilhões.
Regras da
repatriação.
Segundo explicou
a Receita, o regime de repatriação vale para os residentes ou domiciliados no
Brasil em 31 de dezembro de 2014 que tinham (ou ainda têm) ativos, bens ou
direitos em períodos anteriores a essa data no exterior não declarado à Receita,
ainda que, nesse dia, não possuíssem saldo de recursos ou título de propriedade
de bens e direitos.
Na
regulamentação da lei, ficou definido que deputados e senadores que exerciam
mandato a partir de 13 de janeiro deste ano, além de outros detentores de
cargos na administração pública em quaisquer dos três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário), não poderão repatriar recursos do exterior com base
na nova legislação aprovada pelo Congresso Nacional.
A regra também
abrange cônjuges e parentes consangüíneos, e afins, até o segundo grau, ou
filhos adotivos.
Deste modo, os detentores de cargos públicos continuam podendo
ser processados na área penal em relação aos crimes de sonegação, lavagem de
dinheiro, apropriação indébita, entre outros crimes tributários. Os contribuintes
que optarem pela repatrição ficam livres desse risco.
Discussões no
Congresso.
Nas últimas
semanas, um projeto que altera as atuais regras chegou a ser analisado na
Câmara dos Deputados.
No último dia
11, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a pautar o texto no
plenário, mas, por falta de quórum, não foi votado.
Na ocasião,
tanto parlamentares da base de apoio ao governo do presidente Michel Temer
quanto deputados de oposição não garantiram o quórum para a análise.
Fonte: G1 – DF.
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